
Em Curvas da Vida, Eastwood é Gus, um olheiro de baseball que está perdendo a visão. Tentando esconder esse detalhe de seus empregadores, ele parte para mais uma missão, sem saber que além da visão tem que enfrentar um novo inimigo, o computador. A nova estratégia de análise estatística parece uma tendência e o olheiro não tem mais tanta voz. Diante de um cenário tão pessimista, a filha de Gus, interpretada por Amy Adams acaba viajando com ele para a Carolina do Norte, em parte para vigiá-lo. Em parte, ainda que inconscientemente, para resgatar uma relação difícil.

Assim é também o personagem de Matthew Lillard, o homem da estatística que quer tornar os olheiros obsoletos. A forma como o filme nos leva para o ponto de vista do olheiro Gus torna essa estratégia de computador algo frio, tolo e errático. Parece um absurdo completo. Mas, tivemos um exemplo recente de outro filme que nos levou na direção exatamente oposta. O homem que mudou o jogo, com Brad Pitt. Ali, os olheiros é que nos pareciam retrógrados e, realmente, obsoletos. Tudo parece mesmo uma questão de ponto de vista no cinema.

O filme se pauta então em pequenos plots que constituem o todo, muito mais do que o objetivo aparente de descobrir se o rebatedor é ou não a melhor escolha para o time. Temos o conflito pai e filha, com suas amarras no passado, as discussões constantes e o visível amor entre eles. Há a questão da mulher no mercado de trabalho, com a personagem de Amy Adams tentando ser sócia do escritório de advocacia e sua dificuldade com relacionamentos amorosos. Temos ainda a questão da velhice, um dos pontos chaves do filme, com as tentativas de aposentar o personagem de Clint Eastwood, não só por sua própria doença. Por fim, temos a questão de sonhos e oportunidades, que o filme trabalha em diversas instâncias.

Curvas da Vida é daquele tipo de filme feito para emocionar. Uma história de superação, de reconciliações e de autoafirmação humana. Ainda mais com um bom elenco que se entrega aos personagens. Porém, esse excesso de zelo quase didático acaba por tornar tudo muito exposto. Nos falta ar para sermos surpreendidos, para descobrirmos uma sutileza na trama, ou mesmo para pensarmos após a sessão. Sem tantos atrativos. Apenas uma boa história contada de maneira correta, porém previsível.
Curvas da Vida (Trouble with the Curve, 2012 / EUA)
Direção: Robert Lorenz
Roteiro: Randy Brown
Com: Clint Eastwood, Amy Adams, John Goodman, Matthew Lillard, Robert Patrick e Justin Timberlake
Duração: 111 min.