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Anselmo Duarte, uma última homenagem
Anselmo Duarte, uma última homenagem
Como todos já devem saber, faleceu, nesse fim de semana, Anselmo Duarte. Nascido na cidade de Salto, interior de São Paulo, em 21 de abril de 1920, começou ainda criança molhando telas de cinema mudo. Foi galã de diversos filmes da Vera Cruz e da Atlântida, como Tico-Tico no Fubá, onde fez par romântico com Tônia Carrero, e Aviso aos Navegantes. Trabalhou como roteirista em diversos longas e digiriu alguns de certo destaque como "Vereda de Salvação" (1964) que concorreu ao Urso de Ouro em Berlim, além de longas como "Absolutamente Certo" (1957), "Um Certo Capitão Rodrigo" (1971) e "O Crime do Zé Bigorna" (1977).
Seu maior feito, no entanto, foi mesmo a conquista da Palma de Ouro em Cannes (1962) com O Pagador de Promessas. O filme concorria com ícones do cinema, como O Anjo Exterminador de Luis Buñuel, O Eclipse de Michelangelo Antonioni, Le Proces de Jeanne DArc, além de Electra de Michael Cacoyannis, seu mais forte concorrente segundo anúncios da época.
Ao contrário do que deveria, no entanto, a conquista parece ter mexido com os brios dos cineastas brasileiros que preferiram desdenhar a comemorar o feito. O estilo clássico do paulista, com sua forma narrativa direta, era criticada pelos jovens em busca de inovações. Sua situação piorou quando não quis aderir ao movimento do Cinema Novo. A inveja e a cobiça quase acabaram com a carreira desse grande homem, mas ele continou firme naquilo que acreditava, fazendo os filmes que ele queria fazer.
O Pagador de Promessas, baseado na peça de Dias Gomes, conta a história de Zé do Burro e sua saga para pagar a promessa que fez a Santa Bárbara pela vida de seu burro de estimação. Com cunho altamente político, em prol dos menos favorecidos, mostrando a intolerância da igreja e a esperteza da imprensa que se aproveita do fato, o filme fez sucesso e continua atual. Não tem uma linguagem inovadora, nem as alegorias tão comuns em filmes de Gláuber Rocha, por exemplo, mas nem por isso é um filme menor. No elenco nomes como Leonardo Villar, Glória Menezes, Othon Bastos e Geraldo Del Rey ajudam a contar a comovente história. Talvez a honestidade com que o cineasta fez o filme, querendo passar a sua mensagem o tenha tornado universal. Zé do Burro é uma espécie de novo Cristo e Anselmo Duarte parece ter sido crucificado junto com ele. Uma pena, porque talento ele mostrou ter de sobra. O Pagador de Promessas é um clássico, um marco que merece ser lembrado e relembrado sempre. Esta é a melhor homenagem que podemos fazer a esse grande cineasta.
Seu maior feito, no entanto, foi mesmo a conquista da Palma de Ouro em Cannes (1962) com O Pagador de Promessas. O filme concorria com ícones do cinema, como O Anjo Exterminador de Luis Buñuel, O Eclipse de Michelangelo Antonioni, Le Proces de Jeanne DArc, além de Electra de Michael Cacoyannis, seu mais forte concorrente segundo anúncios da época.
Ao contrário do que deveria, no entanto, a conquista parece ter mexido com os brios dos cineastas brasileiros que preferiram desdenhar a comemorar o feito. O estilo clássico do paulista, com sua forma narrativa direta, era criticada pelos jovens em busca de inovações. Sua situação piorou quando não quis aderir ao movimento do Cinema Novo. A inveja e a cobiça quase acabaram com a carreira desse grande homem, mas ele continou firme naquilo que acreditava, fazendo os filmes que ele queria fazer.
O Pagador de Promessas, baseado na peça de Dias Gomes, conta a história de Zé do Burro e sua saga para pagar a promessa que fez a Santa Bárbara pela vida de seu burro de estimação. Com cunho altamente político, em prol dos menos favorecidos, mostrando a intolerância da igreja e a esperteza da imprensa que se aproveita do fato, o filme fez sucesso e continua atual. Não tem uma linguagem inovadora, nem as alegorias tão comuns em filmes de Gláuber Rocha, por exemplo, mas nem por isso é um filme menor. No elenco nomes como Leonardo Villar, Glória Menezes, Othon Bastos e Geraldo Del Rey ajudam a contar a comovente história. Talvez a honestidade com que o cineasta fez o filme, querendo passar a sua mensagem o tenha tornado universal. Zé do Burro é uma espécie de novo Cristo e Anselmo Duarte parece ter sido crucificado junto com ele. Uma pena, porque talento ele mostrou ter de sobra. O Pagador de Promessas é um clássico, um marco que merece ser lembrado e relembrado sempre. Esta é a melhor homenagem que podemos fazer a esse grande cineasta.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Anselmo Duarte, uma última homenagem
2009-11-09T08:20:00-03:00
Amanda Aouad
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