A Hora da Escuridão
Quando eu vi o trailer de A Hora da Escuridão pela primeira vez, pensei: "Mais uma besteira sobre invasão alienígena e fim do mundo". Não estava errada, o filme segue a mesma fórmula já vista em milhares de outros filmes. Mas, de alguma maneira, ele me deixou tensa no início e divertiu em vários pontos. E ainda traz uma grande novidade para esse tipo de filme, o herói aqui não é o americano, apesar de ter um representante digno deles, e sim, os russos.
Tudo começa em Moscou, pelo menos para nós que estamos acompanhando Sean e Ben em uma espécie de jornada "Mamãe quero ser Facebook". Eles vão a Moscou para apresentar sua mais nova criação na internet, quando descobrem que foram enganados e roubados por um Sueco de nome Skyler. A dupla então, resolve beber para esquecer os problemas em um bar russo indicado por eles próprio no tal site e, claro, já encontram outra dupla de americanas perdidas, Natalie e Anne, e o próprio sueco que os enganou. Quando, no meio da noite os alienígenas invisíveis invadem a Terra, os cinco têm que ficar juntos para tentar sobreviver.
Mesmo clichê ao extremo, a apresentação dos personagens é funcional, ficamos conhecendo um pouco da personalidade de cada um e podemos nos envolver com eles a partir de então. Quando a luz apaga e as fagulhas estranhas começam a cair do céu, há tensão também. E a morte do policial tem seu impacto. O problema é que Chris Gorak não teve criatividade para construir as demais mortes, que não são poucas, tornando tudo quase uma repetição cansativa. Vamos seguindo os cinco, deduzindo melhor que eles o que está acontecendo, mas ainda assim, embarcando em sua jornada. Afinal, o mundo está se acabando por ação de um inimigo invisível, e estamos em Moscou, terra estranha para qualquer americano.
Mas, claro que o diretor e os roteiristas querem facilitar para os protagonistas e quase todo mundo em Moscou fala inglês, um primor. Ouvimos a fala russa, eles dizem em inglês "não falamos russo" e pronto. Todo mundo já está falando em inglês fluentemente. Aí também temos alguns clichês como "quero ir para casa", mas que casa se "o mundo inteiro deve estar assim", e, claro, eles correm para a embaixada dos Estados Unidos e lá encontram um rádio dentro de uma gaiola de metal. Quem não se tocou aqui para a gaiola de Faraday vai ter chances de relembrar as aulas de Física mais à frente.
Aí entra uma parte interessante, pois os jovens corajosos não são ajudados pelos americanos e, sim, por diversos grupos de russos, cada um a seu momento. O cientista caseiro, os soldados de rua, ou o exército propriamente dito. O problema é que isso não parece suficiente para os inimigos invisíveis. Outro ponto interessante é que o clichê não poupa a todos, a começar pelo cachorro que surge do nada, a nota triste é a insistência por frases de efeito tolas como "eles mataram o cachorro". Mas, essa é uma das mais inofensivas, já que ainda ouviremos coisas como "Eu tenho que defender o meu lar" ou "hoje é o último dia de extermínio e o primeiro dia de guerra". No elenco, não há grande destaques de interpretação, é aquela correria, gritaria e cara de medo normal. Mas, tenho que destacar a volta de Emile Hirsch após viver literalmente Na Natureza Selvagem, já que estava longe das telas em uma missão humanitária no Congo. Poderia ter escolhido voltar com um papel melhor, é verdade. Mas, é sempre bom vê-lo nas telas.
Os tão esperados efeitos não são nada mais do que a obrigação em produções com um valor orçamentário tão grande. São bem feitos, mas nada que impressione em excesso ou nunca tenha sido visto. Há bons momentos, como quando eles vão ao topo da embaixada e tem uma visão geral da situação na cidade, ou mesmo no início, quando as fagulhas caem do céu, mas nada além disso. A utilização do 3D tem alguns bons momentos de profundidade, mas também não justifica, principalmente pela quantidade de jogos de profundidade de campo, feito com a própria lente focando e desfocando o fundo. Quem gosta de coisinhas voando em nossa frente, só vai ver uma cena onde faíscas caem da tela.
Como disse, A Hora da Escuridão é mais do mesmo daqueles filmes catastrófes sem muita lógica, muita correria e efeitos caprichados. Pode irritar alguns. Muita gente saiu irritada da cabine. A mim, agradou, cumpriu a que veio. Uma sessão pipoca que logo será esquecida, mas enquanto esteve no ar, foi divertida de acompanhar.
A Hora da Escuridão (The Darkest Hour: 2011 / EUA)
Direção: Chris Gorak
Roteiro: Jon Spaihts, M.T. Ahern e Leslie Bohem
Com: Emile Hirsch, Rachael Taylor, Olivia Thirlby, Joel Kinnaman.
