Jogos de Guerra
Matthew Broderick é o rei dos clássicos da Sessão da Tarde. Jogos de Guerra é daqueles filmes que ficam em nossa memória. Em plena Guerra Fria, John Badham aproveita as novidades de informática e os temores mundiais para criar uma divertida história de ação e conspiração internacional.
David Lightman é um garoto aficcionado por jogos eletrônicos e tudo que está ligado a informática. Ao ver um anúncio de um jogo revolucionário que está prestes a ser lançado, como um bom hacker, vai tentar encontrar os arquivos da empresa para testá-lo antes de todos. É nessa brincadeira que ele acaba se conectando ao computador do exército dos Estados Unidos e inicia uma trama tensa que pode resultar na terceira guerra mundial. Sua dificuldade agora vai ser convencer a todos que aquilo é apenas um jogo e que ele não é um espião russo.
O filme prepara bem o terreno para a história de David, iniciando dentro do Pentágono, em uma operação tensa sem muita explicação. Isso já é um ponto positivo no roteiro de Lawrence Lasker e Walter F. Parkes, pois ganha a atenção do espectador. A partir daí, um paralelo entre David e o Pentágono, deixa claro o cenário de época e a principal crítica do filme de John Badham: não podemos nos deixar dominar pelas máquinas. O sistema está começando a ser computadorizado, a reação e raciocínio humano estão sendo deixados para trás.
O filme demonstra isso diversas vezes. A crença no que a máquina nos mostra é tanto que não raciocinamos quanto ao sentido daquilo tudo. É o que diz um personagem-chave na parte final quando tenta abrir os olhos dos militares: "Isso faz sentido?". Ninguém parecia ter parado para perceber isso. Acreditamos no que o computador diz e não no que nos parece correto. Nesse ponto, entra também o outro tema do filme, o destino da humanidade: será que merecemos uma segunda chance? Essa era a tônica do período da Guerra Fria, a tensão constante de um cataclisma, a impaciência humana, as disputas por poder. De uma forma leve, Jogos de Guerra demonstra tudo aquilo.
É interessante que o roteiro é bem amarrado, preparando cada situação, nada parece forçado, mesmo em uma história tão mirabolante. Fica tudo verossímil a partir do momento em que somos apresentados à situação no Pentágono, à fissura por jogos e computador de David, sua facilidade de invadir sistemas, a confusão, o computador ligado, até o grupo de turistas visitando o Pentágono que será fundamental para uma solução adiante estão pensados e apresentados. Mas, há, claro, algumas falhas, como o FBI perder David de vista e permitir até mesmo que ele viaje de avião.
Ainda assim, Jogos de Guerra é um bom exemplar de filme-entretenimento com temática responsável e preocupada com a situação atual do planeta. Bem feito, divertido e tenso na medida certa e com boas interpretações. Daqueles que dá vontade de rever uma vez ou outra.
Jogos de Guerra (WarGames: 1983 / EUA)
Direção: John Badham
Roteiro: Lawrence Lasker e Walter F. Parkes
Com: Matthew Broderick, Dabney Coleman, John Wood, Ally Sheedy.
Duração: 114 min.
David Lightman é um garoto aficcionado por jogos eletrônicos e tudo que está ligado a informática. Ao ver um anúncio de um jogo revolucionário que está prestes a ser lançado, como um bom hacker, vai tentar encontrar os arquivos da empresa para testá-lo antes de todos. É nessa brincadeira que ele acaba se conectando ao computador do exército dos Estados Unidos e inicia uma trama tensa que pode resultar na terceira guerra mundial. Sua dificuldade agora vai ser convencer a todos que aquilo é apenas um jogo e que ele não é um espião russo.
O filme prepara bem o terreno para a história de David, iniciando dentro do Pentágono, em uma operação tensa sem muita explicação. Isso já é um ponto positivo no roteiro de Lawrence Lasker e Walter F. Parkes, pois ganha a atenção do espectador. A partir daí, um paralelo entre David e o Pentágono, deixa claro o cenário de época e a principal crítica do filme de John Badham: não podemos nos deixar dominar pelas máquinas. O sistema está começando a ser computadorizado, a reação e raciocínio humano estão sendo deixados para trás.
O filme demonstra isso diversas vezes. A crença no que a máquina nos mostra é tanto que não raciocinamos quanto ao sentido daquilo tudo. É o que diz um personagem-chave na parte final quando tenta abrir os olhos dos militares: "Isso faz sentido?". Ninguém parecia ter parado para perceber isso. Acreditamos no que o computador diz e não no que nos parece correto. Nesse ponto, entra também o outro tema do filme, o destino da humanidade: será que merecemos uma segunda chance? Essa era a tônica do período da Guerra Fria, a tensão constante de um cataclisma, a impaciência humana, as disputas por poder. De uma forma leve, Jogos de Guerra demonstra tudo aquilo.
É interessante que o roteiro é bem amarrado, preparando cada situação, nada parece forçado, mesmo em uma história tão mirabolante. Fica tudo verossímil a partir do momento em que somos apresentados à situação no Pentágono, à fissura por jogos e computador de David, sua facilidade de invadir sistemas, a confusão, o computador ligado, até o grupo de turistas visitando o Pentágono que será fundamental para uma solução adiante estão pensados e apresentados. Mas, há, claro, algumas falhas, como o FBI perder David de vista e permitir até mesmo que ele viaje de avião.
Ainda assim, Jogos de Guerra é um bom exemplar de filme-entretenimento com temática responsável e preocupada com a situação atual do planeta. Bem feito, divertido e tenso na medida certa e com boas interpretações. Daqueles que dá vontade de rever uma vez ou outra.
Jogos de Guerra (WarGames: 1983 / EUA)
Direção: John Badham
Roteiro: Lawrence Lasker e Walter F. Parkes
Com: Matthew Broderick, Dabney Coleman, John Wood, Ally Sheedy.
Duração: 114 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Jogos de Guerra
2011-12-17T09:04:00-02:00
Amanda Aouad
aventura|critica|Matthew Broderick|
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