Pegue Carros, junte com alguns elementos de Carros 2 e inclua a velha fórmula de superação de limites e realização de sonhos que vemos em diversos filmes a exemplo da animação recente Turbo. Você terá a trama de Aviões, nova animação da Disney que se não inova em nada, mas pelo menos conta uma história dentro dos padrões, de uma maneira competente.A trama acontece no mesmo universo de Carros, tanto que o locutor esportivo da corrida é o mesmo personagem, Brent Mustangburger. E, do filme, traz ainda o espírito do interior dos Estados Unidos, o caipira. Só que dessa vez, o protagonista Dusty Crophopper (Dusty Voo Rasante no Brasil) é de lá. Um avião pulverizador que sonha em ser um avião de corrida. De Carros 2, o filme traz a premissa que rege a trama, uma corrida ao redor do mundo, que, claro, agora é uma corrida aérea, mas mantêm este espírito global, com etapas a serem cumpridas. E nos traz o vilão da trama, o tri-campeão Ripslinger que fará de tudo para quebrar mais um recorde. E, claro, a superação do protagonista que não nasceu para ser um avião de corrida, mas nunca irá desistir de seu sonho.
Aviões é isso, uma trama inofensiva com elementos que já vimos em diversos outros filmes, mas que se constitui em uma técnica competente. Em alguns momentos me lembrou até A Corrida Maluca, principalmente, porque os personagens são construídos com estereótipos bem claros. Temos o vilão, vigarista, mas ao mesmo tempo o melhor atleta. Temos a mocinha, com um ar de Femme Fatale. O atrapalhado avião mexicano que se chama El Chupacabra. O inglês boçal. E para agradar a cota latina, a brasileira, que aqui foi dublada pela cantora Ivete Sangalo que deu um sotaque baiano à personagem, com direito a expressões como "oxe", bichinho", "dá um caldo" e até o famigerado "meu rei" que alguém inventou que a gente fala. De qualquer maneira, a participação da cantora é surpreendentemente grande, ao contrário de Cláudia Leitte em Carros 2 que tem apenas uma passagem rápida. Ou Michel Teló em Universidade Monstros que apenas dubla um cantor em uma roda de violão no campus. A personagem Carolina é objeto de desejo de El Chupacabra e possui uma participação efetiva na história, apesar de não interferir na trama principal. O que nos dá a entender que não foi uma personagem apenas para a versão brasileira.
Se a história é clichê, a técnica da animação continua impecável. A construção do universo, a animação dos bonecos, a adaptação dos aviões para se tornarem personagens humanizados. Tudo é bem construído. E o 3D é sutil, nada pula para fora da tela, mas nos dá a perspectiva dos cenários, principalmente durante os voos dos personagens. As corridas são o ponto alto do filme, a direção de Klay Hall consegue tornar cada disputa uma construção única, e não apenas um bando de avião passando para lá e para cá. As curvas são pensadas a forma como a dinâmica em cena vai sendo demonstrada, o detalhe do protagonista ser um avião pulverizador e só voa baixo, tendo, inclusive medo de altura, que dá possibilidades de brincar com as ultrapassagens pela sombra dos personagens. Fica um visual bonito e divertido.
Apesar de genérico e até mesmo repetitivo, Aviões acaba sendo o melhor da série, já que Carros 2 foi um pequeno erro de planejamento com aquela trama de espionagem, e Carros é um filme mais simples, muito focado nos treinos do Relâmpago McQueen preso naquele local. Um filme para divertir as crianças.
Aviões (Planes, 2013 / EUA)
Direção: Klay Hall
Roteiro: Jeffrey M. Howard, John Lasseter
Com: Carlos Alazraqui, Dane Cook, Stacy Keach
Duração: 91 min.

