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Hannah e Suas Irmãs
Hannah e Suas Irmãs
Hannah e Suas Irmãs é um filme típico de Woody Allen. Em Nova York, com famílias neuróticas, muita piada, narrações envolventes. E ele, dando seu toque especial como o hipocondríaco Mickey.
A trama gira em torno da família de Hannah. Não apenas suas irmãs do título, Holly e Lee, mas seus pais, seu marido, seu ex-marido e seu cunhado. É interessante como o roteiro de Woody Allen pontua a trama em uma espécie de capítulos temáticos, mas também possui um jogo cíclico de Dia de Ação de Graças. O filme começa em um almoço desses, tem uma virada em outro e termina em um terceiro. Talvez, porque o almoço do Dia de Ação de Graças seja um dos símbolos maiores de família reunida nos Estados Unidos.
A estrutura, de qualquer maneira, facilita a apresentação dos personagens e situações. É divertido acompanhar os emaranhados familiares e suas consequências. Tudo começa com Elliot (Michael Caine), casado com Hannah (Mia Farrow), mas apaixonado pela cunhada Lee (Barbara Hershey). Esta, por sua vez, vive um relacionamento complicado com o excêntrico Frederick (Max Von Sydow). Já a terceira irmã, Holly, é a problemática da família, sozinha, sem emprego e lutando contra as drogas.
Na verdade, toda a família é problemática. A mãe das três é alcoólica, atriz frustrada que vive brigando com o marido, apesar de nos encontros familiares parecerem eternos apaixonados. Lee também já foi alcoólica e vive com Frederick por ele ser uma espécie de tutor intelectual seu. Hannah é a equilibrada, a que tem talento de verdade, que ajuda a todos e que parece ser auto-suficiente. Mas, isso acaba fazendo com que todos a vejam como inatingível e acabem se afastando.
Em meio a tudo isso, o personagem de Woody Allen, que é ex-marido de Hannah, funciona quase como uma esquete a parte. Ele que é hipocondríaco, começa com problemas no trabalho (é produtor televisivo), passa pela suspeita de um tumor no cérebro e culmina em sua tentativa de acreditar em Deus. Judeu por nascimento, Mickey tenta se converter ao catolicismo, encontrar sentido no Hare Krishna e até pensa em se matar. Tudo construído com um humor peculiar do diretor / ator. Deprimido que faz rir, esse é o estereótipo de Woody Allen.
Outra construção divertida é a relação entre Holly e sua amiga April (Carrie Fisher) que estão sempre em disputa, com Holly em desvantagem. Chega a ser exagerada a forma como a "eterna Princesa Léia" se dá sempre bem diante do fracasso da amiga problemática. A cena do teste de elenco para a peça na Broadway é ridícula. Fora que se Holly é tímida e desajeitada daquele jeito, como ela consegue continuar fazendo testes? Mas, são nesses detalhes que ajudam o filme a ganhar mais vida. Pois, Hannah e Suas Irmãs possui uma trama cotidiana comum, sem grandes atrativos à primeira vista, mas que é muito bem contada e envolvente.
E em uma história cotidiana bem contada, além de um bom roteiro, o elenco precisa ser afinado. Não por acaso, temos vários destaques, em especial Michael Caine e Dianne Wiest que levaram o Oscar de atores coadjuvantes. Isso sem falar na participação marcante de Max von Sydow, "o ator preferido de Bergman". E, claro, o próprio Woody Allen que sempre dá seu show à parte. Mas, no caso de Hannah e Suas Irmãs até mesmo Mia Farrow, sempre tão criticada, está muito bem no papel-título. A cena em que ela discute com o marido sobre o fato de também precisar das pessoas é muito boa.
Hannah e Suas Irmãs está longe de ser o melhor ou mais criativo de Woody Allen, apesar de ser um dos seus filmes mais populares. Tanta popularidade, talvez, seja pelo fato de ser extremamente simples, mas igualmente envolvente. Daquelas comédias gostosas e despretensiosas que sempre gostamos de revisitar.
Hannah e Suas Irmãs (Hannah and Her Sisters, 1986/ EUA)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Com: Barbara Hershey, Michael Caine, Mia Farrow, Dianne Wiest, Carrie Fisher, Max von Sydow e Woody Allen
Duração: 103 min.
