Dúvida
A dúvida é um sentimento angustiante e John Patrick Shanley trata do assunto de uma forma esplêndida nesse longa. Tudo é implantado de uma forma bem pensada, a começar pelo sermão em uma missa e terminando com o último diálogo entre Meryl Streep e Amy Adams. Aliás, a forma como a personagem de Streep é revelada é um show a parte. Com o sermão sendo proferido, vemos apenas uma freira de costas observando a platéia. Ela se levanta, dá um tapa em um garoto que está conversando e se dirige a outro que dorme. Só então, a câmera gira e vemos seu rosto. O suspense já conduz ao medo e obediência que aquela senhora inspira em todo o colégio desde a primeira cena.
A Irmã Aloysius Beauvier é o que podemos chamar de mão-de-ferro. Basta a sua presença para que todos se ajeitem e obedeçam cegamente. Paralelos interessantes são feitos como a refeição dos padres, conversando e rindo, em contraposição com as freiras que comem em silêncio quase mortal. Em outros momentos, ela ensina a novata Irmã James a colocar o quadro de um papa na parede, assim ela pode ver os alunos pelo reflexo enquanto escreve na lousa. "Se os alunos pensarem que você tem olhos nas costas, têm mais medo e respeito".
Tudo piora quando a escola recebe o primeiro aluno negro e este é "adotado" pelo simpático padre Brendan Flynn. Bastam alguns pequenos acontecimentos para Irmã Aloysius acreditar que a conduta do padre não é bem intencionada e começar uma caça para desmascará-lo e tirá-lo daquela paróquia. A dúvida está instalada e o jogo psicológico é forte a ponto de, em uma única sequência de 12 minutos, Viola Davis, que interpreta a mãe do garoto, conseguir emocionar a todos chegando a uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.
O clima tenso e sombrio é reforçado pela fotografia sempre lavada e escura, além da câmera instigante que parece procurar as respostas em imagens escondidas. Meryl Streep, como sempre, está fantástica. Sua imagem chega a causar medo, contrastando com a de Amy Adams, que traz uma ingenuidade a sua Irmã James. Já Philip Seymour Hoffman consegue reforçar em sua interpretação a dúvida do filme, já que por vezes achamos o padre Flynn um bom homem e por outras um cínico. Tudo isso faz de Dúvida um excelente filme que merece todo o destaque.
A Irmã Aloysius Beauvier é o que podemos chamar de mão-de-ferro. Basta a sua presença para que todos se ajeitem e obedeçam cegamente. Paralelos interessantes são feitos como a refeição dos padres, conversando e rindo, em contraposição com as freiras que comem em silêncio quase mortal. Em outros momentos, ela ensina a novata Irmã James a colocar o quadro de um papa na parede, assim ela pode ver os alunos pelo reflexo enquanto escreve na lousa. "Se os alunos pensarem que você tem olhos nas costas, têm mais medo e respeito".
Tudo piora quando a escola recebe o primeiro aluno negro e este é "adotado" pelo simpático padre Brendan Flynn. Bastam alguns pequenos acontecimentos para Irmã Aloysius acreditar que a conduta do padre não é bem intencionada e começar uma caça para desmascará-lo e tirá-lo daquela paróquia. A dúvida está instalada e o jogo psicológico é forte a ponto de, em uma única sequência de 12 minutos, Viola Davis, que interpreta a mãe do garoto, conseguir emocionar a todos chegando a uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.
O clima tenso e sombrio é reforçado pela fotografia sempre lavada e escura, além da câmera instigante que parece procurar as respostas em imagens escondidas. Meryl Streep, como sempre, está fantástica. Sua imagem chega a causar medo, contrastando com a de Amy Adams, que traz uma ingenuidade a sua Irmã James. Já Philip Seymour Hoffman consegue reforçar em sua interpretação a dúvida do filme, já que por vezes achamos o padre Flynn um bom homem e por outras um cínico. Tudo isso faz de Dúvida um excelente filme que merece todo o destaque.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Dúvida
2010-02-03T08:45:00-03:00
Amanda Aouad
Amy Adams|critica|drama|John Patrick Shanley|Meryl Streep|Philip Seymour Hoffman|
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