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007 - Operação Skyfall
007 - Operação Skyfall
Em cinquenta anos, James Bond já foi e viveu de tudo. A fórmula de seus filmes parece batida e até cansativa em um mundo onde a espionagem parece não ter mais vez. Operação Skyfall chega como um refresco interessante, discutindo a utilidade ainda desse famoso agente e trazendo mais complexidade às suas tramas.
Tudo começa como de costume, 007 está em plena ação, algo mirabolante com muita correria, ações quase impossíveis e uma missão prestes a falhar. Mas, talvez seja a primeira vez em que a introdução desconstrua o mito de uma maneira tão forte. Logo depois vem a abertura, muito bem feita com a bela música de Adele e somos convidados a um mergulho mais íntimo ao inconsciente do personagem. Essa é a grande diferença de Operação Skyfall, o desenvolvimento dos personagens.
Dizem que é na crise que nós conhecemos verdadeiramente as pessoas. James Bond está em crise. Não apenas ele, mas toda a divisão 00. A própria autoridade e competência de M está em jogo. O mote é o sumiço de um HD contendo informações pessoais sobre todos os agentes infiltrados em grupos terroristas. A instituição falhou e, nesse clima, a máscara blasé começa a cair e os sentimentos vão sendo desenvolvidos. Para que o jogo possa funcionar de uma maneira harmônica, é preciso um vilão a altura. O personagem de Javier Bardem surge como a luva perfeita. Mr. Silva não quer dominar o mundo, ele é mais do que isso.
A construção de Javier Bardem é digna de aplausos. Ele consegue ser irônico, doentio, assustador, em uma simulação caricata. Ele gosta do jogo psicológico e em muitos momentos nos lembra o Coringa, arqui-inimigo de Batman. Até mesmo a sua postura curvada e olhar perdido traz ecos da interpretação de Heath Ledger. Mas, ele traz uma humanização bem vinda, uma qualidade ferida e uma justificativa plausível para os seus atos.
007 - Operação Skyfall não é um filme de espionagem. E nem poderia, em um mundo que não acredita mais nisso. A própria questão é desenvolvida de uma forma bem adulta no filme. E os personagens discutem literalmente qual seria a utilidade da espionagem no mundo de hoje, como no julgamento onde M está testemunhando. O próprio 007 também é colocado em cheque, pela idade e capacidade ainda ou não de continuar no serviço. E tudo isso acaba nos levando para mais perto do James Bond. Não do nome, mas da pessoa por trás da máscara. Pelo ser humano que não é um simples executor de tarefas.
Toda essa complexidade não descaracteriza a série. O trabalho envolvente de Sam Mendes é exatamente dosar o aprofundamento na trama e as referências à todos esses anos de existência no cinema. Há piadas, há referências a outros objetos, há ação, mentirosa muitas vezes como todos os outros. Ele apenas ousa ir além.
A direção também chama a atenção em alguns detalhes, como a cena em que M está ao fundo tendo todos os caixões das primeiras vítimas enfileirados. Uma dimensão exata do sentimento de fracasso da personagem. Há sequências belas também como o jogo de luzes em Xangai. Ou toda a tensão criada em Skyfall.
Apontados por muitos como o melhor da franquia, 007 - Operação Skyfall é, sem dúvidas, um filme maduro. Consegue dosar ação, diversão e aprofundamento de temas de uma maneira muito competente. Dá um passo além dentro da série, sem descaracterizá-la, adaptando-a aos tempos em que vivemos. Um belo filme.
007 - Operação Skyfall (Skyfall, 2012 / EUA)
Direção: Sam Mendes
Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade e John Logan
Com: Daniel Craig, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Judi Dench e Bérénice Marlohe
Duração: 143 min
Tudo começa como de costume, 007 está em plena ação, algo mirabolante com muita correria, ações quase impossíveis e uma missão prestes a falhar. Mas, talvez seja a primeira vez em que a introdução desconstrua o mito de uma maneira tão forte. Logo depois vem a abertura, muito bem feita com a bela música de Adele e somos convidados a um mergulho mais íntimo ao inconsciente do personagem. Essa é a grande diferença de Operação Skyfall, o desenvolvimento dos personagens.
Dizem que é na crise que nós conhecemos verdadeiramente as pessoas. James Bond está em crise. Não apenas ele, mas toda a divisão 00. A própria autoridade e competência de M está em jogo. O mote é o sumiço de um HD contendo informações pessoais sobre todos os agentes infiltrados em grupos terroristas. A instituição falhou e, nesse clima, a máscara blasé começa a cair e os sentimentos vão sendo desenvolvidos. Para que o jogo possa funcionar de uma maneira harmônica, é preciso um vilão a altura. O personagem de Javier Bardem surge como a luva perfeita. Mr. Silva não quer dominar o mundo, ele é mais do que isso.
A construção de Javier Bardem é digna de aplausos. Ele consegue ser irônico, doentio, assustador, em uma simulação caricata. Ele gosta do jogo psicológico e em muitos momentos nos lembra o Coringa, arqui-inimigo de Batman. Até mesmo a sua postura curvada e olhar perdido traz ecos da interpretação de Heath Ledger. Mas, ele traz uma humanização bem vinda, uma qualidade ferida e uma justificativa plausível para os seus atos.
007 - Operação Skyfall não é um filme de espionagem. E nem poderia, em um mundo que não acredita mais nisso. A própria questão é desenvolvida de uma forma bem adulta no filme. E os personagens discutem literalmente qual seria a utilidade da espionagem no mundo de hoje, como no julgamento onde M está testemunhando. O próprio 007 também é colocado em cheque, pela idade e capacidade ainda ou não de continuar no serviço. E tudo isso acaba nos levando para mais perto do James Bond. Não do nome, mas da pessoa por trás da máscara. Pelo ser humano que não é um simples executor de tarefas.
Toda essa complexidade não descaracteriza a série. O trabalho envolvente de Sam Mendes é exatamente dosar o aprofundamento na trama e as referências à todos esses anos de existência no cinema. Há piadas, há referências a outros objetos, há ação, mentirosa muitas vezes como todos os outros. Ele apenas ousa ir além.
A direção também chama a atenção em alguns detalhes, como a cena em que M está ao fundo tendo todos os caixões das primeiras vítimas enfileirados. Uma dimensão exata do sentimento de fracasso da personagem. Há sequências belas também como o jogo de luzes em Xangai. Ou toda a tensão criada em Skyfall.
Apontados por muitos como o melhor da franquia, 007 - Operação Skyfall é, sem dúvidas, um filme maduro. Consegue dosar ação, diversão e aprofundamento de temas de uma maneira muito competente. Dá um passo além dentro da série, sem descaracterizá-la, adaptando-a aos tempos em que vivemos. Um belo filme.
007 - Operação Skyfall (Skyfall, 2012 / EUA)
Direção: Sam Mendes
Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade e John Logan
Com: Daniel Craig, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Judi Dench e Bérénice Marlohe
Duração: 143 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
007 - Operação Skyfall
2012-11-04T07:30:00-03:00
Amanda Aouad
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