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Se Puder... Dirija!

Se Puder... Dirija!
Se Puder... Dirija! Talvez essa frase seja um desafio direto ao Paulo Fontenelle. Afinal, coube a ele dirigir o primeiro filme brasileiro live action em 3D. E percebe-se o esforço em trabalhar esse marketing do marco ao vermos a sequência inicial do aniversário do menino Quinho.

O cenário traz diversos balões de aniversário espalhados pelo chão para percebermos facilmente a perspectiva. Um palhaço também joga uns confetes que voam pela tela. Mas, no resto da projeção, praticamente esquecemos o 3D, ainda que a noção de profundidade continue evidente. É que simplesmente ela não tem função narrativa. Não faz a menor diferença para a trama o 3D estar ali ou não. Não muda a nossa visão cênica.

Se Puder... Dirija!
Tirando esta proeza técnica, Se Puder... Dirija! traz outra diferenciação da maioria das comédias nacionais ou internacionais. É um filme distribuído pela Disney e como tal não traz nenhuma piada de duplo sentido, escatologias ou referências sexuais explícitas. Também não brinca com estereótipos preconceituosos. É uma comédia infantil, sobre um relacionamento complexo de um pai com um filho, que busca uma lição de moral.

Tudo isso poderia ser muito bom, se o texto não acabasse ficando vazio. Escrever para o universo infantil é uma proeza, exatamente porque é difícil fazer rir sem apelar para um dos estereótipos e clichês já conhecidos. E para atingir ao público adulto sem isso, é necessário um pouco mais de talento e construção de camadas em uma história.

Se Puder... Dirija!
Não que precisemos gargalhar a cada cena. Mas, um filme de comédia precisa nos fazer rir. Nisso, Se Puder... Dirija! falha profundamente. Assim como falha no roteiro no momento em que não consegue resolver suas situações de forma verossimilhante. Acabamos vendo em tela uma sucessão de Deus Ex-Machina, onde soluções mirabolantes caídas do céu vão guiando o protagonista João e seu filho Quinho em um dia insano.

João, o personagem de Luiz Fernando Guimarães é o típico enrolado. Nunca deu atenção ao filho, vive falhando no trabalho, já está quase em aviso prévio. E quando ele resolve passar um dia inteiro com o filho, esquece que tinha que trabalhar, pois trocara a folga com um colega. Ele, então, tem a brilhante ideia de pegar sem autorização o carro de uma cliente para sair com o filho. E com isso, uma sucessão de confusões acontecem.

Se Puder... Dirija!
Apesar de se sustentar na figura de Luiz Fernando Guimarães, que não está tão divertido como normalmente, o filme possui uma série de participações especiais, tais como Lavínia Vlasak, Bárbara Paz, Reynaldo Gianecchini, Eri Johnson. A que melhor funciona é a de Leandro Hassum, como o colega de trabalho de João, que consegue construir cenas divertidas com suas performances de caras e bocas engraçadas. É com ele, inclusive, a cena pós-créditos.

No geral, o filme vai se construindo como pequenas esquetes a cada situação vivida por pai e filho, que traz uma dessas participações. Isso o torna também esquemático e nos dá uma sensação ruim a cada passagem. O que é uma pena, pois a história tinha potencial para algo divertido e inteligente. Principalmente pela possibilidade de ir além do padrão ao nos dar uma comédia infantil com algumas nuanças. É visível que Luiz Fernando tem talento para mais do que isso.



Se Puder... Dirija! (Se puder... dirija!, 2013 / Brasil)
Direção: Paulo Fontenelle
Roteiro: Paulo Fontenelle
Com: Luiz Fernando Guimarães, Leandro Hassum, Lavínia Vlasak, Bárbara Paz, Reynaldo Gianecchini, Eri Johnson
Duração: 90 min.

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