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Hanaa Bouchaib
Javier Bardem
Maricel Álvarez
oscar 2011
Biutiful
Biutiful
Muitos tinham curiosidade de como Alejandro González Iñárritu se sairia sem a parceria de Guillermo Arriaga. Bom, centrando-se no seu talento para direção, ele resolveu deixar a história correr em volta do mesmo tema de sempre: a iminência da morte e a dor. Genial no título, Biutiful já diz a que veio ao ironicamente dizer lindo em uma grafia errada. Como diz Caetano em sua música, "tudo certo como dois e dois são cinco". Mas, a força do filme está na interpretação de Javier Bardem e na potência do tema.
Javier Bardem é Uxbal um homem que vive na parte escondida da bela cidade de Barcelona. Aquela que não aparece nos cartões postais. Um bairro sujo, pobre, onde ele explora imigrantes chineses e africanos que tentam a vida ilegalmente no país. Sua família está totalmente desequilibrada. Sua mulher é bipolar, seu irmão um idiota e seus filhos tentam sobreviver ao seu mau humor diário. Ainda assim, ele consegue demonstrar um pouco de carinho e cuidado por todos. Até por aqueles que ele explora. Uxbal também é médium. Essa faceta é pouco explorada na história, mas traz momentos interessantes como com as crianças ou com os chineses. E para completar o quadro, ele está com os dias contados devido a um câncer que se alastrou em seu corpo.
Não há nada de belo em Biutiful, nem mesmo Bardem que passa a maior parte da narrativa sujo, cansado ou doente. Claro que o charme do ator está escondido debaixo desse estado, mas o que menos observamos ali é sua beleza. É daquelas histórias que fazem pensar, incomodam até. As questões sub-humanas que muitos vivem. As dificuldades diárias. Os verdadeiros valores da vida. A direção de Iñárritu sabe explorar de forma sutil cada uma delas, nos envolvendo naquele drama tão real e incômodo. Os detalhes compõem as cenas, é importante estar atento a cada pista do diretor, principalmente no início. A experiência fica mais rica se aprendemos a traduzir o não dito.
Javier Bardem é o nome do filme porque ele se entrega a Uxbal sem medo. A composição do drama do personagem, da dualidade de sua alma boa que explora outros seres humanos porque precisa de dinheiro, a relação com a família. Tudo é rico, forte, realista. A forma como se cala diante da doença, tentando manter ao máximo a normalidade de suas vidas, a dor a cada ida ao banheiro onde há mais sangue que urina. A composição de suas cenas de explosão. É daqueles trabalhos que ficam marcados em nossa mente. Merece todos os elogios que possamos dar. Ainda bem que ele voltou a nos presentear com o personagem tão denso.
Biutiful é mesmo um grande filme, forte, impactante. Merece o destaque e a indicação ao Oscar de filme estrangeiro. O único problema é que sem Arriaga para fechar o roteiro, a história acabou mais longa do que deveria. Duas horas e pouco de soco no estômago é desagradável demais. Se fosse mais curto, talvez agradasse mais. Ainda assim, é daqueles filmes que você sai do cinema introspectivo.
Biutiful (Biutiful, 2010 / Espanha , México)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Nicolás Giacobone, Alejandro González Iñárritu, Armando Bo
Com: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Hanaa Bouchaib
Duração: 148 min.
Javier Bardem é Uxbal um homem que vive na parte escondida da bela cidade de Barcelona. Aquela que não aparece nos cartões postais. Um bairro sujo, pobre, onde ele explora imigrantes chineses e africanos que tentam a vida ilegalmente no país. Sua família está totalmente desequilibrada. Sua mulher é bipolar, seu irmão um idiota e seus filhos tentam sobreviver ao seu mau humor diário. Ainda assim, ele consegue demonstrar um pouco de carinho e cuidado por todos. Até por aqueles que ele explora. Uxbal também é médium. Essa faceta é pouco explorada na história, mas traz momentos interessantes como com as crianças ou com os chineses. E para completar o quadro, ele está com os dias contados devido a um câncer que se alastrou em seu corpo.
Não há nada de belo em Biutiful, nem mesmo Bardem que passa a maior parte da narrativa sujo, cansado ou doente. Claro que o charme do ator está escondido debaixo desse estado, mas o que menos observamos ali é sua beleza. É daquelas histórias que fazem pensar, incomodam até. As questões sub-humanas que muitos vivem. As dificuldades diárias. Os verdadeiros valores da vida. A direção de Iñárritu sabe explorar de forma sutil cada uma delas, nos envolvendo naquele drama tão real e incômodo. Os detalhes compõem as cenas, é importante estar atento a cada pista do diretor, principalmente no início. A experiência fica mais rica se aprendemos a traduzir o não dito.
Javier Bardem é o nome do filme porque ele se entrega a Uxbal sem medo. A composição do drama do personagem, da dualidade de sua alma boa que explora outros seres humanos porque precisa de dinheiro, a relação com a família. Tudo é rico, forte, realista. A forma como se cala diante da doença, tentando manter ao máximo a normalidade de suas vidas, a dor a cada ida ao banheiro onde há mais sangue que urina. A composição de suas cenas de explosão. É daqueles trabalhos que ficam marcados em nossa mente. Merece todos os elogios que possamos dar. Ainda bem que ele voltou a nos presentear com o personagem tão denso.
Biutiful é mesmo um grande filme, forte, impactante. Merece o destaque e a indicação ao Oscar de filme estrangeiro. O único problema é que sem Arriaga para fechar o roteiro, a história acabou mais longa do que deveria. Duas horas e pouco de soco no estômago é desagradável demais. Se fosse mais curto, talvez agradasse mais. Ainda assim, é daqueles filmes que você sai do cinema introspectivo.
Biutiful (Biutiful, 2010 / Espanha , México)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Nicolás Giacobone, Alejandro González Iñárritu, Armando Bo
Com: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Hanaa Bouchaib
Duração: 148 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Biutiful
2011-02-05T09:13:00-03:00
Amanda Aouad
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