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Grandes Cenas: Perfume de Mulher

Al Pacino e Gabrielle AnwarPor mais que eu tente, sempre acabo preferindo cenas musicais para esta sessão do blog. A música é mesmo um motor importante da obra cinematográfica e parece que fica em nossa memória por mais tempo, sendo capaz de nos fazer viajar no tempo e espaço. Ao lembrar do filme Perfume de Mulher, duas cenas vem à minha mente: o discurso final de Al Pacino e esta cena escolhida. O discurso é belo, mas a força está nas palavras e não deixa de ser um spoiler enorme. Esta cena é mais emblemática e gostosa de rever sempre.

Para quem não conhece a história, o tenente-coronel Frank Slade, vivido de forma magistral por Al Pacino, quer viver intensamente um último fim-de-semana em Nova York antes de se matar. Cego, o militar tão ranzinza não vê mais sentido na vida e contrata um jovem, vivido por Chris O'Donnell, para lhe acompanhar nessa jornada. Por sua deficiência visual, o personagem distingue o aroma feminino com grande precisão, o que dá o nome ao filme. Nesta cena escolhida, os dois estão em um restaurante, quando Pacino percebe a presença de uma bela mulher. Ao se aproximar e conversar um pouco, resolve chamá-la para dançar. A aula de tango, interpretação e cinema que se segue é mesmo inesquecível.

Perfume de MulherOs movimentos de câmera não são muitos, apenas um acerto ou outro em busca do casal. Os planos geral e médio, com plano e contra-plano se alternam para passar toda a evolução da dança e o ambiente. Cortando por vezes para Chris O'Donnell, sorrindo encantado. Mas, apesar de no tango o principal ser os pés, eles são focados apenas uma vez. O importante nessa cena específica é o close no rosto do personagem. A interpretação de Al Pacino conseguindo passar o olhar perdido de um deficiente visual, mas ao mesmo tempo repleto de emoção e carga dramática é esplêndido.

A música escolhida é um detalhe à parte. "Por una cabeza" de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera fala de um apostador de cavalos que compara seu vício com a paixão por mulheres e o fato de estar entregue a ambos. O militar viciado em ordem que cai nos braços daquela bela dama e a conduz pelo salão pode ser uma boa metáfora. A música caiu em domínio público após os cinquenta anos de morte dos autores, por isso é usada com tanta frequência atualmente.

Viajamos ao som da música, com a diversão dos dois, os passos bem feitos ou improvisados. A brincadeira é ousar e ir além na evolução da música. Todo o significado que aquela cena carrega consigo. Tudo passado em dois minutos e meio. É a mágica que só a música e o cinema são capazes de fazer. E por isso é tão marcante e bela. Vale a pena rever, sempre.

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