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Cécile De France
Clint Eastwood
critica
drama
Frankie McLaren
Matt Damon
oscar 2011
suspense
Além da Vida
Além da Vida
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu principal cúmplice. A trama do novo filme da dupla é interessante, a direção tem o toque do grande cineasta e a atuação, não apenas de Matt como de todos os demais atores, é muito boa. Só o roteiro de Peter Morgan deixa um pouco a desejar, não fazendo deste uma obra perfeita, por mais interessante e perturbador que seja em alguns momentos. Um pouco meloso em sua conclusão, talvez. Ainda assim, é um belo drama.
Três histórias paralelas são contadas com a morte ou o mistério ao redor dela como ligação. Em Paris, Marie LeLay se recupera de um tsunami que quase tirou sua vida. Jornalista consagrada, apresentadora de um telejornal, ela não consegue esquecer a sensação de quase morte e decide fazer uma pausa no trabalho para escrever um livro. Em Londres, o garoto Marcus perde uma pessoa muito próxima desnorteando sua vida. Ele começa a investigar formas de se comunicar com os mortos. Nos Estados Unidos, George tenta convencer seu irmão de que jamais voltará a utilizar seu dom de comunicação com o além, pois considera uma maldição. Ele tenta viver uma vida normal, mas sempre existem pessoas ao seu redor querendo um pouco de alento.
O trailer e a sinopse adiantam o óbvio de que, em algum momento, o destino dos três irá se cruzar, o como, deixo para quem for assistir ao filme. O mais interessante de Além da Vida, Hereafter no título original, é a forma casual como Clint Eastwood apresenta os dramas. Coisas que acontecem, todos os dias, em todos os lugares. Afinal, qual maior certeza na vida que não a morte? A forma como charlatões são apresentados em determinado momento e a distinção de que George realmente fala com os mortos também é bem realizada.
Outra coisa interessante que tenho que destacar é a posição dos franceses, principalmente do mercado editorial em relação ao tema. É, no mínimo curioso, constatar que o país onde o espiritismo surgiu se considere tão desinteressado no assunto. "Isso é interesse de ingleses ou americanos", diz o editor. E é a pura verdade, tanto que o codificador da doutrina teve que utilizar o pseudônimo de Alan Kardec para publicar a obra. Não digo com isso que Além da Vida é um filme espírita. Sua construção é na mesma base espiritualista da maioria dos filmes norte-americanos, onde o fenômeno é o foco. Apesar de George ser um médium, sua postura e construção cultural nada se assemelha aos trabalhadores da seara espírita. Até porque ele faz disso uma profissão rentável. Apesar disso, suas dúvidas e negação da faculdade mediúnica tal qual uma maldição são interessantes de observar. Todo médium passa por essa crise.
A direção segura de Clint Eastwood nos conduz pelas três histórias de forma fluida. A forma grandiosa como filma o tsunami. O detalhe da propaganda de celular para demonstrar o prestígio de Marie LeLay. A forma intimista como apresenta os irmãos Marcus e Jason. A entrada de cena da mãe dos meninos mesmo é espetacular. A sutileza do mundo de George e como ele é conduzido. Gosto bastante do resultado. Como já ressaltei, só lamento que o roteiro não foi mais a fundo, acompanhando mais a trajetória dos três protagonistas, para culminar em uma conclusão sem dúvidas. Interessante ressaltar que a trilha sonora é assinada pelo próprio Eastwood que carrega na emoção.
Matt Damon defende bem a carga dramática de seu personagem, assim como Cécile De France e o garoto Frankie McLaren. É possível acreditar perfeitamente em cada um dos dramas apresentados. Como já falei, acho apenas que o roteiro escorrega um pouco, principalmente no final, a conclusão poderia ser melhor elaborada e algumas coisas melhor justificadas. De qualquer forma, para quem gosta de filmes com tons sobrenaturais, carregados de drama, é imperdível. Não há nada de suspense e quase nada de morte ou espíritos. O filme fala de dúvidas e certezas que cada ser humano vive, que teme a morte, quer entendê-la e adoraria se comunicar com aqueles que já se foram. Às vezes, isso pode ser perigoso, doloroso, mas, também faz parte da vida.
