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Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Mesmo não levando o Globo de Ouro de Melhor Filme Comédia ou Musical, Birdman demonstra que continua sendo forte candidato à temporada de premiações, com nove indicações ao Oscar. O filme do mexicano Alejandro González Iñárritu é uma crítica extremamente irônica ao mundo das artes. Cinema e teatro se digladiam nesta comédia que está muito mais próxima do drama psicológico.
Riggan Thomson é aquilo que pode-se chamar de celebridade. No passado, ele interpretou nos cinemas um super herói de muito sucesso: o Birdman. Mas, ao se recusar a fazer o quarto filme do personagem, sua carreira começou a cair, deixando-o eternamente marcado pelo homem pássaro. Hoje, mais maduro, ele busca o reconhecimento enquanto ator com uma montagem para a Broadway de um texto consagrado que ele adaptou, dirigindo e estrelando a peça. Mas, as questões dos bastidores vão o consumindo enquanto uma voz conversa com ele.
Há uma crítica forte em Birdman a tudo aquilo que consideramos ou não arte. A obra de Alejandro González Iñárritu praticamente ridiculariza tudo que a cerca. A começar pelo astro esquecido que é mais lembrado por uma fantasia que por si mesmo. Blockbusters vistos por muitos como obras menores e que servem apenas para divertir multidões em uma ida ao cinema sem maiores compromissos. Birdman é o retrato dessa sociedade de consumo vazia, que ainda cita heróis como Homem de Ferro, Homem Aranha e diversas outras obras que vemos por aí.
Ridiculariza também a imprensa em uma entrevista coletiva que dá dó. Tem todos os estereótipos ali, o repórter metido a intelectual, a colunista burra que só está interessada na fofoca, o jornalista que distorce as palavras ditas supondo um furo de reportagem com uma possível continuação do filme do herói. Todos estão ali para criar suas matérias, mas nenhum quer de fato ouvir o que aquele homem tem a dizer. O interesse não é ele, mas o que vende jornal.
Mas, se o cinema é massacrado, o teatro não fica muito longe. Vemos a sátira principalmente nas figuras do ator consagrado no espaço e na crítica de artes. O primeiro, interpretado muito bem por Edward Norton é o excêntrico inconsequente que se acha mais que os outros por ser um ator de teatro. Um cara que no fundo, queria o que o homem pássaro tem: o reconhecimento do público nas ruas. A segunda é o estereótipo da amargura. A crítica frustrada que faz questão de destruir quaisquer sonhos de iniciantes e abomina a cultura de massa.
Se não bastasse tudo isso, os bastidores da peça são o mais próximo que podemos ter de um hospício. Cada personagem tem suas próprias neuroses e escolhas mal feitas. Momentos de vexame e momentos de quase pena. A pessoa mais sensata naquilo tudo parece o produtor Jake, interpretado por um surpreendentemente centrado Zach Galifianakis. É bom ver o ator sair do estereótipo em que se colocou desde o sucesso de Se Beber, Não Case. É ele que tenta equilibrar as loucuras e chiliques de todos ali dentro para que a peça consiga ser apresentada.
Já o Birdman, ou melhor Riggan Thomson, interpretado por Michael Keaton, é um homem extremamente perturbado. Sua obsessão por ser reconhecido como ator só encontra adversário a altura em seu próprio alter-ego, o homem pássaro que fala com ele em sua mente a todo momento, criando inclusive cenas de imaginação onde ele teria poderes sobrenaturais capazes de mover objetos com a mente e quem sabe até voar.
É tragicômica sua jornada de redenção. A sua busca por ser alguém que não apenas um homem pássaro. Fracassado enquanto pai, enquanto marido, enquanto amante, Riggan quer ser alguém. Não apenas aquele que empresta seu corpo a uma fantasia, mas um ser por completo capaz de passar emoção de todas as maneiras. Isso é belo, é triste, é profundo. E Alejandro González Iñárritu consegue construir tudo com uma força impressionante.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) é um filme intenso. Mesmo que creditado como comédia, ele transcende o gênero em muitos aspectos, nos dando uma obra complexa e com boas reflexões. E acreditem, esse estranho subtítulo tem todo o sentido e faz parte da cópia original.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman, 2014 / EUA)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo
Com: Michael Keaton, Zach Galifianakis, Edward Norton, Emma Stone, Naomi Watts, Amy Ryan, Andrea Riseborough
Duração: 119 min.
