
A história é aquela mesma. Vivendo nos esgotos de Manhattan, quatro jovens tartarugas mutantes, treinadas na arte do kung-fu, Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatello, junto com seu sensei, Mestre Splinter, tem que enfrentar o mal que habita cidade. Ao seu lado, uma repórter ávida por seu lugar ao sol, April O'Neil, tenta convencer a todos que não está louca em sua teoria de heróis mascarados.
O filme tem um prólogo bastante funcional, construído em quadrinhos com a narração do Mestre Splinter falando às tartarugas, seus filhos, sobre sua criação e os perigos da superfície. É uma solução fácil para resumir a questão, apresentando os personagens e ambientando o público na trama, caso não tenham tido contato com as obras anteriores.

Até então, só víamos vultos e pequenas partes de seus corpos. Isso ajuda no suspense e mantém o tom realista, nos preparando para o que vem. Até que aquele ser em CGI aparece em sua tela. Uma tartaruga gigante, toda equipada e literalmente dizendo: somos tartarugas mutantes, adolescentes... e ninjas. A apresentação do nome completo, "Teenage Mutant Ninja Turtles", é uma homenagem e também uma forma de brincar com o ridículo que parece diante de um cenário tão real. Mas, mesmo rindo de si mesmo neste momento, o filme continua insistindo em alternar a sátira com o tom sério.

Isso sem falar que o roteiro é preguiçoso e com pouca novidade para os que já conhecem a trama. Aliás, mesmo para os que não conhecem, fica meio óbvio alguns detalhes que eles tentam esconder como o parceiro do vilão Destruidor. O plano também não é dos mais originais e já vimos por aí, em outras tramas e quadrinhos. Mas, isso nem seria um problema se o plot fosse desenvolvido de uma maneira mais fluída e inteligente.

A produção, no entanto é bem feita. Os efeitos que recriam as tartarugas nos espaços é bom. Longe do primor dos macacos, mas a contento. A ação tem momentos interessantes. Melhores na apresentação que no desenvolvimento ou desfecho, mas tem seus momentos. A trilha é pouco inspirada e a fotografia é assinada pelo brasileiro Lula Oliveira, capaz de trabalhos mais autorais e criativos, mas que cumpre aqui a necessidade do projeto, típico da indústria e seu produtor. Mas, até pela forma como ele recria os espaço de maneira realista, entre sombras, chuvas e esgotos, demonstra seu bom trabalho.
No final das contas, As Tartarugas Ninja é isso. Um blockbuster que visa o simples entretenimento e também a nostalgia de um certo público com referências e piadas quase internas. Não exijamos muito dele.
As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, 2014 / EUA)
Direção: Jonathan Liebesman
Roteiro: Josh Appelbaum, André Nemec, Evan Daugherty
Com: Megan Fox, Will Arnett, William Fichtner
Duração: 101 min.