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Tarantino: diretor ou roteirista?
Tarantino: diretor ou roteirista?
Mais uma contagem regressiva para o Oscar e sempre tem os eternos comentários e reclamações pela ausência desse ou daquele nome preferido. Um diretor que ainda precisa conquistar a Academia é Quentin Tarantino. E talvez, quando fizer isso, ela volte a ter o respeito do público jovem que tanto quer conquistar. Afinal, Tarantino é o ídolo de muitos cinéfilos da nova geração.
É verdade, ele começou a carreira dele atrás de um balcão de locadora de vídeo, devorando filmes diversos e sendo autodidata. Mas, o que poucos sabem é que Tarantino já fez cursos de cinema... Como ator. Esse era o seu primeiro sonho, talvez por isso, sempre arrume uma ponta para fazer em seus filmes. Mas, chance mesmo em Hollywood ele só começou a ter como roteirista.
Sempre em busca de seu primeiro filme, Tarantino escrevia e reescrevia ideias, mas não conseguia nenhuma produtora que se arriscasse a lançar um filme de um diretor desconhecido. Foi, então, que ele começou a mostrar seus roteiros para diretores já consagrados e começou a fazer contatos. O fato é que ele conseguiu financiamento para um roteiro mais simples, com menos custos. E quando, finalmente, Cães de de Aluguel saiu do papel, ele já tinha pronto mais três roteiros para seu primeiro filme: Amor à Queima Roupa, Assassinos por Natureza e Um Drink no Inferno. Todos lançados posteriormente e dirigidos respectivamente por Tony Scott, Oliver Stone e Robert Rodriguez.
Tarantino disse que tinha escrito todos para ser o seu primeiro filme, por isso, não teria mais sentido dirigi-los. Meio que perdeu a graça, como ele contou no livro de Paul A. Woods. De Amor à Queima Roupa e Um Drink no Inferno ele gostou. Mas, achou que Oliver Stone mudou tanto o seu roteiro original que não mais se reconheceu no filme e pediu para tirar seu nome dos créditos de roteirista.
Com o impacto de Cães de Aluguel, Tarantino conseguiu 8 milhões para o meu próximo projeto, Pulp Fiction, com o qual surpreendeu o mundo e se tornou um dos diretores mais cultuados de sua geração. Com Django Livre são sete grandes obras de sucesso que levam o seu selo. Isso sem falar nas participações em projetos como Sin City - A Cidade do Pecado, em que dirigiu uma cena, e Grand Hotel, em que participou com um curta. Isso só para ficar no cinema, já que na televisão, ele já dirigiu também alguns especiais como dois episódios de CSI.
Nem tudo foram flores, é verdade. Seus filmes geraram curiosidade, mas também muita polêmica. Acusado de ser violento ao extremo, a começar pela cena de tortura de Cães de Aluguel, além de ter muitos palavrões, Tarantino também foi taxado de racista por incluir em seus diálogos a expressão "nigger", uma expressão depreciativa para a palavra negro, que em português seria algo como crioulo. Tarantino admite que é uma palavra tabu na língua inglesa, mas ele não considera deixar de usá-la. "As palavras não devem ter todo esse poder, e toda vez que você usa uma palavra assim, deve tirar o poder dela. É mesquinho ficar ofendido apenas pelo uso de uma palavra... é uma visão muito limitada e não me afeta realmente, mas amo esse discurso, é bem divertido. Foi na verdade um cara negro que me contou essa história toda" (retirado do livro de Paul A. Woods).
Ainda assim, parece que o diretor de uma geração, que criou estilos, moda e um jeito próprio de reinventar a cultura pop e a bagagem cinematográfica, continua sendo visto pela Academia como roteirista. Aquele que batia de estúdio em estúdio pedindo uma chance de ser lido. Tudo bem, ele já foi indicado à direção por Pulp Fiction e Bastardos Inglórios. E, apesar de não ter sido indicado esse ano, seu filme Django Livre está entre os nove finalistas de melhor filme. Mas, assim como Woody Allen, suas chances estão sempre voltadas para a categoria de roteiro que venceu em 93, por Pulp Fiction.
No Globo de Ouro, Django Livre já levou melhor roteiro, resta saber se isso irá se repetir no Oscar. Muitos apostam que não e, realmente, comparando a Bastardos Inglórios, por exemplo, que perdeu para Guerra ao Terror, o roteiro de Django Livre é bastante inferior. E olha que Bastardos falava de nazismo, era uma espécie de desforra dos judeus chegando a literalmente matar Hitler no cinema. Mesmo assim, não deu.
