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Saving Mr. Banks
Saving Mr. Banks
Walt nos Bastidores de Mary Poppins. Tenho que começar falando desse título. Uma das coisas mais comerciais que já vi, acho que só não é pior do que O Garoto do Futuro para Teen Wolf.
Entendo que Mr. Banks, o patriarca da família que Mary Poppins visita, é desconhecido. Entendo também que Walt Disney e Mary Poppins são nomes mais chamativos e que o filme já tinha tido problemas de bilheteria, além de ficar de fora do Oscar. Mas, não deixa de ser descabido, além de fazer parecer que o personagem interpretado por Tom Hanks é o protagonista e que vamos ver, quem sabe, todos os bastidores, com direito a filmagens e tudo mais.
Na verdade, Saving Mr. Banks é um filme sobre o sentido por trás da obra criada por P.L. Travers. É um resgate paterno que pode servir para a própria senhora interpretada por Emma Thompson, para as crianças do filme de Mary Poppins, para Walt Disney, e até mesmo para nós. Neste último reside um dos maiores problemas do filme. A necessidade e insistência de nos emocionar a todo custo cria um filme quase tolo.
Emma Thompson encarna de maneira admirável a ranzinza autora da babá mágica que encantou crianças e adultos por décadas. Baseada em sua própria infância, ela teme ceder os direitos da obra para a Disney que a tornaria tola dançando e cantando em desenhos infantis, segundo sua própria explicação. Foram anos de negociações e exigências e o filme retrata o período final do processo.
Tudo muito interessante, o problema é que os roteiristas Kelly Marcel e Sue Smith recorrem a mais fácil fórmula das histórias paralelas para nos dar a dimensão exata da origem de cada coisa. Ao contrário de David Magee em Em Busca da Terra do Nunca que nos deixa observar a realidade ligando os pontos para perceber de onde veio a inspiração para a história de Peter Pan.
Sem nos dar a chance de tirar conclusões, o roteiro vai didaticamente nos mostrando cada momento da vida da pequena Ginty, ao ponto de criar paralelos de Travers tendo um ataque porque colocaram um bigode no Mr. Banks com uma lembrança de Ginty vendo seu pai se barbeando e falando da importância de uma barba bem feita para as bochechas dos filhos. Um dos poucos paralelos que funciona é quando Travers Goff faz um discurso representando o banco, bêbado, com a música do Mr. Banks sendo apresentada a P.L. Travers.
Aliás, se tem uma coisa boa nos flashbacks é a interpretação de Colin Farrell. O ator consegue imprimir uma dedicação extrema ao papel do homem sonhador, visto como fracassado pela sociedade por não levar a vida tão a sério quanto se é esperado. A ingenuidade de seu olhar e o sofrimento ao ver sua família sofrer por suas atitudes é muito bem construído. Emma Thompson também está ótima como a ranzinza P.L. Travers, destaque ainda para Paul Giamatti como o simpático motorista que a segue. Já Tom Hanks não chega a impressionar como Walt Disney.
De modo geral, Walt nos Bastidores de Mary Poppins, ou simplesmente, Saving Mr. Banks é um filme curioso. Não chega a ser mal feito, mas exagera na dose de emoção e didatismo. Isso sem falar no plus da parte final com direito a muita nostalgia e algumas escolhas questionáveis. De qualquer maneira, é interessante como registro. E de uma forma ou de outra, nos desperta a vontade de rever Mary Poppins.
Walt nos bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks, 2014 / EUA)
Direção: John Lee Hancock
Roteiro: Kelly Marcel, Sue Smith
Com: Emma Thompson, Tom Hanks, Annie Rose Buckley, Colin Farrell, Paul Giamatti
Duração: 125 min.
Entendo que Mr. Banks, o patriarca da família que Mary Poppins visita, é desconhecido. Entendo também que Walt Disney e Mary Poppins são nomes mais chamativos e que o filme já tinha tido problemas de bilheteria, além de ficar de fora do Oscar. Mas, não deixa de ser descabido, além de fazer parecer que o personagem interpretado por Tom Hanks é o protagonista e que vamos ver, quem sabe, todos os bastidores, com direito a filmagens e tudo mais.
Na verdade, Saving Mr. Banks é um filme sobre o sentido por trás da obra criada por P.L. Travers. É um resgate paterno que pode servir para a própria senhora interpretada por Emma Thompson, para as crianças do filme de Mary Poppins, para Walt Disney, e até mesmo para nós. Neste último reside um dos maiores problemas do filme. A necessidade e insistência de nos emocionar a todo custo cria um filme quase tolo.
Emma Thompson encarna de maneira admirável a ranzinza autora da babá mágica que encantou crianças e adultos por décadas. Baseada em sua própria infância, ela teme ceder os direitos da obra para a Disney que a tornaria tola dançando e cantando em desenhos infantis, segundo sua própria explicação. Foram anos de negociações e exigências e o filme retrata o período final do processo.
Tudo muito interessante, o problema é que os roteiristas Kelly Marcel e Sue Smith recorrem a mais fácil fórmula das histórias paralelas para nos dar a dimensão exata da origem de cada coisa. Ao contrário de David Magee em Em Busca da Terra do Nunca que nos deixa observar a realidade ligando os pontos para perceber de onde veio a inspiração para a história de Peter Pan.
Sem nos dar a chance de tirar conclusões, o roteiro vai didaticamente nos mostrando cada momento da vida da pequena Ginty, ao ponto de criar paralelos de Travers tendo um ataque porque colocaram um bigode no Mr. Banks com uma lembrança de Ginty vendo seu pai se barbeando e falando da importância de uma barba bem feita para as bochechas dos filhos. Um dos poucos paralelos que funciona é quando Travers Goff faz um discurso representando o banco, bêbado, com a música do Mr. Banks sendo apresentada a P.L. Travers.
Aliás, se tem uma coisa boa nos flashbacks é a interpretação de Colin Farrell. O ator consegue imprimir uma dedicação extrema ao papel do homem sonhador, visto como fracassado pela sociedade por não levar a vida tão a sério quanto se é esperado. A ingenuidade de seu olhar e o sofrimento ao ver sua família sofrer por suas atitudes é muito bem construído. Emma Thompson também está ótima como a ranzinza P.L. Travers, destaque ainda para Paul Giamatti como o simpático motorista que a segue. Já Tom Hanks não chega a impressionar como Walt Disney.
De modo geral, Walt nos Bastidores de Mary Poppins, ou simplesmente, Saving Mr. Banks é um filme curioso. Não chega a ser mal feito, mas exagera na dose de emoção e didatismo. Isso sem falar no plus da parte final com direito a muita nostalgia e algumas escolhas questionáveis. De qualquer maneira, é interessante como registro. E de uma forma ou de outra, nos desperta a vontade de rever Mary Poppins.
Walt nos bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks, 2014 / EUA)
Direção: John Lee Hancock
Roteiro: Kelly Marcel, Sue Smith
Com: Emma Thompson, Tom Hanks, Annie Rose Buckley, Colin Farrell, Paul Giamatti
Duração: 125 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Saving Mr. Banks
2014-03-06T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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