
O personagem de Robert Redford, que é creditado como "Our Man" (nosso homem), está em seu veleiro em pleno Oceano Índico, quando este bate em um container e tem o casco furado. Ele consegue remendar, mas esta não será a única adversidade que enfrentará em mar aberto, sem rádio, com poucos mantimentos e apenas um antigo equipamento marítimo e mapas para tentar sair daquela situação.

Outra coisa que a plateia pode estranhar é o fato de o filme não ter diálogos. Ouvimos a voz de Redford apenas três vezes em todos os 106 minutos. No monólogo inicial, onde ele escreve uma espécie de carta despedida. Quanto tenta se comunicar via rádio e na já citada cena em que perde o equilíbrio. Isso não quer dizer que o filme é mudo, claro. Além de toda a construção de som ambiente, a trilha pontual marca os momentos mais complexos na trajetória do personagem. Não por acaso, a única indicação ao Oscar do filme foi para Edição de Som.


A fotografia é muito bem construída nos dando a dimensão da situação, mostrando aos poucos cada problema e nos guiando junto com o protagonista naquela situação limite. Mas, temos também algumas incongruências, como o buraco remendado que sobrevive tão bem a tempestades, enquanto outras partes do casco partem facilmente. Em determinado momento, o veleiro vira com a cabine aberta e quando retorna, ela está completamente seca. Isso sem falar em alguns detalhes da parte final que soam exagerados. Mas, a forma como termina, que vi alguns reclamando, acho bem escolhida.
Quem espera grandes emoções, roteiro bem encadeado, com padrões que se enquadrem em algum gênero, certamente vai estranhar a proposta de J.C. Chandor. Mas, há ali algo que nos deixa sempre juntos ao protagonista, presos ao barco, na expectativa de algo acontecer. Por isso, é uma experiência fílmica instigante, ainda que não nos surpreenda com algo espetacular.
Até o Fim (All Is Lost, 2013 / EUA)
Direção: J.C. Chandor
Roteiro: J.C. Chandor
Com: Robert Redford
Duração: 106 min.