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Chamada de Emergência
Chamada de Emergência
911, qual a sua emergência? Ao dizer essas palavras, o profissional do serviço de emergência dos Estados Unidos pode ouvir de tudo, desde um pedido para salvar o gatinho que subiu na árvore, até uma invasão domiciliar perigosa. A personagem de Halle Berry é uma dessas funcionárias que pega a ligação da verdadeira emergência e acaba traumatizada. Mas, ela vai ter uma segunda chance. Só não tinha ideia, e nós também, do que a mente do roteirista Richard D'Ovidio e do diretor Brad Anderson a reservaria.
Chamada de Emergência é daquele tipo de filme que começa bem, vai tropeçando pelo caminho e chega ao seu final de uma maneira absurda tal que só nos resta rir da piada de mau gosto que seus realizadores nos pregaram. É uma sensação de que tudo que foi construído se perdeu, ou melhor, não fazia o menor sentido. As atitudes da funcionária Jordan Turner, vivida por Halle Berry, não fazem sentido, a decisão da personagem de Abigail Breslin, que nem conseguia xingar no início do filme de tão pura, não faz sentido, e a lógica do vilão, não faz o menor sentido.
Ok, alguns vão tentar argumentar, mas o vilão é um psicótico. Exato, e, em seus delírios, um psicótico segue uma lógica mais precisa do que nós, pseudos-normais. Então, depois de seis meses ele perceber algumas coisas que ele percebe no último ato do filme, não fazem o menor sentido. Da mesma forma que não faz o menor sentido toda a sua tensão durante a jornada. Se ele já faz isso a tanto tempo a ponto de sua família nunca perceber, por que tanto nervosismo? E não vou nem entrar no mérito da interpretação over do ator Michael Eklund.
E apesar disso, Chamada de Emergência começa de maneira promissora. A tensão do primeiro ato é muito bem realizada. A apresentação da "colmeia", com as diversas ligações até chegar à ligação da garota Leah Templeton que está sozinha em casa quando um homem tenta invadi-la. Toda a situação é muito bem conduzida. Ela escondida em um canto, a forma como a personagem de Halle Berry vai tentando encontrar uma forma de ajudá-la. Até mesmo os erros da operação são orgânicos, como ela se esconder em um quarto sem chave (em vez de ir pro banheiro, por exemplo) ou o erro fatal que faz tudo terminar como termina. São coisas factíveis, verossímeis.
A construção da culpa de Jordan Turner também é bastante compreensível, assim como toda a trajetória da personagem até determinado momento. Ela foi preparada, ela quer ajudar, mas ela tem medo de errar novamente. O jogo com o telefonema do morcego mesmo é um ótimo exemplo. Assim como a escolha de mudar de área. O que não faz sentido é o candidato a aprendiz ficar questionando-a tão insistentemente ao ponto de perguntar: por que você não está aqui? É como se ele tivesse lido o script e soubesse que a professora tem um trauma que a tirou da ativa.
Aliás, personagens imbecis é o que não faltam no filme. Como a amiga da futura vítima querendo dar uma de "adulta" com palavrões e celular que não pode ser rastreado. Ok. não deixa de ser uma pista. Mas, o pior mesmo é o personagem de Michael Imperioli que cruza o caminho de sequestrador e sequestrada. Pequenos spoilers até o final do parágrafo que não mudam muita coisa, mas é sempre bom avisar. São tantos erros que ele comete que fica até difícil entender. Tudo bem que você ver um carro sem lanterna com tinta escapando pode não querer dizer nada. Vê-lo saindo correndo como se fugisse da polícia também não. Mas, a partir do momento em que você começa a desconfiar, não pega o celular na frente do cara, né? Sai dali pelo menos.
E isso é uma pena, porque o roteiro até consegue deixar muitas situações plausíveis a exemplo da orientação em relação à lanterna, as pistas que vão sendo dadas para localizar o carro e descobrir o criminoso. E o próprio trabalho da equipe do 911 e a forma como agem em conjunto com os policiais. Poderia ser um filme muito interessante, se algumas escolhas não destruíssem essa construção inicial de tensão, envolvimento e verossimilhança.
Chamada de Emergência acaba sendo uma piada. De mal gosto ainda por cima. Parece uma metáfora de uma ligação do 911 que começa bem, mas termina muito mal. Uma pena que as escolhas de Halle Berry estejam sendo tão desastrosas ultimamente.
