
Continuando o resgate dos filmes de
Harry Potter chegamos ao quarto filme da série, que pode ser considerado o divisor de águas. Se o Prisioneiro de Azkaban trouxe maturidade à série,
Harry Potter e o Cálice de Fogo é marcado pelo início do terror. A direção do inglês Mike Newell tenta equilibrar o horror de Voldemort e seus Comensais cada vez mais fortes com a magia do Torneio Tribruxo. O maior problema, no entanto, quem encontra é o roteirista Steven Kloves, que tem que transformar 583 páginas em pouco mais de duas horas de projeção.

O quarto livro é o primeiro da série que passa das quinhentas páginas, tornando a arte de adaptar mais complicada. Mas, o roteirista peca ao não conseguir passar a idéia de mais um ano na escola de Hogwarts, concentrando nas tarefas do torneio tribruxo e na volta de Voldemort. As escolhas, por vezes, se tornam inexplicáveis, como não mostrar a partida de Quadribol do campeonato mundial e perder um longo tempo em uma perseguição do Dragão a
Harry Potter, coisa que não existe no livro, já que lá, ele foi o competidor que mais rápido conseguiu pegar o ovo. O tempo entre as tarefas também se torna rápido demais, nem é possível sentir a briga entre Harry e Rony de tão rápido que os dois fazem as pazes, por exemplo.

Ainda assim,
Harry Potter e o Cálice de Fogo consegue construir um bom clima de tensão desde o princípio com a cena da morte do jardineiro. A sequência dos Comensais da Morte no pátio do torneio mundial de Quadribol também consegue passar o horror do mundo bruxo que começa a ser atormentado pela iminente volta de seu pior algoz. É nesse filme também que somos apresentados à penseira de Dumbledore conhecendo um pouco desse passado sombrio, mas aqui é mais fraco que no livro. A história de Bartô Jr, nem é muito explorada. Assim como o medo do professor Krum com a marca negra ressurgindo em seu braço e suas discussões com Snape.
O diretor Mike Newell também prima pelo visual, construindo imagens metafóricas muito bonitas como a cena posterior a da aula de maldições imperdoáveis. Neville fica muito abalado com a exibição da maldição Cruciatus, que posteriormente saberemos ser a responsável pelo estado psíquico de seus pais. Harry vai encontrá-lo em uma escada observando a chuva através de um vitral. Nele, a imagem de um homem unido à gotas da chuva que caem do lado de fora, dão a sensação de lágrimas. Neville não chora literalmente, mas simbolicamente na imagem da janela. Cenas assim, são comuns em
Harry Potter e o Cálice de Fogo, tornando a experiência mais rica.

