Adeus, Lenin
O mundo ontem comemorou 20 anos da queda do muro de Berlim. Em um mundo globalizado, com União Européia cada vez mais forte, é até difícil lembrar que há tão pouco tempo, um país era separado por um muro que simbolizava a divisão entre comunistas e capitalistas da Guerra Fria. A queda do muro é considerada símbolo da liberdade, de um mundo melhor, o que chega a ser contraditório, já que a ideologia comunista era exatamente trazer o bem estar a todos. Os sonhos de uma geração caíram naquele dia, o sonho de um mundo igualitário, justo e mais humano. É disso que fala muito bem o filme dirigido e roteirizado por Wolfganger Becker, com a ajuda de Bernd Lichtenberg.
Em 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim, a Sra. Kerner, uma comunista convicta, passa mal, entra em coma e fica desacordada durante os dias que marcaram o triunfo do regime capitalista na Alemanha (ou seja, a queda do muro). Ao voltar do coma, em meados de 1990, sua cidade, ex-Berlim Oriental, está sensivelmente modificada. Com medo que as mudanças causem algum trauma e piore a situação, seu filho Alexander, decide esconder os acontecimentos, tendo que se virar para construir programa de televisão falso, esconder painéis de Coca-Cola e trocar o rótulo dos alimentos e produtos utilizados. E o mais interessante é que tudo é construído com leveza e até mesmo com humor. Não é sofrido, mas nos comovemos com aquela história.
Esconder o capitalismo em uma cidade sedenta por ele, é uma verdadeira saga para Alexander. Até porque as mudanças ocorrem rápido demais. Parece que o povo alemão oriental estava esperando na beira do muro que ele caísse. A invasão do consumo é como uma onda que atinge a todos e dá a sensação de que todos "merecem" a sociedade atual. A história é contada pelos vencedores e o que vemos na mídia e livros escolares é um socialismo caótico, ditador e vilão, porém, tudo tem seu outro lado. O roteiro é sensível e inteligente ao constratar as duas visões da queda: os que se sentiam presos pelo regime e os que acreditavam com toda força em seus ideais. A simbologia maior está na Sra. Kerner e em seu sonho utópico de uma sociedade melhor. Isso torna a luta de seu filho tão comovente e interessante. Ficamos torcendo para que ele consiga manter aquele mundo harmônico para sua mãe doente. Um drama humano que emociona e nos faz refletir.
Em 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim, a Sra. Kerner, uma comunista convicta, passa mal, entra em coma e fica desacordada durante os dias que marcaram o triunfo do regime capitalista na Alemanha (ou seja, a queda do muro). Ao voltar do coma, em meados de 1990, sua cidade, ex-Berlim Oriental, está sensivelmente modificada. Com medo que as mudanças causem algum trauma e piore a situação, seu filho Alexander, decide esconder os acontecimentos, tendo que se virar para construir programa de televisão falso, esconder painéis de Coca-Cola e trocar o rótulo dos alimentos e produtos utilizados. E o mais interessante é que tudo é construído com leveza e até mesmo com humor. Não é sofrido, mas nos comovemos com aquela história.
Esconder o capitalismo em uma cidade sedenta por ele, é uma verdadeira saga para Alexander. Até porque as mudanças ocorrem rápido demais. Parece que o povo alemão oriental estava esperando na beira do muro que ele caísse. A invasão do consumo é como uma onda que atinge a todos e dá a sensação de que todos "merecem" a sociedade atual. A história é contada pelos vencedores e o que vemos na mídia e livros escolares é um socialismo caótico, ditador e vilão, porém, tudo tem seu outro lado. O roteiro é sensível e inteligente ao constratar as duas visões da queda: os que se sentiam presos pelo regime e os que acreditavam com toda força em seus ideais. A simbologia maior está na Sra. Kerner e em seu sonho utópico de uma sociedade melhor. Isso torna a luta de seu filho tão comovente e interessante. Ficamos torcendo para que ele consiga manter aquele mundo harmônico para sua mãe doente. Um drama humano que emociona e nos faz refletir.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Adeus, Lenin
2009-11-10T11:23:00-03:00
Amanda Aouad
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