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E aí... Comeu?
E aí... Comeu?
Baseado na peça de Marcelo Rubens Paiva, “E aí... comeu?” é mais uma comédia escrachada brasileira, mas que traz nuanças que o tornam mais interessantes que a maioria delas. Sendo uma evolução também no trabalho do diretor Felipe Joffily (Muita Calma Nessa Hora).
O foco é o universo masculino. Há um misto na composição dos seus protagonistas de estereótipos machistas, fantasias sexuais da classe e uma segunda camada que demonstra o real perfil daqueles que aparentemente são senhores da situação. Tudo gira em torno de Fernando (Bruno Mazzeo), Honório (Marcos Palmeiras) e Afonsinho (Emílio Orciollo Netto). Três amigos que representam os estereótipos básicos do homem “moderno”, o recém-separado sofrendo ainda pelo fim do romance, o solteiro convicto que só pensa em sexo, o casado acomodado que quase não tem mais relações com a esposa.
A estrutura do roteiro tem como ponto central o Bar Harmonia, onde os três se encontram para falar de mulheres e sexo com expressões chulas e um ritmo ágil que dá a sensação de estarmos vendo três chauvinistas convictos. Tanto que temos o contraponto de três mulheres sempre horrorizadas com as conversas diversas. Isso sem contar com a participação pontual de Seo Jorge, como o garçom “Seo Jorge”, em uma brincadeira com o próprio cantor. Mas, o ponto fundamental do roteiro do próprio de Marcelo Rubens Paiva e de Lusa Silvestre (roteirista de Estômago) é o que está por trás desses três personagens.
Aparentemente rasos, estereotipados e quase intragáveis, Fernando, Honório e Afonsinho são o retrato do ser humano inseguro. Cada um, à sua maneira tem um ponto fraco e uma necessidade de auto-afirmação que reflete apenas os homens frustrados que são. Medos que precisam ser escondidos com humilhações verbais, contagem de vantagens, definições tolas da tradição do macho que caça e tem que mostrar que é o bom. Nesse processo de identificação do que são de fato é que o texto cresce em camadas, não se tornando apenas uma comédia rasa com palavrões e referências sexuais. O marido que não sabe como lidar com a esposa que cansou de ser deixada de lado, o ex que ainda gosta de mulher e mesmo depois de ouvir dela que está namorando com outro, fica feliz quando ela não assina o divórcio, e o cara que apesar de parecer feliz como solteiro, pede atenção de uma prostituta.
Mas, ao mesmo tempo que tem essa puxada de tapete na classe masculina, E aí... comeu? procura também satisfazer todas as suas fantasias sexuais, inclusive na figura de uma ninfeta bem resolvida que parece o sonho de consumo de qualquer um deles. E Felipe Joffily consegue conduzir isso bem, explorando os detalhes e deixando que os três atores ditarem o ritmo em diálogos ágeis e bem construídos.
Porém, o filme peca nas ilustrações, principalmente na primeira parte. A apresentação dos personagens com cenas que traduzem o que eles contam no bar é de um mau gosto sem sentido. Dá a impressão de um filme rasteiro ou de um programa de humor televisivo com os comentários do personagem de Marcos Palmeira. Pontualmente, esse recurso retorna em alguns momentos, tendo o mesmo efeito ruim. Uma ideia estrutural que só não põe o filme a perder por causa da boa performance dos atores.
Então, diante de obras como “Muita Calma nessa hora”, “Cilada.com”, “De Pernas para o Ar”, “Billi Pig” e outros exemplares recentes da comédia brasileira, “E aí... comeu?” se torna uma alternativa interessante, com um jogo exploratório menos raso, que tem um objetivo maior do que simplesmente fazer os espectadores rir com bobagens, insinuações sexuais e jogos duplos.
