O Fantástico Sr. Raposo é baseado na fábula Raposas e Fazendeiros, de Roald Dahl, mas em uma versão bem surreal que inclui na trilha sonora músicas de Rolling Stones a Beach Boys. A atmosfera é excêntrica com um tom bem artesanal que, por vezes, parece artificial. Ainda assim, é bem construído, explorando planos e ângulos que só o formato permite. O Sr. Raposo é um ladrão de galinhas, mas tão astuto e admirado por seu povo que não tem como não torcer por ele. No fundo, apesar de toda aquela pose, casa, emprego (ele escreve uma coluna de jornal) e uma vida civilizada, sua essência animal urge pela aventura e ele não resiste a mais uma missão. Acontece que irritar os fazendeiros Boque, Bunco e Bino pode não ser uma boa opção.
O grande mote do filme é ir de encontro a sua própria natureza, sem conformismos ou rotina, além de falar em relações humanas, principalmente de pai e filho. É engraçado a tendência que temos de personificar os animais à nossa semelhança. Mas, não deixa de ser uma boa metáfora. O Sr. Raposo diverte e faz pensar, agradando muito mais aos adultos do que às crianças em si, apesar de algumas cenas pastelão e sequências rápidas que tanto atraem o público. Há algo mais naquela família, naquela história, que uma criança provavelmente deixará passar despercebida.

Após conferir os cinco indicados a melhor animação do Oscar, fico feliz em perceber que temos tão boas produções na categoria, com características diferentes e peculiares, incluindo diversos público-alvos. Vale a pena comparar todos os estilos. Em Salvador, você ainda pode conferir o longa Sr. Raposo no Circuito Sala de Arte.

