
Em um futuro não-determinado, a Terra está em paz. Não porque os seres humanos aprenderam a conviver com ela, mas porque o planeta foi invadido por uma estranha raça alienígena que utiliza os corpos como hospedeiros. É nesse mundo que encontramos a protagonista Melanie, interpretada por Saoirse Ronan, fugindo daqueles que são conhecidos como Buscadores. Perdendo a luta, o corpo da moça passa a ser a casa da alienígena conhecida como Peregrina, mas sua alma se recusa a ir embora e as duas vão ter que dividir o mesmo espaço, contrariando a física, é verdade, mas quem se importa?
Essa situação inusitada torna a personagem quase uma esquizofrênica. A Peregrina tem como missão, desvendar a mente de Melanie e descobrir o paradeiro dos demais humanos que ainda resistem à invasão. Mas, ao ir conhecendo-a acaba se afeiçoando por ela e por seus familiares. Como não tem coragem de traí-los, vai acabar se juntando a eles de uma maneira complexa que cria diversas outras situações, até uma insinuação de triângulo amoroso. Talvez, essa insinuação seja apenas uma piadinha de Stephenie Meyer ou ela acredite mesmo que seja uma fórmula de sucesso. Mas, esta acaba não sendo a principal questão de A Hospedeira.

Mais do que isso, é instigante o argumento de que nós, seres humanos, não conseguimos evoluir e precisamos de outros seres para resolver as questões básicas de violência, fome, miséria e doenças. O próprio fato dos alienígenas não mentirem é de se chamar a atenção. Ao agir em concordância com a consciência de Melanie, a Peregrina quase que se torna a primeira mentirosa, tal qual o filme de Ricky Gervais.

Mas, com uma história que acaba se centrando em um grupo no meio de uma caverna, a direção de Andrew Niccol se torna quase burocrática. Tudo é muito lento, parece que não tem assunto para um longametragem e assim as cenas vão se arrastando. Fora que os signos escolhidos para tornar essa raça alienígena superior são bem tolos. Todos os buscadores usam roupas brancas que os tornam próximos de astronautas. E seus meios de locomoção são carros e helicópteros prata espelhado. Fora isso, tudo igual à Terra que já conhecemos.

No final, A Hospedeira não chega a ser um filme ruim. Mas, também não é bom. É daqueles que não geram amor, nem ódio. Uma trama morna, com alguns argumentos interessantes e momentos envolventes. Mas, que também tem momentos cansativos e outros tantos argumentos tolos para o desenvolvimento da trama. E o maior de todos é a questão que fica: por que a Peregrina demorou tanto para explicar um certo segredo?
A Hospedeira (The Host, 2013 / EUA)
Direção: Andrew Niccol
Roteiro: Andrew Niccol
Com: Saoirse Ronan, Max Irons, Jake Abel, Diane Kruger, William Hurt
Duração: 125 min.