E aí... Comeu? (E aí... Comeu?, 2012 / Brasil)
Direção: Felipe Joffily
Roteiro: Lusa Silvestre e Marcelo Rubens Paiva
Com: Bruno Mazzeo, Marcos Palmeira, Emílio Orciollo Netto, Dira Paes, Seu Jorge, Tainá Müller e Laura Neiva
Duração: 110 min
O foco é o universo masculino. Há um misto na composição dos seus protagonistas de estereótipos machistas, fantasias sexuais da classe e uma segunda camada que demonstra o real perfil daqueles que aparentemente são senhores da situação. Tudo gira em torno de Fernando (Bruno Mazzeo), Honório (Marcos Palmeiras) e Afonsinho (Emílio Orciollo Netto). Três amigos que representam os estereótipos básicos do homem “moderno”, o recém-separado sofrendo ainda pelo fim do romance, o solteiro convicto que só pensa em sexo, o casado acomodado que quase não tem mais relações com a esposa.
A estrutura do roteiro tem como ponto central o Bar Harmonia, onde os três se encontram para falar de mulheres e sexo com expressões chulas e um ritmo ágil que dá a sensação de estarmos vendo três chauvinistas convictos. Tanto que temos o contraponto de três mulheres sempre horrorizadas com as conversas diversas. Isso sem contar com a participação pontual de Seo Jorge, como o garçom “Seo Jorge”, em uma brincadeira com o próprio cantor. Mas, o ponto fundamental do roteiro do próprio de Marcelo Rubens Paiva e de Lusa Silvestre (roteirista de Estômago) é o que está por trás desses três personagens.
Aparentemente rasos, estereotipados e quase intragáveis, Fernando, Honório e Afonsinho são o retrato do ser humano inseguro. Cada um, à sua maneira tem um ponto fraco e uma necessidade de auto-afirmação que reflete apenas os homens frustrados que são. Medos que precisam ser escondidos com humilhações verbais, contagem de vantagens, definições tolas da tradição do macho que caça e tem que mostrar que é o bom. Nesse processo de identificação do que são de fato é que o texto cresce em camadas, não se tornando apenas uma comédia rasa com palavrões e referências sexuais. O marido que não sabe como lidar com a esposa que cansou de ser deixada de lado, o ex que ainda gosta de mulher e mesmo depois de ouvir dela que está namorando com outro, fica feliz quando ela não assina o divórcio, e o cara que apesar de parecer feliz como solteiro, pede atenção de uma prostituta.
Mas, ao mesmo tempo que tem essa puxada de tapete na classe masculina, E aí... comeu? procura também satisfazer todas as suas fantasias sexuais, inclusive na figura de uma ninfeta bem resolvida que parece o sonho de consumo de qualquer um deles. E Felipe Joffily consegue conduzir isso bem, explorando os detalhes e deixando que os três atores ditarem o ritmo em diálogos ágeis e bem construídos.
Porém, o filme peca nas ilustrações, principalmente na primeira parte. A apresentação dos personagens com cenas que traduzem o que eles contam no bar é de um mau gosto sem sentido. Dá a impressão de um filme rasteiro ou de um programa de humor televisivo com os comentários do personagem de Marcos Palmeira. Pontualmente, esse recurso retorna em alguns momentos, tendo o mesmo efeito ruim. Uma ideia estrutural que só não põe o filme a perder por causa da boa performance dos atores.
Então, diante de obras como “Muita Calma nessa hora”, “Cilada.com”, “De Pernas para o Ar”, “Billi Pig” e outros exemplares recentes da comédia brasileira, “E aí... comeu?” se torna uma alternativa interessante, com um jogo exploratório menos raso, que tem um objetivo maior do que simplesmente fazer os espectadores rir com bobagens, insinuações sexuais e jogos duplos.
E aí... Comeu? (E aí... Comeu?, 2012 / Brasil)
Direção: Felipe Joffily
Roteiro: Lusa Silvestre e Marcelo Rubens Paiva
Com: Bruno Mazzeo, Marcos Palmeira, Emílio Orciollo Netto, Dira Paes, Seu Jorge, Tainá Müller e Laura Neiva
Duração: 110 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
E aí... Comeu?
2012-06-23T09:00:00-03:00
Amanda Aouad
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