Três histórias paralelas são contadas com a morte ou o mistério ao redor dela como ligação. Em Paris, Marie LeLay se recupera de um tsunami que quase tirou sua vida. Jornalista consagrada, apresentadora de um telejornal, ela não consegue esquecer a sensação de quase morte e decide fazer uma pausa no trabalho para escrever um livro. Em Londres, o garoto Marcus perde uma pessoa muito próxima desnorteando sua vida. Ele começa a investigar formas de se comunicar com os mortos. Nos Estados Unidos, George tenta convencer seu irmão de que jamais voltará a utilizar seu dom de comunicação com o além, pois considera uma maldição. Ele tenta viver uma vida normal, mas sempre existem pessoas ao seu redor querendo um pouco de alento.
O trailer e a sinopse adiantam o óbvio de que, em algum momento, o destino dos três irá se cruzar, o como, deixo para quem for assistir ao filme. O mais interessante de Além da Vida, Hereafter no título original, é a forma casual como Clint Eastwood apresenta os dramas. Coisas que acontecem, todos os dias, em todos os lugares. Afinal, qual maior certeza na vida que não a morte? A forma como charlatões são apresentados em determinado momento e a distinção de que George realmente fala com os mortos também é bem realizada.
Outra coisa interessante que tenho que destacar é a posição dos franceses, principalmente do mercado editorial em relação ao tema. É, no mínimo curioso, constatar que o país onde o espiritismo surgiu se considere tão desinteressado no assunto. "Isso é interesse de ingleses ou americanos", diz o editor. E é a pura verdade, tanto que o codificador da doutrina teve que utilizar o pseudônimo de Alan Kardec para publicar a obra. Não digo com isso que Além da Vida é um filme espírita. Sua construção é na mesma base espiritualista da maioria dos filmes norte-americanos, onde o fenômeno é o foco. Apesar de George ser um médium, sua postura e construção cultural nada se assemelha aos trabalhadores da seara espírita. Até porque ele faz disso uma profissão rentável. Apesar disso, suas dúvidas e negação da faculdade mediúnica tal qual uma maldição são interessantes de observar. Todo médium passa por essa crise.
A direção segura de Clint Eastwood nos conduz pelas três histórias de forma fluida. A forma grandiosa como filma o tsunami. O detalhe da propaganda de celular para demonstrar o prestígio de Marie LeLay. A forma intimista como apresenta os irmãos Marcus e Jason. A entrada de cena da mãe dos meninos mesmo é espetacular. A sutileza do mundo de George e como ele é conduzido. Gosto bastante do resultado. Como já ressaltei, só lamento que o roteiro não foi mais a fundo, acompanhando mais a trajetória dos três protagonistas, para culminar em uma conclusão sem dúvidas. Interessante ressaltar que a trilha sonora é assinada pelo próprio Eastwood que carrega na emoção.
Matt Damon defende bem a carga dramática de seu personagem, assim como Cécile De France e o garoto Frankie McLaren. É possível acreditar perfeitamente em cada um dos dramas apresentados. Como já falei, acho apenas que o roteiro escorrega um pouco, principalmente no final, a conclusão poderia ser melhor elaborada e algumas coisas melhor justificadas. De qualquer forma, para quem gosta de filmes com tons sobrenaturais, carregados de drama, é imperdível. Não há nada de suspense e quase nada de morte ou espíritos. O filme fala de dúvidas e certezas que cada ser humano vive, que teme a morte, quer entendê-la e adoraria se comunicar com aqueles que já se foram. Às vezes, isso pode ser perigoso, doloroso, mas, também faz parte da vida.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Além da Vida
2011-01-06T08:29:00-03:00
Amanda Aouad
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