Duração: 89 min.
Tudo começa em Moscou, pelo menos para nós que estamos acompanhando Sean e Ben em uma espécie de jornada "Mamãe quero ser Facebook". Eles vão a Moscou para apresentar sua mais nova criação na internet, quando descobrem que foram enganados e roubados por um Sueco de nome Skyler. A dupla então, resolve beber para esquecer os problemas em um bar russo indicado por eles próprio no tal site e, claro, já encontram outra dupla de americanas perdidas, Natalie e Anne, e o próprio sueco que os enganou. Quando, no meio da noite os alienígenas invisíveis invadem a Terra, os cinco têm que ficar juntos para tentar sobreviver.
Mesmo clichê ao extremo, a apresentação dos personagens é funcional, ficamos conhecendo um pouco da personalidade de cada um e podemos nos envolver com eles a partir de então. Quando a luz apaga e as fagulhas estranhas começam a cair do céu, há tensão também. E a morte do policial tem seu impacto. O problema é que Chris Gorak não teve criatividade para construir as demais mortes, que não são poucas, tornando tudo quase uma repetição cansativa. Vamos seguindo os cinco, deduzindo melhor que eles o que está acontecendo, mas ainda assim, embarcando em sua jornada. Afinal, o mundo está se acabando por ação de um inimigo invisível, e estamos em Moscou, terra estranha para qualquer americano.
Mas, claro que o diretor e os roteiristas querem facilitar para os protagonistas e quase todo mundo em Moscou fala inglês, um primor. Ouvimos a fala russa, eles dizem em inglês "não falamos russo" e pronto. Todo mundo já está falando em inglês fluentemente. Aí também temos alguns clichês como "quero ir para casa", mas que casa se "o mundo inteiro deve estar assim", e, claro, eles correm para a embaixada dos Estados Unidos e lá encontram um rádio dentro de uma gaiola de metal. Quem não se tocou aqui para a gaiola de Faraday vai ter chances de relembrar as aulas de Física mais à frente.
Aí entra uma parte interessante, pois os jovens corajosos não são ajudados pelos americanos e, sim, por diversos grupos de russos, cada um a seu momento. O cientista caseiro, os soldados de rua, ou o exército propriamente dito. O problema é que isso não parece suficiente para os inimigos invisíveis. Outro ponto interessante é que o clichê não poupa a todos, a começar pelo cachorro que surge do nada, a nota triste é a insistência por frases de efeito tolas como "eles mataram o cachorro". Mas, essa é uma das mais inofensivas, já que ainda ouviremos coisas como "Eu tenho que defender o meu lar" ou "hoje é o último dia de extermínio e o primeiro dia de guerra". No elenco, não há grande destaques de interpretação, é aquela correria, gritaria e cara de medo normal. Mas, tenho que destacar a volta de Emile Hirsch após viver literalmente Na Natureza Selvagem, já que estava longe das telas em uma missão humanitária no Congo. Poderia ter escolhido voltar com um papel melhor, é verdade. Mas, é sempre bom vê-lo nas telas.
Os tão esperados efeitos não são nada mais do que a obrigação em produções com um valor orçamentário tão grande. São bem feitos, mas nada que impressione em excesso ou nunca tenha sido visto. Há bons momentos, como quando eles vão ao topo da embaixada e tem uma visão geral da situação na cidade, ou mesmo no início, quando as fagulhas caem do céu, mas nada além disso. A utilização do 3D tem alguns bons momentos de profundidade, mas também não justifica, principalmente pela quantidade de jogos de profundidade de campo, feito com a própria lente focando e desfocando o fundo. Quem gosta de coisinhas voando em nossa frente, só vai ver uma cena onde faíscas caem da tela.
Como disse, A Hora da Escuridão é mais do mesmo daqueles filmes catastrófes sem muita lógica, muita correria e efeitos caprichados. Pode irritar alguns. Muita gente saiu irritada da cabine. A mim, agradou, cumpriu a que veio. Uma sessão pipoca que logo será esquecida, mas enquanto esteve no ar, foi divertida de acompanhar.
A Hora da Escuridão (The Darkest Hour: 2011 / EUA)
Direção: Chris Gorak
Roteiro: Jon Spaihts, M.T. Ahern e Leslie Bohem
Com: Emile Hirsch, Rachael Taylor, Olivia Thirlby, Joel Kinnaman.
Duração: 89 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Hora da Escuridão
2012-01-14T08:38:00-02:00
Amanda Aouad
acao|aventura|critica|Emile Hirsch|ficcao cientifica|
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