Mas, será mesmo que Tarantino é melhor roteirista que diretor? Alguns dizem que o que chamou a atenção em suas obras, foi mesmo o roteiro. E que ele só começou a demonstrar algum diferencial na direção a partir de Kill Bill. De fato, a cada obra ele parece amadurecer nesse quesito, enquanto que o roteirista já parecia pronto, vide os ótimos plots de Cães de Aluguel, em que ele consegue segurar um filme de ação em um galpão.
Bastardos Inglórios parece, então, seu trabalho mais maduro. Onde a direção primou por cenas como a primeira do diálogo todo conduzido por uma câmera perspicaz e detalhes de cena bem colocados. Django Livre curiosamente, parece ter uma direção até melhor que o roteiro, que se perde em alguns excessos. Se ganhar o Oscar vai acabar não sendo tão justo quanto seria se ganhasse há dois anos. Coisas da Academia...
O fato é que parece que premiação, bilheteria e público não falam a mesma língua há um bom tempo. Não era assim na época áurea de Hollywood. Diretores populares, que arrebatam grandes massas, parecem sempre menosprezados. O próprio Steven Spielberg, favorito esse ano, passou boa parte de sua carreira com sucessos como E.T., Tubarão ou Contatos Imediatos do Terceiro Grau, mas só conseguiu reconhecimento anos depois com A Lista de Schindler. Quem sabe, quando Tarantino terá a sua vez.
Filmografia de diretor:
Cães de Aluguel (1992)
Pulp Fiction (1994)
Jackie Brown (1997)
Kill Bill volume 1 e 2 (2003 / 2004)
À Prova de Morte (2007)
Bastardos Inglórios (2009)
Django Livre (2012)
No Oscar:
Indicado a melhor diretor por Pulp Fiction, mas ganhou apenas em roteiro. Vencedor daquele ano: Robert Zemeckis – Forrest Gump
Indicado melhor diretor e roteiro por Bastardos Inglórios - não venceu nenhum dos dois. Vencedor daquele ano: Kathryn Bigelow e Guerra ao Terror
Indicado a melhor roteiro por Django Livre.
E para quem ainda não viu este curta, recomendo. Assista abaixo Tarantino`s Mind. #oldbutgold
É verdade, ele começou a carreira dele atrás de um balcão de locadora de vídeo, devorando filmes diversos e sendo autodidata. Mas, o que poucos sabem é que Tarantino já fez cursos de cinema... Como ator. Esse era o seu primeiro sonho, talvez por isso, sempre arrume uma ponta para fazer em seus filmes. Mas, chance mesmo em Hollywood ele só começou a ter como roteirista.
Sempre em busca de seu primeiro filme, Tarantino escrevia e reescrevia ideias, mas não conseguia nenhuma produtora que se arriscasse a lançar um filme de um diretor desconhecido. Foi, então, que ele começou a mostrar seus roteiros para diretores já consagrados e começou a fazer contatos. O fato é que ele conseguiu financiamento para um roteiro mais simples, com menos custos. E quando, finalmente, Cães de de Aluguel saiu do papel, ele já tinha pronto mais três roteiros para seu primeiro filme: Amor à Queima Roupa, Assassinos por Natureza e Um Drink no Inferno. Todos lançados posteriormente e dirigidos respectivamente por Tony Scott, Oliver Stone e Robert Rodriguez.
Tarantino disse que tinha escrito todos para ser o seu primeiro filme, por isso, não teria mais sentido dirigi-los. Meio que perdeu a graça, como ele contou no livro de Paul A. Woods. De Amor à Queima Roupa e Um Drink no Inferno ele gostou. Mas, achou que Oliver Stone mudou tanto o seu roteiro original que não mais se reconheceu no filme e pediu para tirar seu nome dos créditos de roteirista.
Com o impacto de Cães de Aluguel, Tarantino conseguiu 8 milhões para o meu próximo projeto, Pulp Fiction, com o qual surpreendeu o mundo e se tornou um dos diretores mais cultuados de sua geração. Com Django Livre são sete grandes obras de sucesso que levam o seu selo. Isso sem falar nas participações em projetos como Sin City - A Cidade do Pecado, em que dirigiu uma cena, e Grand Hotel, em que participou com um curta. Isso só para ficar no cinema, já que na televisão, ele já dirigiu também alguns especiais como dois episódios de CSI.
