Herbert de Perto
Eu adoro cinema, claro. Adoro música também. Sou da geração do rock dos anos 80, logo também sou fã de Paralamas do Sucesso. Mas daí a misturar tudo e achar Herbert de Perto um bom filme tem muita diferença. Na verdade, nem sei porque demorei tanto para conferir esse documentário, mas ao contrário de outros bons docs musicais que surgiram no país, esse não fez muito sentido. A sensação que se tem ao terminar de assistir é a de que Roberto Berliner queria criar um mito e apelou para a conhecida força de superação do brasileiro. O apelo para o acidente, suas consequências e a recuperação de Herbert Vianna beiram o sensacionalismo. Apesar do acidente ocupar quase metade do doc, em nenhum momento somos informados do que de fato aconteceu ali, por exemplo.
A fórmula é a mais básica possível, depoimentos, imagens caseiras de bastidores e cenas de shows marcantes, tudo misturado por uma linguagem bem próxima do video clipe. Assim como em A pessoa é para o que nasce, o diretor abusa das inserções de imagens e efeitos, o que torna a edição dinâmica. Mas, tudo soa um pouco vazio. Parece uma grande reportagem televisiva, a exemplo de um Globo Repórter Especial. Falta algo concreto, novo, para se tornar um documentário relevante.
Ainda assim, é divertido. O diretor, junto com Pedro Bronz, que também assina a direção e a roteirista Chris Alcazar vão resgatar a turma de Brasília, o início da carreira do grupo e relembrar algumas curiosidades como a entrada de João Barone na banda. Em todos os depoimentos é destacado a habilidade que Herbert tinha com a guitarra e sua facilidade para compor. A forma como a necessidade de usar óculos virou inspiração ou a forma como acreditou nos conselhos da mãe vai nos envolvendo. Engraçado que o filme não resgata um dos casos mais interessantes que vi o músico relatar em uma entrevista, falando da falta de apoio do pai no início que o levou a um shopping para mostrar o que "era ser músico", indicando um rapaz tocando violão em uma praça de alimentação. No primeiro grande show do Paralamas, Herbert teria gritado no microfone: "pai, isso é ser músico". Talvez, Hermano Vianna tenha aparecido na tela tão orgulhoso do filho que não coubesse essa história. Ainda assim gosto muito.
Agora, se era baseado em depoimentos, acho que faltaram outros músicos, amigos, parceiros da banda como Titãs e Kid Abelha, por exemplo. Tirando a família, os demais integrantes da banda e o produtor, apenas Dado Villa Lobos aparece. Fica tudo muito parcial. Tem ainda um depoimento totalmente desconexo de Gilberto Gil na hora em que começa a se falar de Alagados. Fica estranho, já que todos os depoimentos vão construindo o filme, sempre voltando a todos os entrevistados. Mas, tem algumas pérolas como quando vemos Carlinhos Brown compondo Uma brasileira junto a Herbert, em uma cena muito divertida. E claro, há momentos de grande emoção, como o show que ele faz no Sarah Kubitschek, onde fez o tratamento de recuperação e sua volta aos palcos quando canta Se eu não te amasse tanto assim em inglês em homenagem a esposa Lucy. Mais emocionante ainda foi, para mim, lembrar que estava no Parque de Exposições ouvindo ao vivo e desculpando todas suas desafinadas.
Nesse ponto, o filme gera sentimentos contraditórios. Tenta nos envolver, mas sempre corta antes que as lágrimas caiam. Quer que acreditemos que Herbert Vianna é um gênio da superação, mas como argumento, o mostra frágil. Ainda assim, de uma coisa não temos dúvida ao terminar os créditos, ele sabe tocar uma guitarra como poucos e há letras e músicas inesquecíveis na discografia dos Paralamas que os fazem ainda hoje ser reverenciados como uma das maiores bandas de rock do país. Pena que A Novidade parou há algum tempo. Apesar de não ser um grande filme, é um bom divertimento, principalmente se você é fã da banda.
A fórmula é a mais básica possível, depoimentos, imagens caseiras de bastidores e cenas de shows marcantes, tudo misturado por uma linguagem bem próxima do video clipe. Assim como em A pessoa é para o que nasce, o diretor abusa das inserções de imagens e efeitos, o que torna a edição dinâmica. Mas, tudo soa um pouco vazio. Parece uma grande reportagem televisiva, a exemplo de um Globo Repórter Especial. Falta algo concreto, novo, para se tornar um documentário relevante.
Ainda assim, é divertido. O diretor, junto com Pedro Bronz, que também assina a direção e a roteirista Chris Alcazar vão resgatar a turma de Brasília, o início da carreira do grupo e relembrar algumas curiosidades como a entrada de João Barone na banda. Em todos os depoimentos é destacado a habilidade que Herbert tinha com a guitarra e sua facilidade para compor. A forma como a necessidade de usar óculos virou inspiração ou a forma como acreditou nos conselhos da mãe vai nos envolvendo. Engraçado que o filme não resgata um dos casos mais interessantes que vi o músico relatar em uma entrevista, falando da falta de apoio do pai no início que o levou a um shopping para mostrar o que "era ser músico", indicando um rapaz tocando violão em uma praça de alimentação. No primeiro grande show do Paralamas, Herbert teria gritado no microfone: "pai, isso é ser músico". Talvez, Hermano Vianna tenha aparecido na tela tão orgulhoso do filho que não coubesse essa história. Ainda assim gosto muito.
Agora, se era baseado em depoimentos, acho que faltaram outros músicos, amigos, parceiros da banda como Titãs e Kid Abelha, por exemplo. Tirando a família, os demais integrantes da banda e o produtor, apenas Dado Villa Lobos aparece. Fica tudo muito parcial. Tem ainda um depoimento totalmente desconexo de Gilberto Gil na hora em que começa a se falar de Alagados. Fica estranho, já que todos os depoimentos vão construindo o filme, sempre voltando a todos os entrevistados. Mas, tem algumas pérolas como quando vemos Carlinhos Brown compondo Uma brasileira junto a Herbert, em uma cena muito divertida. E claro, há momentos de grande emoção, como o show que ele faz no Sarah Kubitschek, onde fez o tratamento de recuperação e sua volta aos palcos quando canta Se eu não te amasse tanto assim em inglês em homenagem a esposa Lucy. Mais emocionante ainda foi, para mim, lembrar que estava no Parque de Exposições ouvindo ao vivo e desculpando todas suas desafinadas.
Nesse ponto, o filme gera sentimentos contraditórios. Tenta nos envolver, mas sempre corta antes que as lágrimas caiam. Quer que acreditemos que Herbert Vianna é um gênio da superação, mas como argumento, o mostra frágil. Ainda assim, de uma coisa não temos dúvida ao terminar os créditos, ele sabe tocar uma guitarra como poucos e há letras e músicas inesquecíveis na discografia dos Paralamas que os fazem ainda hoje ser reverenciados como uma das maiores bandas de rock do país. Pena que A Novidade parou há algum tempo. Apesar de não ser um grande filme, é um bom divertimento, principalmente se você é fã da banda.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Herbert de Perto
2010-09-20T10:26:00-03:00
Amanda Aouad
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