Chamada de Emergência (The Call, 2013 / EUA)
Direção: Brad Anderson
Roteiro: Richard D'Ovidio
Com: Halle Berry, Evie Thompson, Abigail Breslin, Morris Chestnut, Denise Dowse
Duração: 94 min.
Chamada de Emergência é daquele tipo de filme que começa bem, vai tropeçando pelo caminho e chega ao seu final de uma maneira absurda tal que só nos resta rir da piada de mau gosto que seus realizadores nos pregaram. É uma sensação de que tudo que foi construído se perdeu, ou melhor, não fazia o menor sentido. As atitudes da funcionária Jordan Turner, vivida por Halle Berry, não fazem sentido, a decisão da personagem de Abigail Breslin, que nem conseguia xingar no início do filme de tão pura, não faz sentido, e a lógica do vilão, não faz o menor sentido.
Ok, alguns vão tentar argumentar, mas o vilão é um psicótico. Exato, e, em seus delírios, um psicótico segue uma lógica mais precisa do que nós, pseudos-normais. Então, depois de seis meses ele perceber algumas coisas que ele percebe no último ato do filme, não fazem o menor sentido. Da mesma forma que não faz o menor sentido toda a sua tensão durante a jornada. Se ele já faz isso a tanto tempo a ponto de sua família nunca perceber, por que tanto nervosismo? E não vou nem entrar no mérito da interpretação over do ator Michael Eklund.
E apesar disso, Chamada de Emergência começa de maneira promissora. A tensão do primeiro ato é muito bem realizada. A apresentação da "colmeia", com as diversas ligações até chegar à ligação da garota Leah Templeton que está sozinha em casa quando um homem tenta invadi-la. Toda a situação é muito bem conduzida. Ela escondida em um canto, a forma como a personagem de Halle Berry vai tentando encontrar uma forma de ajudá-la. Até mesmo os erros da operação são orgânicos, como ela se esconder em um quarto sem chave (em vez de ir pro banheiro, por exemplo) ou o erro fatal que faz tudo terminar como termina. São coisas factíveis, verossímeis.
A construção da culpa de Jordan Turner também é bastante compreensível, assim como toda a trajetória da personagem até determinado momento. Ela foi preparada, ela quer ajudar, mas ela tem medo de errar novamente. O jogo com o telefonema do morcego mesmo é um ótimo exemplo. Assim como a escolha de mudar de área. O que não faz sentido é o candidato a aprendiz ficar questionando-a tão insistentemente ao ponto de perguntar: por que você não está aqui? É como se ele tivesse lido o script e soubesse que a professora tem um trauma que a tirou da ativa.
Aliás, personagens imbecis é o que não faltam no filme. Como a amiga da futura vítima querendo dar uma de "adulta" com palavrões e celular que não pode ser rastreado. Ok. não deixa de ser uma pista. Mas, o pior mesmo é o personagem de Michael Imperioli que cruza o caminho de sequestrador e sequestrada. Pequenos spoilers até o final do parágrafo que não mudam muita coisa, mas é sempre bom avisar. São tantos erros que ele comete que fica até difícil entender. Tudo bem que você ver um carro sem lanterna com tinta escapando pode não querer dizer nada. Vê-lo saindo correndo como se fugisse da polícia também não. Mas, a partir do momento em que você começa a desconfiar, não pega o celular na frente do cara, né? Sai dali pelo menos.
E isso é uma pena, porque o roteiro até consegue deixar muitas situações plausíveis a exemplo da orientação em relação à lanterna, as pistas que vão sendo dadas para localizar o carro e descobrir o criminoso. E o próprio trabalho da equipe do 911 e a forma como agem em conjunto com os policiais. Poderia ser um filme muito interessante, se algumas escolhas não destruíssem essa construção inicial de tensão, envolvimento e verossimilhança.
Chamada de Emergência acaba sendo uma piada. De mal gosto ainda por cima. Parece uma metáfora de uma ligação do 911 que começa bem, mas termina muito mal. Uma pena que as escolhas de Halle Berry estejam sendo tão desastrosas ultimamente.
Chamada de Emergência (The Call, 2013 / EUA)
Direção: Brad Anderson
Roteiro: Richard D'Ovidio
Com: Halle Berry, Evie Thompson, Abigail Breslin, Morris Chestnut, Denise Dowse
Duração: 94 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Chamada de Emergência
2013-04-15T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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