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A Hospedeira
A Hospedeira
A Hospedeira não é Crepúsculo, é verdade. Mas, a trama semi-futurista de alienígenas tomando corpos dos terráqueos tem semelhanças com a série vampiresca que vão além do fato de serem ambas obras de Stephenie Meyer.
Em um futuro não-determinado, a Terra está em paz. Não porque os seres humanos aprenderam a conviver com ela, mas porque o planeta foi invadido por uma estranha raça alienígena que utiliza os corpos como hospedeiros. É nesse mundo que encontramos a protagonista Melanie, interpretada por Saoirse Ronan, fugindo daqueles que são conhecidos como Buscadores. Perdendo a luta, o corpo da moça passa a ser a casa da alienígena conhecida como Peregrina, mas sua alma se recusa a ir embora e as duas vão ter que dividir o mesmo espaço, contrariando a física, é verdade, mas quem se importa?
Essa situação inusitada torna a personagem quase uma esquizofrênica. A Peregrina tem como missão, desvendar a mente de Melanie e descobrir o paradeiro dos demais humanos que ainda resistem à invasão. Mas, ao ir conhecendo-a acaba se afeiçoando por ela e por seus familiares. Como não tem coragem de traí-los, vai acabar se juntando a eles de uma maneira complexa que cria diversas outras situações, até uma insinuação de triângulo amoroso. Talvez, essa insinuação seja apenas uma piadinha de Stephenie Meyer ou ela acredite mesmo que seja uma fórmula de sucesso. Mas, esta acaba não sendo a principal questão de A Hospedeira.
O ponto central é mesmo que ela foca no amor. Independente do gênero, da época e dos recursos de suas histórias, o amor é um ponto central, e talvez por isso, as adolescentes a amem tanto. Falo isso não por ter problemas com histórias de amor. Pelo contrário, adoro e as acho necessárias. Mas, o argumento de A Hospedeira poderia ir muito além desse ponto, explorando o mundo criado pela autora e as questões éticas e humanas por trás dele. É forte essa ideia de seres alienígenas superiores que não mentem, não ferem, não matam, seguindo códigos de condutas rígidos, mas que ao mesmo tempo são capazes de tomar vidas e planetas alheios.
Mais do que isso, é instigante o argumento de que nós, seres humanos, não conseguimos evoluir e precisamos de outros seres para resolver as questões básicas de violência, fome, miséria e doenças. O próprio fato dos alienígenas não mentirem é de se chamar a atenção. Ao agir em concordância com a consciência de Melanie, a Peregrina quase que se torna a primeira mentirosa, tal qual o filme de Ricky Gervais.
Só que, em meio a tantos argumentos interessantes e possibilidades de desenvolvimento, Stephenie Meyer escolhe o viés pessoal de uma menina que gosta de um menino e que vai convencendo a menina alienígena de que eles valem a pena, tanto que ela começa a gostar do outro menino e daquelas pessoas. E todos sofrem muito, sempre sofrem muito. Porque a autora tem que colocar seus personagens para sofrer tanto? Mas, pelo menos, a protagonista não é apagada. Pelo contrário, ambas são bastante fortes e determinadas. E inteligentes, é bom frisar.
Mas, com uma história que acaba se centrando em um grupo no meio de uma caverna, a direção de Andrew Niccol se torna quase burocrática. Tudo é muito lento, parece que não tem assunto para um longametragem e assim as cenas vão se arrastando. Fora que os signos escolhidos para tornar essa raça alienígena superior são bem tolos. Todos os buscadores usam roupas brancas que os tornam próximos de astronautas. E seus meios de locomoção são carros e helicópteros prata espelhado. Fora isso, tudo igual à Terra que já conhecemos.
Outra escolha tola é o recurso de colocar um desfoque nas bordas da imagem sempre que é uma lembrança de Melanie sendo desvendada pela Pelegrina, que torna tudo muito didático. Aliás, o excesso de didática é um dos problemas da trama. Logo no início temos uma extensa explicação do mundo, da situação e da trama. Tudo é nos dado de bandeja, não deixando nenhum mistério para irmos descobrindo aos poucos.
No final, A Hospedeira não chega a ser um filme ruim. Mas, também não é bom. É daqueles que não geram amor, nem ódio. Uma trama morna, com alguns argumentos interessantes e momentos envolventes. Mas, que também tem momentos cansativos e outros tantos argumentos tolos para o desenvolvimento da trama. E o maior de todos é a questão que fica: por que a Peregrina demorou tanto para explicar um certo segredo?
A Hospedeira (The Host, 2013 / EUA)
Direção: Andrew Niccol
Roteiro: Andrew Niccol
Com: Saoirse Ronan, Max Irons, Jake Abel, Diane Kruger, William Hurt
Duração: 125 min.
