Um cinema nacional bem visível
É um crescente, não resta dúvidas. O cinema nacional está cada vez mais firme, com bons filmes sendo lançados por mês. Ainda não temos uma indústria forte, basta olhar a quantidade de Lei de Incentivo, patrocínio e parcerias necessárias para colocar um filme nas telas. Mesmo assim, um paradigma parece começar a ser quebrado. As bilheterias crescem a olhos vistos e, pelo menos, um gênero parece se firmar no país: A comédia. Após o sucesso de Se eu Fosse Você (1 e 2) e Divã, chega a vez de A Mulher Invisível. Longa que demorou quatro anos para ser lançado, acabou rotulado de oportunista, pegando carona nos sucessos anteriores. Porém, acaba se mostrando o mais fraco da série.
Pedro é um controlador de tráfego, homem comum, fiel e apaixonado pela esposa. É surpreendido com a notícia de que está sendo abandonado e entra em depressão profunda. Sua vida melhora quando ele conhece Amanda, uma vizinha nova que além de linda, limpa a casa, lava, cozinha, é boa de cama, não é ciumenta e adora futebol. Ou seja, a mulher perfeita. Tão perfeita que não é real.
Não vou aqui entrar no mérito que alguns cinéfilos insistem de que cinema de comédia é bobo, vazio, entretenimento pipoca, etc. É mesmo. Como muitos filmes de Hollywood, é um produto despretensioso, que visa o entretenimento puro e as bilheterias. Repito o que disse na crítica de Se eu Fosse Você 2, que bom que o Brasil já está fazendo esse tipo de filme bem. Acho também, que temos bons filmes em outros gêneros e que temos que continuar investindo neles. Porém, se é para analisar esse, temos que vê-lo como ele é e não exigir algo que ele não pode dar.
É um filme engraçado, sem dúvidas, com um bom elenco, situações inusitadas e piadas com ritmo. Porém, há um problema no roteiro que acaba deixando este aquém no gênero a que se propõe. É inteligente a forma como ele amarra a história dos dois vizinhos, entrelaçando os personagens principais e nos levando a resoluções previsíveis, mas não menos interessantes. O problema é a economia narrativa. Economia aqui no sentido de distribuição das viradas no roteiro, que ficam excessivas, tornando o filme cansativo do meio para o final. Além de apelar em alguns momentos, como Amanda torcendo para o "clássico" da terceirona: Luziânia x Sobradinho.
O personagem de Selton Mello acaba sendo pouco desenvolvido, ficando raso, estereotipado, apesar da boa interpretação do ator. Em compensação, Vladimir Brichta consegue ser mais do que uma orelha do protagonista, ganhando força no final. Maria Manoella está ótima no papel da vizinha apaixonada, bisbilhoteira, assim como Fernanda Torres como a irmã com tiradas engraçadas. Luana Piovani é a grande surpresa, em um papel tão delicado que podia cair no vulgar, ela encontra o tom da interpretação que dosa o sensual com a comédia, saindo-se muito bem.
Segunda comédia de Cláudio Torres, o filme é bem dirigido, com cortes de cameras rápidos, com boa movimentação e um jogo interessante na hora de mostrar a cena com e sem Amanda. E não há aqui uma insistência dos vícios televisivos, nem mesmo na trilha sonora, o que é um avanço considerável nesse tipo de filme brasileiro. Como já disse, vale como entretenimento. Que o cinema nacional consiga encher cada vez mais as salas de cinema.
Resumo do filme, as melhores cenas estão aqui, então... Melhor não ver se quer se surpreender.
Cena cortada, realmente, desnecessária ao filme.
Pedro é um controlador de tráfego, homem comum, fiel e apaixonado pela esposa. É surpreendido com a notícia de que está sendo abandonado e entra em depressão profunda. Sua vida melhora quando ele conhece Amanda, uma vizinha nova que além de linda, limpa a casa, lava, cozinha, é boa de cama, não é ciumenta e adora futebol. Ou seja, a mulher perfeita. Tão perfeita que não é real.