A trama gira em torno da família de Hannah. Não apenas suas irmãs do título, Holly e Lee, mas seus pais, seu marido, seu ex-marido e seu cunhado. É interessante como o roteiro de Woody Allen pontua a trama em uma espécie de capítulos temáticos, mas também possui um jogo cíclico de Dia de Ação de Graças. O filme começa em um almoço desses, tem uma virada em outro e termina em um terceiro. Talvez, porque o almoço do Dia de Ação de Graças seja um dos símbolos maiores de família reunida nos Estados Unidos.
A estrutura, de qualquer maneira, facilita a apresentação dos personagens e situações. É divertido acompanhar os emaranhados familiares e suas consequências. Tudo começa com Elliot (Michael Caine), casado com Hannah (Mia Farrow), mas apaixonado pela cunhada Lee (Barbara Hershey). Esta, por sua vez, vive um relacionamento complicado com o excêntrico Frederick (Max Von Sydow). Já a terceira irmã, Holly, é a problemática da família, sozinha, sem emprego e lutando contra as drogas.
Na verdade, toda a família é problemática. A mãe das três é alcoólica, atriz frustrada que vive brigando com o marido, apesar de nos encontros familiares parecerem eternos apaixonados. Lee também já foi alcoólica e vive com Frederick por ele ser uma espécie de tutor intelectual seu. Hannah é a equilibrada, a que tem talento de verdade, que ajuda a todos e que parece ser auto-suficiente. Mas, isso acaba fazendo com que todos a vejam como inatingível e acabem se afastando.
Em meio a tudo isso, o personagem de Woody Allen, que é ex-marido de Hannah, funciona quase como uma esquete a parte. Ele que é hipocondríaco, começa com problemas no trabalho (é produtor televisivo), passa pela suspeita de um tumor no cérebro e culmina em sua tentativa de acreditar em Deus. Judeu por nascimento, Mickey tenta se converter ao catolicismo, encontrar sentido no Hare Krishna e até pensa em se matar. Tudo construído com um humor peculiar do diretor / ator. Deprimido que faz rir, esse é o estereótipo de Woody Allen.
Outra construção divertida é a relação entre Holly e sua amiga April (Carrie Fisher) que estão sempre em disputa, com Holly em desvantagem. Chega a ser exagerada a forma como a "eterna Princesa Léia" se dá sempre bem diante do fracasso da amiga problemática. A cena do teste de elenco para a peça na Broadway é ridícula. Fora que se Holly é tímida e desajeitada daquele jeito, como ela consegue continuar fazendo testes? Mas, são nesses detalhes que ajudam o filme a ganhar mais vida. Pois, Hannah e Suas Irmãs possui uma trama cotidiana comum, sem grandes atrativos à primeira vista, mas que é muito bem contada e envolvente.
E em uma história cotidiana bem contada, além de um bom roteiro, o elenco precisa ser afinado. Não por acaso, temos vários destaques, em especial Michael Caine e Dianne Wiest que levaram o Oscar de atores coadjuvantes. Isso sem falar na participação marcante de Max von Sydow, "o ator preferido de Bergman". E, claro, o próprio Woody Allen que sempre dá seu show à parte. Mas, no caso de Hannah e Suas Irmãs até mesmo Mia Farrow, sempre tão criticada, está muito bem no papel-título. A cena em que ela discute com o marido sobre o fato de também precisar das pessoas é muito boa.
Hannah e Suas Irmãs está longe de ser o melhor ou mais criativo de Woody Allen, apesar de ser um dos seus filmes mais populares. Tanta popularidade, talvez, seja pelo fato de ser extremamente simples, mas igualmente envolvente. Daquelas comédias gostosas e despretensiosas que sempre gostamos de revisitar.
Hannah e Suas Irmãs (Hannah and Her Sisters, 1986/ EUA)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Com: Barbara Hershey, Michael Caine, Mia Farrow, Dianne Wiest, Carrie Fisher, Max von Sydow e Woody Allen
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Hannah e Suas Irmãs
2013-05-28T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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