Na verdade, os grandes méritos de Amélia estão na figura interessante de sua personagem-título, nessa curva dramática do meio para o fim do filme que nos deixa tensos e na caracterização de Hilary Swank que, além de ser uma excelente atriz, está muito parecida com a figura da aviadora real. No mais, a cinebiografia é apenas morna, com muito diálogo ruim e uma primeira parte bastante monótona. O roteiro de Ron Bass e Anna Hamilton Phelan utiliza a grande tentativa de dar a volta ao mundo como pano de fundo de toda a história, começamos com Amélia e Fred decolando, a viagem vai costurando a linha temporal desde que Amélia viu um avião pela primeira vez até chegar ao momento-chave. Mas parece que falta algo para o interesse ser completo.
Amélia Earhart foi uma mulher a frente de sua época, lenda da aviação americana queria desbravar seus caminhos e não via barreiras impossíveis. É nessa figura que Mira Nair está interessada e foca toda a sua construção fílmica. É interessante vê-la rompendo barreiras e quebrando preconceitos. Exatamente uma mulher tão livre e inovadora, merecia que sua história fosse contada com um pouco mais de ousadia e não os velhos clichês de flash back e voz over, e principalmente diálogos com frases de efeito. Richard Gere como seu empresário e marido, George Putnam, continua sendo o mesmo ator de sempre, pose de galã com seu sorriso cativante, nada mais. E sua química com Swank não é das melhores, o romance só esquenta um pouco com a chegada de Ewan McGregor para fechar o triângulo. Agora esse é o menor dos problemas já que Mira Nair está interessada no mito e não na mulher. E como divulgação do mito, o filme é bastante eficaz. Ficamos curiosos e encantados com a coragem e determinação daquela mulher. "Amélia, nos te amamos", gritavam os americanos. Essa sim, era uma mulher de verdade.