Não vou aqui entrar no mérito que alguns cinéfilos insistem de que cinema de comédia é bobo, vazio, entretenimento pipoca, etc. É mesmo. Como muitos filmes de Hollywood, é um produto despretensioso, que visa o entretenimento puro e as bilheterias. Repito o que disse na crítica de Se eu Fosse Você 2, que bom que o Brasil já está fazendo esse tipo de filme bem. Acho também, que temos bons filmes em outros gêneros e que temos que continuar investindo neles. Porém, se é para analisar esse, temos que vê-lo como ele é e não exigir algo que ele não pode dar.
É um filme engraçado, sem dúvidas, com um bom elenco, situações inusitadas e piadas com ritmo. Porém, há um problema no roteiro que acaba deixando este aquém no gênero a que se propõe. É inteligente a forma como ele amarra a história dos dois vizinhos, entrelaçando os personagens principais e nos levando a resoluções previsíveis, mas não menos interessantes. O problema é a economia narrativa. Economia aqui no sentido de distribuição das viradas no roteiro, que ficam excessivas, tornando o filme cansativo do meio para o final. Além de apelar em alguns momentos, como Amanda torcendo para o "clássico" da terceirona: Luziânia x Sobradinho.
O personagem de Selton Mello acaba sendo pouco desenvolvido, ficando raso, estereotipado, apesar da boa interpretação do ator. Em compensação, Vladimir Brichta consegue ser mais do que uma orelha do protagonista, ganhando força no final. Maria Manoella está ótima no papel da vizinha apaixonada, bisbilhoteira, assim como Fernanda Torres como a irmã com tiradas engraçadas. Luana Piovani é a grande surpresa, em um papel tão delicado que podia cair no vulgar, ela encontra o tom da interpretação que dosa o sensual com a comédia, saindo-se muito bem.
Segunda comédia de Cláudio Torres, o filme é bem dirigido, com cortes de cameras rápidos, com boa movimentação e um jogo interessante na hora de mostrar a cena com e sem Amanda. E não há aqui uma insistência dos vícios televisivos, nem mesmo na trilha sonora, o que é um avanço considerável nesse tipo de filme brasileiro. Como já disse, vale como entretenimento. Que o cinema nacional consiga encher cada vez mais as salas de cinema.
Resumo do filme, as melhores cenas estão aqui, então... Melhor não ver se quer se surpreender.
Cena cortada, realmente, desnecessária ao filme.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um cinema nacional bem visível
2009-06-08T11:13:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|comedia|critica|Globo Filmes|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
Tem uma propaganda em que a Dove demonstra como o padrão de beleza feminino é construído pelo mercado publicitário . Uma jovem com um rost...
-
Muitos filmes eróticos já foram realizados. Fantasias sexuais, jogo entre dominação e dominado, assédios ou simplesmente a descoberta do pr...
-
Brazil , dirigido por Terry Gilliam em 1985, é uma obra que supera todos os rótulos que a enquadrariam como apenas uma distopia . Seu mundo...
-
O desejo de todo ser humano é ser amado e se sentir pertencente a algo. Em um mundo heteronormativo, ser homossexual é um desafio a esse des...
-
Em determinada cena no início da obra, Maria Callas está em pé na cozinha, cantando enquanto sua governanta faz um omelete para o café da m...
-
O dia de hoje marca 133 anos do nascimento de John Ronald Reuel Tolkien e resolvi fazer uma pequena homenagem, me debruçando sobre sua vid...
-
Encarar o seu primeiro longa-metragem não é fácil, ainda mais quando esse projeto carrega tamanha carga emocional de uma obra sobre sua mãe....
-
Agora Seremos Felizes (1944), ou Meet Me in St. Louis , de Vincente Minnelli , é um dos marcos do cinema americano da década de 1940 e exe...
-
Poucas obras na literatura evocam sentimentos tão contraditórios quanto O Morro dos Ventos Uivantes , o clássico gótico de Emily Brontë . A...