Nem tudo foram flores, é verdade. Seus filmes geraram curiosidade, mas também muita polêmica. Acusado de ser violento ao extremo, a começar pela cena de tortura de Cães de Aluguel, além de ter muitos palavrões, Tarantino também foi taxado de racista por incluir em seus diálogos a expressão "nigger", uma expressão depreciativa para a palavra negro, que em português seria algo como crioulo. Tarantino admite que é uma palavra tabu na língua inglesa, mas ele não considera deixar de usá-la. "As palavras não devem ter todo esse poder, e toda vez que você usa uma palavra assim, deve tirar o poder dela. É mesquinho ficar ofendido apenas pelo uso de uma palavra... é uma visão muito limitada e não me afeta realmente, mas amo esse discurso, é bem divertido. Foi na verdade um cara negro que me contou essa história toda" (retirado do livro de Paul A. Woods).
Ainda assim, parece que o diretor de uma geração, que criou estilos, moda e um jeito próprio de reinventar a cultura pop e a bagagem cinematográfica, continua sendo visto pela Academia como roteirista. Aquele que batia de estúdio em estúdio pedindo uma chance de ser lido. Tudo bem, ele já foi indicado à direção por Pulp Fiction e Bastardos Inglórios. E, apesar de não ter sido indicado esse ano, seu filme Django Livre está entre os nove finalistas de melhor filme. Mas, assim como Woody Allen, suas chances estão sempre voltadas para a categoria de roteiro que venceu em 93, por Pulp Fiction.
No Globo de Ouro, Django Livre já levou melhor roteiro, resta saber se isso irá se repetir no Oscar. Muitos apostam que não e, realmente, comparando a Bastardos Inglórios, por exemplo, que perdeu para Guerra ao Terror, o roteiro de Django Livre é bastante inferior. E olha que Bastardos falava de nazismo, era uma espécie de desforra dos judeus chegando a literalmente matar Hitler no cinema. Mesmo assim, não deu.
Mas, será mesmo que Tarantino é melhor roteirista que diretor? Alguns dizem que o que chamou a atenção em suas obras, foi mesmo o roteiro. E que ele só começou a demonstrar algum diferencial na direção a partir de Kill Bill. De fato, a cada obra ele parece amadurecer nesse quesito, enquanto que o roteirista já parecia pronto, vide os ótimos plots de Cães de Aluguel, em que ele consegue segurar um filme de ação em um galpão.
Bastardos Inglórios parece, então, seu trabalho mais maduro. Onde a direção primou por cenas como a primeira do diálogo todo conduzido por uma câmera perspicaz e detalhes de cena bem colocados. Django Livre curiosamente, parece ter uma direção até melhor que o roteiro, que se perde em alguns excessos. Se ganhar o Oscar vai acabar não sendo tão justo quanto seria se ganhasse há dois anos. Coisas da Academia...
O fato é que parece que premiação, bilheteria e público não falam a mesma língua há um bom tempo. Não era assim na época áurea de Hollywood. Diretores populares, que arrebatam grandes massas, parecem sempre menosprezados. O próprio Steven Spielberg, favorito esse ano, passou boa parte de sua carreira com sucessos como E.T., Tubarão ou Contatos Imediatos do Terceiro Grau, mas só conseguiu reconhecimento anos depois com A Lista de Schindler. Quem sabe, quando Tarantino terá a sua vez.
Filmografia de diretor:
Cães de Aluguel (1992)
Pulp Fiction (1994)
Jackie Brown (1997)
Kill Bill volume 1 e 2 (2003 / 2004)
À Prova de Morte (2007)
Bastardos Inglórios (2009)
Django Livre (2012)
No Oscar:
Indicado a melhor diretor por Pulp Fiction, mas ganhou apenas em roteiro. Vencedor daquele ano: Robert Zemeckis – Forrest Gump
Indicado melhor diretor e roteiro por Bastardos Inglórios - não venceu nenhum dos dois. Vencedor daquele ano: Kathryn Bigelow e Guerra ao Terror
Indicado a melhor roteiro por Django Livre.
E para quem ainda não viu este curta, recomendo. Assista abaixo Tarantino`s Mind. #oldbutgold
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Tarantino: diretor ou roteirista?
2013-01-30T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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