As interpretações, também, só melhoram a partir do quarto filme. É aqui que podemos conhecer um pouco melhor o Alvo Dumbledore de Michael Gambon, já que em o
Prisioneiro de Azkaban ele é quase um figurante de luxo. Sua atuação é forte, convincente e marcante, principalmente nos momentos finais. Assim como Brendan Gleeson que consegue interpretar muito bem um personagem interpretando outro, dando mais densidade à trama. Eles dois acabam puxando Daniel Radcliffe, que neste filme consegue convencer um pouco mais como
Harry Potter. Há dor real ali, bem construída até o momento chave. É bom registrar também a participação quase despercebida de Robert Pattinson como o garoto Cedrico, que no filme aparece pela primeira vez, apesar de já ter sido citado em outros livros.
Harry Potter e o Cálice de Fogo é também o auge da adolescência dos personagens, quando o interesse pelo sexo oposto começa a despertar em todos. As brigas entre Rony e Hermione se tornam mais frequentes. Harry se encanta por Cho Chang. Gina sofre com o desinteresse de Harry e busca outros garotos. O auge desse período no filme é o baile. É divertido ver os personagens procurando pares, a produção para a festa, a beleza de Emma Watson, despertando a ainda falta de maturidade de Rony, e os sonhos platônicos de Harry que não consegue tirar os olhos da parceira de Cedrico. A cena em que os dois e suas respectivas parceiras estão sentados quase no fim da noite, desanimados, é bastante significativa.
Harry Potter e o Cálice de Fogo é um filme confuso, bastante resumido, mas ainda assim funciona como rito de passagem. É daqueles filmes necessários e onde as mudanças na adaptação ainda não comprometem a compreensão da trama completa. É possível se divertir, ter medo e ficar ainda mais envolvido naquela história. Ainda mais com a sequência final que mudará o mundo bruxo para sempre.
Harry Potter e o Cálice de Fogo (Harry Potter and the Goblet of Fire: 2005 /EUA)
Direção: Mike Newell
Roteiro: Steven Kloves
Com: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Mark Williams, Michael Gambon, Robert Pattinson, Brendan Gleeson, Ralph Fiennes.
Duração: 157 min.
renato alves · 729 semanas atrás
Mas, isso é pessoal.
Concordo quando disse que aqui começamos a ter grandes atuações. O elenco realmente amadurecem.
vdevinganca 61p · 729 semanas atrás
Eu ainda não vi o Enigma do Príncipe e as Reliquias da Morte, preciso me atualizar!
Amanda_Aouad 118p · 729 semanas atrás
Kamila · 729 semanas atrás
Amanda_Aouad 118p · 729 semanas atrás
Rafael W. Oliveira · 729 semanas atrás
http://cinelupinha.blogspot.com/
Amanda_Aouad 118p · 729 semanas atrás
Cristiano Contreiras · 729 semanas atrás
Sim, Amanda, acho que o filme peca por tornar tudo meio "apressado", mas eu confesso que adoro o filme. Acho que tem ritmo, visual e a trama é interessante - melhor que o terceiro filme, na minha opinião e o quinto filme (que, pra mim, é de todos o mais fraco, mas ainda assim curto).
Eu acho que esse filme poderia ter tido mais 10 minutos, não teria problema, mas é aquela coisa, sempre queremos TUDO do livro no filme, mas não é fácil assim.
Beijo
Amanda_Aouad 118p · 729 semanas atrás
bjs
Reinaldo Glioche · 729 semanas atrás
bjs
Amanda_Aouad 118p · 729 semanas atrás
bjs
Jacques · 729 semanas atrás
Como isso não aconteceu, o resultado foi um filme compactado demais, mas ainda assim divertido.
Destaque para Robert Pattinson, que ao morrer pelas mãos de Voldemort, NUNCA MAIS perdeu a expressão de quem levou um Avada Kedavra na testa.
Até mais.
Amanda_Aouad 118p · 729 semanas atrás
Rodrigo Mendes · 729 semanas atrás
Aliás, depois que lançar o último filme pretendo fazer um apanhado de toda a série no blog.
Beijos.
Rodrigo
Amanda_Aouad 118p · 729 semanas atrás
bjs
joao vitor · 728 semanas atrás
Amanda_Aouad 118p · 728 semanas atrás
Bruno · 588 semanas atrás
Acabei de assistir o último filme da saga e fiquei transtornado, passando mal, de verdade. Tudo foi tão mal explicado, acontecendo de repente. Li os livros até o quarto, estou começando a ler o Ordem da Fênix, então sou um daqueles que não entenderam muitas coisas de que as pessoas que já haviam lido o livro compreenderam. Os acontecimentos do filme são um tanto chocantes, pensei que o Harry morreria, achei desnecessário a morte de Fred, os personagens Harry, Hermione e Rony do futuro foram mal envelhecidos, já que em tal data já teriam 30 e poucos anos.
Enfim, terminei de assistir o filme pensando que Snape fosse o pai de Harry, que Dumbledore tivesse usado Harry somente para acabar com Voldemort, pouco se importando se o garoto morreria, não entendi o heroísmo instantâneo de Neville, fiquei realmente transtornado com as mortes repentinas, com a ideia de que Snape seria o pai de Harry, fiquei sem entender absolutamente nada do diálogo entre Harry e Dumbledore no "limbo", que criatura ensanguentada e magricela estava junto deles ? Porque Harry simplesmente abandona a pedra da ressurreição ? Porque o passado de Dumbledore foi deixado de lado? Tudo aconteceu muito rápido e não deu tempo de filtrar tantos acontecimentos.
Quando me dei conta o filme já havia acabado. Fui direto ao computador procurar esclarecer todas as minhas dúvidas e vim parar aqui. Obrigado por me ajudar com as minhas dúvidas.
Amanda_Aouad 118p · 588 semanas atrás