Tron, o legado
Em 1982, a Disney revolucionou o cinema com seu filme Tron. Hoje os gráficos quadrados lembrando o videogame Atari não passam de toscas lembranças, mas foi graças a eles que os efeitos especiais começaram a evoluir na sétima arte. Hoje, efeitos visuais, 3D, gráficos bem elaborados não são novidades, logo Tron, o legado, chega aos cinemas como mais um em meio a milhares de blockbusters que nos surpreendem a cada dia. Não há efetivamente nada de novo, nem mesmo a técnica de rejuvenescimento já usada em Benjamin Button. Ainda assim, o conjunto visual e a trilha sonora composta exclusivamente para o filme pelo Daft Punk empolgam, tornando-se um belo entretenimento para todos.
A trama é uma continuação do primeiro filme. Kevin Flynn, agora o presidente da Encom, conversa com seu filho Sam, de sete anos, sobre seus projetos, mas, ao sair de casa, desaparece sem deixar vestígios. Vinte anos depois, Sam é um rapaz rebelde que não concorda com o rumo que a empresa do pai está tomando. Visitando sua antiga loja de fliperama, ele encontra um computador que o transporta para o mundo virtual. Agora, Sam tem que jogar para sobreviver, enquanto tenta entender aquele espaço criado por seu pai. Quem comanda o local é Clu, o programa imagem e semelhança de Kevin e é ele o responsável por manter seu criador preso naquele lugar. Sam terá que descobrir uma forma de barrar os planos de Clu, libertar seu pai e sair daquele local o mais rápido possível.
Resumindo a história de Tron, o legado, já dá para perceber que ele tem o mesmo problema que o primeiro. Falta história. A trama é apenas para justificar as cenas de ação, que desta vez já começam no mundo real, com um eletrizante passeio de moto de Sam. Algumas explicações são tolas, assim como o mote principal. Há ainda, uma relação entre Deus e Kevin, Jesus e Sam e o mundo e a Grade que, em alguns momentos, funciona de forma interessante, em outra força um pouco. Além disso, perto do fim há um Deus ex machina desnecessário. Para quem não sabe, a expressão indica uma solução milagrosa, sem embasamento no roteiro. Surgiu do teatro grego, onde um Deus descia literalmente em uma máquina para resolver uma situação complicada.
Apesar de um diretor iniciante e pouco inspirado como Joseph Kosinski, dentro do jogo, o visual neon é bonito de se acompanhar. As disputas são grandiosas, a platéia de programas gritando como uma arena, a preparação do exército, as batalhas, tudo é bem realizado. A direção de arte, mesmo com formas modernas e arredondadas, lembra o estilo anos 80. Não dava para fugir disso. Afinal, a década de 80 onde surgiu o filme e o jogo é a época retrô mais cultuada dos últimos tempos. Para completar, a trilha sonora envolvente empolga, fazendo pressão para que saiamos maravilhados com a experiência. O 3D, no entanto, funciona pouco, a ponto de sermos avisados no início do filme que algumas cenas são em 2D.
Jeff Bridges melhorou indiscutivelmente sua atuação, principalmente como o velho Kevin, apesar de Clu ainda ter trejeitos caricatos. Bruce Boxleitner também está de volta ao seu personagem Alan, em aparição pequena que não compromete nem impressiona, mas não esqueça que ele é Tron. No geral, o mundo virtual fica mais crível, com programas melhor enquadrados no universo. Destaque para Michael Sheen como um transloucado programa. Já Garrett Hedlund é quase inexpressivo como o garoto Sam, pior que Jeff Bridges no primeiro filme. Mas as atuações não são, nem precisam ser, o forte de Tron, já que o melhor acontece quando eles estão de capacete em batalha.
Tron, o legado não é um marco do cinema mundial como foi seu original. Não traz novidades tecnológicas, nem surpreende com inovações no formato. Ainda assim, a Disney soube pegar tudo que tem de melhor no cinema hoje em dia para construir uma aventura empolgante e de uma beleza visual ímpar. Quem gosta do gênero vai sair do cinema como eu saí, com a sensação de ter visto um belo exemplar fílmico.
A trama é uma continuação do primeiro filme. Kevin Flynn, agora o presidente da Encom, conversa com seu filho Sam, de sete anos, sobre seus projetos, mas, ao sair de casa, desaparece sem deixar vestígios. Vinte anos depois, Sam é um rapaz rebelde que não concorda com o rumo que a empresa do pai está tomando. Visitando sua antiga loja de fliperama, ele encontra um computador que o transporta para o mundo virtual. Agora, Sam tem que jogar para sobreviver, enquanto tenta entender aquele espaço criado por seu pai. Quem comanda o local é Clu, o programa imagem e semelhança de Kevin e é ele o responsável por manter seu criador preso naquele lugar. Sam terá que descobrir uma forma de barrar os planos de Clu, libertar seu pai e sair daquele local o mais rápido possível.
Resumindo a história de Tron, o legado, já dá para perceber que ele tem o mesmo problema que o primeiro. Falta história. A trama é apenas para justificar as cenas de ação, que desta vez já começam no mundo real, com um eletrizante passeio de moto de Sam. Algumas explicações são tolas, assim como o mote principal. Há ainda, uma relação entre Deus e Kevin, Jesus e Sam e o mundo e a Grade que, em alguns momentos, funciona de forma interessante, em outra força um pouco. Além disso, perto do fim há um Deus ex machina desnecessário. Para quem não sabe, a expressão indica uma solução milagrosa, sem embasamento no roteiro. Surgiu do teatro grego, onde um Deus descia literalmente em uma máquina para resolver uma situação complicada.
Apesar de um diretor iniciante e pouco inspirado como Joseph Kosinski, dentro do jogo, o visual neon é bonito de se acompanhar. As disputas são grandiosas, a platéia de programas gritando como uma arena, a preparação do exército, as batalhas, tudo é bem realizado. A direção de arte, mesmo com formas modernas e arredondadas, lembra o estilo anos 80. Não dava para fugir disso. Afinal, a década de 80 onde surgiu o filme e o jogo é a época retrô mais cultuada dos últimos tempos. Para completar, a trilha sonora envolvente empolga, fazendo pressão para que saiamos maravilhados com a experiência. O 3D, no entanto, funciona pouco, a ponto de sermos avisados no início do filme que algumas cenas são em 2D.
Jeff Bridges melhorou indiscutivelmente sua atuação, principalmente como o velho Kevin, apesar de Clu ainda ter trejeitos caricatos. Bruce Boxleitner também está de volta ao seu personagem Alan, em aparição pequena que não compromete nem impressiona, mas não esqueça que ele é Tron. No geral, o mundo virtual fica mais crível, com programas melhor enquadrados no universo. Destaque para Michael Sheen como um transloucado programa. Já Garrett Hedlund é quase inexpressivo como o garoto Sam, pior que Jeff Bridges no primeiro filme. Mas as atuações não são, nem precisam ser, o forte de Tron, já que o melhor acontece quando eles estão de capacete em batalha.
Tron, o legado não é um marco do cinema mundial como foi seu original. Não traz novidades tecnológicas, nem surpreende com inovações no formato. Ainda assim, a Disney soube pegar tudo que tem de melhor no cinema hoje em dia para construir uma aventura empolgante e de uma beleza visual ímpar. Quem gosta do gênero vai sair do cinema como eu saí, com a sensação de ter visto um belo exemplar fílmico.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Tron, o legado
2010-12-16T08:10:00-03:00
Amanda Aouad
acao|aventura|critica|ficcao cientifica|Jeff Bridges|Olivia Wilde|oscar 2011|
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