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Pixcodelics e entrevista exclusiva

PixcodelicsFeita em 65 episódios, Pixcodelics (2004-2006) é a primeira série brasileira de animação distribuída mundialmente através de canal fechado. De autoria do baiano Marco Alemar e Caio Andrade, conta a história de Dr. Ping que, em um futuro distante, insatisfeito com a paz mundial, descobre que a internet possibilitou a educação universal e o acesso à informação para todos. Assim, ele decide voltar no tempo e dominar a internet. Dotcom percebe a intenção de Dr. Ping e recruta parceiros, no passado, que vão combater Dr. Ping e seus planos. Oito episódios dessa série foram exibidos no Animaí! 2010, na Sala Alexandre Robatto, nos dias 13 e 14 de agosto (sexta e sábado), às 18 horas, com entrada gratuita. O CinePipocaCult conversou com Marco Alemar sobre a série, o evento e o mercado brasileiro de animação.

Como surgiu a ideia de Pixcodelics? De utilizar a internet como argumento e personagens a partir de emoticons?
Já tem muito tempo que eu criei Pixcodelics, então, não sei dizer como surgiu a idéia original, tem mais de dez anos. Mas quando eu comecei a pensar a sério no projeto, foi quando enxerguei a possibilidade de produzí-lo, porque surgiu um grupo de investidores interessado na ideia e no meu potencial. Eu já discutia com Caio Andrade, outro criador do Pixcodelics, as ideias e veio o nome. Eu criei esse nome porque achava que devia ser algo diferente e que a gente iria usar a coisa da internet.

Quando começou esse processo, então?
Os primeiros esboços surgiram em 2000, quando eu fui para São Paulo e em 2003 a gente decidiu levar adiante o projeto de Pixcodelics, foi aí que criamos uma equipe para série, veio o roteirista Tetel (Queiroz) e dois estagiários que depois viraram ótimos profissionais.

Então, primeiro veio a questão de como comercializar, como produzir?
Foi, a gente tinha a idéia inicial, mas eu sabia que não podia ficar ali. Era para entrar no processo de produção mesmo.

PixcodelicsA idéia de um vilão querendo dominar o mundo já virou argumento universal, mas vocês adaptaram isso para a internet?
Sim, é totalmente lugar comum. Mas a ideia da internet era forte, o grupo que investiu no Pixcodelics vinha de internet. Então a gente queria somar isso, era a intenção. E na verdade, acho que estava bem a frente do tempo. Porque naquela época, internet ainda não era o que é hoje, não tinha essas redes sociais todas. Então, era um tema importante em uma hora importante. O design era diferente, era brasileiro, mas era mundial.

E pensando na história, você acha que o mundo virtual virou mais desejado que o real?
É, totalmente, e o Dr. Ping vinha do futuro e percebia que a internet era a responsável por aquele mundo perfeito que ele não queria. Era um visão bem otimista da internet, né? (risos) Mas, a idéia dele era essa, dominar a internet para mudar esse mundo justo.

Como é ser o primeiro desenho brasileiro comprado por uma rede internacional? Como foi a negociação com o Cartoon Network?
Bom, quando a gente fez, levou para uma feira na França, participou do pitching e o Cartoon viu, gostou e comprou. Eles são muito abertos para produtos brasileiros.

Foram 65 episódios, vocês tinham intenção de uma segunda temporada? Por que acabou?
Eu acho que o acordo não terminou. Estou aberto, assim como Caio. Mas, o mercado é muito difícil, tem muita coisa envolvida. Agora, se a comunidade Cosmopax continuar crescendo, é bem capaz de voltar.

PixcodelicsAgora existe o site, o Cosmopax, o que permanece do universo original?
Na verdade, quando a gente desfez o negócio, ficou solto, mas o Cosmopax fazia parte do projeto original, foi criado por mim e por Adriano Carvalho, programador e era para ser um apoio ao universo do Pixcodelics.Quem toca esse negócio hoje é Caio Andrade e só faz crescer. Recebo e-mails de várias crianças hoje em dia.

Como você definiria o vilão Dr Ping?
Um chinês mau de verdade, tanto que a barba dele era pra ser o 666, mas tivemos que mudar. Então, ele é o vilão mesmo, só que é engraçado e o gato deixa ele mais bobo ainda. 

E as crianças Pix, Nerd, Hack e Mary Chat, a personalidade delas é inspirada em crianças reais?
Não, a gente pegou coisas bem arquetípicas mesmo, seguindo o modelo do gênero de aventura. Pensando mesmo no mercado internacional.

E como você vê essa participação no Animaí?
Foi legal, mas foi meio estranho, porque é uma coisa que já passou, já virei a página, mas fiquei feliz, porque agora que as pessoas vêm falar. Já vi gente ganhando prêmio de primeira animação feita no Brasil e Pixcodelics veio antes. Agora é que estão reconhecendo.

PixcodelicsComo você vê o mercado de animação no Brasil?
Tem uma situação histórica no país que não deu espaço para a animação crescer, durante 40, 50 anos. Mas, aí, quando esse mercado começa a se abrir, sem ditadura, com grandes investidores interessados, as mídias estão mudando. A televisão não é mais o veículo principal. Minha opinião é que tem mesmo é que colocar na internet, porque é um mercado muito mais forte de se pensar, porque as TVs não compram. Não porque é ruim, mas porque a gente não tem estrutura para produzir com os preços das grandes indústrias. A gente ainda depende de leis de incentivo.

Festivais como o Animaí tem a função de abrir espaços para animação local e discutir as tendências, mas você acha que supre a necessidade do produtor desse formato? Quais outras formas poderiam existir?
Acho que tem que fazer cada vez melhor esses eventos. Mas, acho mesmo que a internet é a grande porta. Tem que fazer e colocar no ar para as pessoas verem.

E cinema? Você tem projetos para longametragens?
Eu já fiz mini-longas, com 70 minutos. Gostaria de fazer algo com mais cuidado, mas aí precisaria de verba e tempo.

O Pixcodelics não funcionaria como um longa?
Sim, tenho outras idéias novas e estudos para ele. Gostaria muito de fazer.

Quais seus projetos futuros?
Juro que não sei. Acabei de fazer uma minissérie na Índia e a gente quer fazer mais. Vou ficar um tempo aqui na Bahia e quero fazer algo. Acho que tem tudo para fazer animação aqui.  Descobri que tendo um produto bom, a gente consegue vender.

E, para terminar, o que você está assistindo atualmente e gostaria de indicar?
Ah, eu estou vendo atualmente com minha filha a série Glee, acho interessante, porque é uma espécie de musical, diferente. É o que indicaria, atualmente.


Mudando de assunto, apenas lembrando: 

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