Em um futuro não-determinado, a Terra está em paz. Não porque os seres humanos aprenderam a conviver com ela, mas porque o planeta foi invadido por uma estranha raça alienígena que utiliza os corpos como hospedeiros. É nesse mundo que encontramos a protagonista Melanie, interpretada por Saoirse Ronan, fugindo daqueles que são conhecidos como Buscadores. Perdendo a luta, o corpo da moça passa a ser a casa da alienígena conhecida como Peregrina, mas sua alma se recusa a ir embora e as duas vão ter que dividir o mesmo espaço, contrariando a física, é verdade, mas quem se importa?
Essa situação inusitada torna a personagem quase uma esquizofrênica. A Peregrina tem como missão, desvendar a mente de Melanie e descobrir o paradeiro dos demais humanos que ainda resistem à invasão. Mas, ao ir conhecendo-a acaba se afeiçoando por ela e por seus familiares. Como não tem coragem de traí-los, vai acabar se juntando a eles de uma maneira complexa que cria diversas outras situações, até uma insinuação de triângulo amoroso. Talvez, essa insinuação seja apenas uma piadinha de Stephenie Meyer ou ela acredite mesmo que seja uma fórmula de sucesso. Mas, esta acaba não sendo a principal questão de A Hospedeira.
O ponto central é mesmo que ela foca no amor. Independente do gênero, da época e dos recursos de suas histórias, o amor é um ponto central, e talvez por isso, as adolescentes a amem tanto. Falo isso não por ter problemas com histórias de amor. Pelo contrário, adoro e as acho necessárias. Mas, o argumento de A Hospedeira poderia ir muito além desse ponto, explorando o mundo criado pela autora e as questões éticas e humanas por trás dele. É forte essa ideia de seres alienígenas superiores que não mentem, não ferem, não matam, seguindo códigos de condutas rígidos, mas que ao mesmo tempo são capazes de tomar vidas e planetas alheios.
Mais do que isso, é instigante o argumento de que nós, seres humanos, não conseguimos evoluir e precisamos de outros seres para resolver as questões básicas de violência, fome, miséria e doenças. O próprio fato dos alienígenas não mentirem é de se chamar a atenção. Ao agir em concordância com a consciência de Melanie, a Peregrina quase que se torna a primeira mentirosa, tal qual o filme de Ricky Gervais.
Só que, em meio a tantos argumentos interessantes e possibilidades de desenvolvimento, Stephenie Meyer escolhe o viés pessoal de uma menina que gosta de um menino e que vai convencendo a menina alienígena de que eles valem a pena, tanto que ela começa a gostar do outro menino e daquelas pessoas. E todos sofrem muito, sempre sofrem muito. Porque a autora tem que colocar seus personagens para sofrer tanto? Mas, pelo menos, a protagonista não é apagada. Pelo contrário, ambas são bastante fortes e determinadas. E inteligentes, é bom frisar.
Mas, com uma história que acaba se centrando em um grupo no meio de uma caverna, a direção de Andrew Niccol se torna quase burocrática. Tudo é muito lento, parece que não tem assunto para um longametragem e assim as cenas vão se arrastando. Fora que os signos escolhidos para tornar essa raça alienígena superior são bem tolos. Todos os buscadores usam roupas brancas que os tornam próximos de astronautas. E seus meios de locomoção são carros e helicópteros prata espelhado. Fora isso, tudo igual à Terra que já conhecemos.
Outra escolha tola é o recurso de colocar um desfoque nas bordas da imagem sempre que é uma lembrança de Melanie sendo desvendada pela Pelegrina, que torna tudo muito didático. Aliás, o excesso de didática é um dos problemas da trama. Logo no início temos uma extensa explicação do mundo, da situação e da trama. Tudo é nos dado de bandeja, não deixando nenhum mistério para irmos descobrindo aos poucos.
No final, A Hospedeira não chega a ser um filme ruim. Mas, também não é bom. É daqueles que não geram amor, nem ódio. Uma trama morna, com alguns argumentos interessantes e momentos envolventes. Mas, que também tem momentos cansativos e outros tantos argumentos tolos para o desenvolvimento da trama. E o maior de todos é a questão que fica: por que a Peregrina demorou tanto para explicar um certo segredo?
A Hospedeira (The Host, 2013 / EUA)
Direção: Andrew Niccol
Roteiro: Andrew Niccol
Com: Saoirse Ronan, Max Irons, Jake Abel, Diane Kruger, William Hurt
Duração: 125 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Hospedeira
2013-04-13T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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