Minha Vida
Pode parecer esquisito para um dia dos pais, mas o filme Minha Vida é uma representação exata do amor de um pai que não quer se fazer ausente na vida do seu filho que está para nascer. É uma trama de redescobertas. Descoberta de si mesmo, do pai que achava que não tinha dito, do pai que queria ser, das relações familiares conturbadas. Uma lição de vida.
Michael Keaton é Bob Jones, um relações públicas que renegou seu passado, sua família, sua cidade natal para viver em Los Angeles. Após anos de uma carreira bem-sucedida, ele recebe duas notícias extremas: está prestes a se tornar pai pela primeira vez, ao mesmo tempo em que tem poucos meses de vida. Entre a preparação e a expectativa da chegada do bebê, tem que aprender a lidar com o não-resultado do tratamento penoso para tentar conter o cancêr que já tomou conta de partes dos orgãos. Assim, em sua última tentativa de estar presente no crescimento do filho, Bob começa a gravar fitas onde se apresenta e fala de situações diárias. E, assim, redescobre a si mesmo.
A câmera de Bruce Joel Rubin não traz grandes novidades. Em termos técnicos, o filme é modesto e mesmo as atuações de Nicole Kidman e Michael Keaton poderiam ser melhores. Destaque na atuação daria a Michael Constantine, que interpreta o pai de Bob, principalmente no final. Mas, esse não parece o foco da trama. O que nos faz lembrar de Minha Vida dezoito anos depois é esse sentimento de reencontro paterno em diversos níveis. O melodrama aqui é construído de uma forma sensível, construído em uma base espiritualista de auto-conhecimento.
O personagem de Michael Keaton é o típico ser racional. Em nenhum momento, deixa passar suas emoções. Os colegas de trabalho só tem o que falar dele no setor profissional, ninguém o conhece na intimidade. Sua família não o vê há anos, e quando ele resolve aceitar o convite para o casamento do irmão, se esconde atrás das câmeras. É capaz de fazer uma declaração de amor à esposa no vídeo, mas não pessoalmente. Toda essa contenção de sentimentos acaba por torná-lo um vulcão interno. E que muitos acreditam ser uma das causas do câncer. Ele precisa deixar a emoção ser externada, como diz um médico alternativo que passa a frequentar. Lidar com emoções não é algo fácil.
Ao tentar se abrir para a câmera em uma tentativa desesperada de seu filho conhecê-lo, Bob acaba abrindo-se para si mesmo e compreendendo seus traumas de infância, a começar por um circo que jamais chegou ao seu quintal como pensara, finalizando pela figura paterna sempre ausente devido aos compromissos de trabalho. Situações que ele vai compreendendo aos poucos ao se colocar no lugar daquele homem que só queria dar uma vida melhor à sua família.
Entre simbologias e reencontros, Minha Vida é um filme feito para emocionar. E cumpre o seu intento. Fala de relações familiares de uma forma simples e direta. Uma obra emocionante, independente do apuro técnico.
Minha Vida (My Life: 1993/EUA)
Direção: Bruce Joel Rubin
Roteiro: Bruce Joel Rubin
Com: Nicole Kidman, Michael Keaton, Bradley Whitford, Haing S. Ngor, Queen Latifah, Michael Constantine.
Duração: 117 min
Michael Keaton é Bob Jones, um relações públicas que renegou seu passado, sua família, sua cidade natal para viver em Los Angeles. Após anos de uma carreira bem-sucedida, ele recebe duas notícias extremas: está prestes a se tornar pai pela primeira vez, ao mesmo tempo em que tem poucos meses de vida. Entre a preparação e a expectativa da chegada do bebê, tem que aprender a lidar com o não-resultado do tratamento penoso para tentar conter o cancêr que já tomou conta de partes dos orgãos. Assim, em sua última tentativa de estar presente no crescimento do filho, Bob começa a gravar fitas onde se apresenta e fala de situações diárias. E, assim, redescobre a si mesmo.
A câmera de Bruce Joel Rubin não traz grandes novidades. Em termos técnicos, o filme é modesto e mesmo as atuações de Nicole Kidman e Michael Keaton poderiam ser melhores. Destaque na atuação daria a Michael Constantine, que interpreta o pai de Bob, principalmente no final. Mas, esse não parece o foco da trama. O que nos faz lembrar de Minha Vida dezoito anos depois é esse sentimento de reencontro paterno em diversos níveis. O melodrama aqui é construído de uma forma sensível, construído em uma base espiritualista de auto-conhecimento.
O personagem de Michael Keaton é o típico ser racional. Em nenhum momento, deixa passar suas emoções. Os colegas de trabalho só tem o que falar dele no setor profissional, ninguém o conhece na intimidade. Sua família não o vê há anos, e quando ele resolve aceitar o convite para o casamento do irmão, se esconde atrás das câmeras. É capaz de fazer uma declaração de amor à esposa no vídeo, mas não pessoalmente. Toda essa contenção de sentimentos acaba por torná-lo um vulcão interno. E que muitos acreditam ser uma das causas do câncer. Ele precisa deixar a emoção ser externada, como diz um médico alternativo que passa a frequentar. Lidar com emoções não é algo fácil.
Ao tentar se abrir para a câmera em uma tentativa desesperada de seu filho conhecê-lo, Bob acaba abrindo-se para si mesmo e compreendendo seus traumas de infância, a começar por um circo que jamais chegou ao seu quintal como pensara, finalizando pela figura paterna sempre ausente devido aos compromissos de trabalho. Situações que ele vai compreendendo aos poucos ao se colocar no lugar daquele homem que só queria dar uma vida melhor à sua família.
Entre simbologias e reencontros, Minha Vida é um filme feito para emocionar. E cumpre o seu intento. Fala de relações familiares de uma forma simples e direta. Uma obra emocionante, independente do apuro técnico.
Minha Vida (My Life: 1993/EUA)
Direção: Bruce Joel Rubin
Roteiro: Bruce Joel Rubin
Com: Nicole Kidman, Michael Keaton, Bradley Whitford, Haing S. Ngor, Queen Latifah, Michael Constantine.
Duração: 117 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Minha Vida
2011-08-14T09:15:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|Michael Keaton|Nicole Kidman|
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