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Não me venha falar da malícia de toda mulher
Não me venha falar da malícia de toda mulher
Há filmes que não envelhecem, aliás, a verdadeira arte não tem idade, pode ser apreciada por várias gerações com o mesmo frescor do lançamento. É assim com o filme Tootsie, comédia dirigida por Sydney Pollack em 1982. O filme teve nove indicações ao Oscar, mas só venceu melhor atriz coadjuvante para Jessica Lange, o que é quase uma maldade com Dustin Hoffman, o nome do filme. O prêmio ficou mesmo para Ben Kingsley por Gandhi.
Revendo essa semana na Universal, senti a mesma alegria de quando criança nas eternas Sessões da Tarde. A jornada de Michael Dorsey se passando por Dorothy Michaels para conseguir um papel em uma telenovela americana é hilária. A construção do roteiro é gostosa de acompanhar, começando com o desespero de Michael por não conseguir emprego, passando pela oportunidade do papel para uma atriz, a idéia maluca de se disfarçar, o sucesso absoluto não apenas da personagem, mas da falsa atriz que aparece em vários noticiários e revistas, a paixão pela colega Julie Nichols, o pai da moça até o desfecho memorável. A cena da escada é uma das mais engraçadas de todas.
Tootsie é daqueles filmes sem compromisso que consegue se tornar um clássico. Principalmente por seu ator protagonista, que se entrega de uma forma fantástica ao desafio de se fingir mulher. Tá, ele fica parecendo uma tia velha, mas tem muitos momentos onde o narcisismo fala alto e ele tenta colocá-la o mais sensual possível. A cena da boate mesmo é muito interessante. Destaque também para a pequena participação de Bill Murray, como melhor amigo de Michael, e à cena em que ele entra em casa e flagra o personagem de George Gaynes tentando agarrar o amigo. Além de ser o primeiro longa da atriz Geena Davis.
As cenas de estúdio, onde a telenovela é gravada, são bem dinâmicas, com situações das mais inusitadas, principalmente pela improvisação de Dorothy, sempre em guerra com o diretor ganalha. Engraçado que, como mulher, Michael acaba se tornando um homem melhor. Ele mesmo fala em uma cena que o diretor não é pior do que ele era. A convivência com os problemas do sexo oposto, sentir na pele o preconceito, o assédio, os medos e o poder de soltar as amarras que as prendem, o fazem ver o outro como um ser que merece consideração. É bem interessante a forma como o filme vai mostrando a modificação do personagem.
Revendo essa semana na Universal, senti a mesma alegria de quando criança nas eternas Sessões da Tarde. A jornada de Michael Dorsey se passando por Dorothy Michaels para conseguir um papel em uma telenovela americana é hilária. A construção do roteiro é gostosa de acompanhar, começando com o desespero de Michael por não conseguir emprego, passando pela oportunidade do papel para uma atriz, a idéia maluca de se disfarçar, o sucesso absoluto não apenas da personagem, mas da falsa atriz que aparece em vários noticiários e revistas, a paixão pela colega Julie Nichols, o pai da moça até o desfecho memorável. A cena da escada é uma das mais engraçadas de todas.
Tootsie é daqueles filmes sem compromisso que consegue se tornar um clássico. Principalmente por seu ator protagonista, que se entrega de uma forma fantástica ao desafio de se fingir mulher. Tá, ele fica parecendo uma tia velha, mas tem muitos momentos onde o narcisismo fala alto e ele tenta colocá-la o mais sensual possível. A cena da boate mesmo é muito interessante. Destaque também para a pequena participação de Bill Murray, como melhor amigo de Michael, e à cena em que ele entra em casa e flagra o personagem de George Gaynes tentando agarrar o amigo. Além de ser o primeiro longa da atriz Geena Davis.
As cenas de estúdio, onde a telenovela é gravada, são bem dinâmicas, com situações das mais inusitadas, principalmente pela improvisação de Dorothy, sempre em guerra com o diretor ganalha. Engraçado que, como mulher, Michael acaba se tornando um homem melhor. Ele mesmo fala em uma cena que o diretor não é pior do que ele era. A convivência com os problemas do sexo oposto, sentir na pele o preconceito, o assédio, os medos e o poder de soltar as amarras que as prendem, o fazem ver o outro como um ser que merece consideração. É bem interessante a forma como o filme vai mostrando a modificação do personagem.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Não me venha falar da malícia de toda mulher
2010-05-25T13:46:00-03:00
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