Riggan Thomson é aquilo que pode-se chamar de celebridade. No passado, ele interpretou nos cinemas um super herói de muito sucesso: o Birdman. Mas, ao se recusar a fazer o quarto filme do personagem, sua carreira começou a cair, deixando-o eternamente marcado pelo homem pássaro. Hoje, mais maduro, ele busca o reconhecimento enquanto ator com uma montagem para a Broadway de um texto consagrado que ele adaptou, dirigindo e estrelando a peça. Mas, as questões dos bastidores vão o consumindo enquanto uma voz conversa com ele.
Há uma crítica forte em Birdman a tudo aquilo que consideramos ou não arte. A obra de Alejandro González Iñárritu praticamente ridiculariza tudo que a cerca. A começar pelo astro esquecido que é mais lembrado por uma fantasia que por si mesmo. Blockbusters vistos por muitos como obras menores e que servem apenas para divertir multidões em uma ida ao cinema sem maiores compromissos. Birdman é o retrato dessa sociedade de consumo vazia, que ainda cita heróis como Homem de Ferro, Homem Aranha e diversas outras obras que vemos por aí.
Ridiculariza também a imprensa em uma entrevista coletiva que dá dó. Tem todos os estereótipos ali, o repórter metido a intelectual, a colunista burra que só está interessada na fofoca, o jornalista que distorce as palavras ditas supondo um furo de reportagem com uma possível continuação do filme do herói. Todos estão ali para criar suas matérias, mas nenhum quer de fato ouvir o que aquele homem tem a dizer. O interesse não é ele, mas o que vende jornal.
Mas, se o cinema é massacrado, o teatro não fica muito longe. Vemos a sátira principalmente nas figuras do ator consagrado no espaço e na crítica de artes. O primeiro, interpretado muito bem por Edward Norton é o excêntrico inconsequente que se acha mais que os outros por ser um ator de teatro. Um cara que no fundo, queria o que o homem pássaro tem: o reconhecimento do público nas ruas. A segunda é o estereótipo da amargura. A crítica frustrada que faz questão de destruir quaisquer sonhos de iniciantes e abomina a cultura de massa.
Se não bastasse tudo isso, os bastidores da peça são o mais próximo que podemos ter de um hospício. Cada personagem tem suas próprias neuroses e escolhas mal feitas. Momentos de vexame e momentos de quase pena. A pessoa mais sensata naquilo tudo parece o produtor Jake, interpretado por um surpreendentemente centrado Zach Galifianakis. É bom ver o ator sair do estereótipo em que se colocou desde o sucesso de Se Beber, Não Case. É ele que tenta equilibrar as loucuras e chiliques de todos ali dentro para que a peça consiga ser apresentada.
Já o Birdman, ou melhor Riggan Thomson, interpretado por Michael Keaton, é um homem extremamente perturbado. Sua obsessão por ser reconhecido como ator só encontra adversário a altura em seu próprio alter-ego, o homem pássaro que fala com ele em sua mente a todo momento, criando inclusive cenas de imaginação onde ele teria poderes sobrenaturais capazes de mover objetos com a mente e quem sabe até voar.
É tragicômica sua jornada de redenção. A sua busca por ser alguém que não apenas um homem pássaro. Fracassado enquanto pai, enquanto marido, enquanto amante, Riggan quer ser alguém. Não apenas aquele que empresta seu corpo a uma fantasia, mas um ser por completo capaz de passar emoção de todas as maneiras. Isso é belo, é triste, é profundo. E Alejandro González Iñárritu consegue construir tudo com uma força impressionante.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) é um filme intenso. Mesmo que creditado como comédia, ele transcende o gênero em muitos aspectos, nos dando uma obra complexa e com boas reflexões. E acreditem, esse estranho subtítulo tem todo o sentido e faz parte da cópia original.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman, 2014 / EUA)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo
Com: Michael Keaton, Zach Galifianakis, Edward Norton, Emma Stone, Naomi Watts, Amy Ryan, Andrea Riseborough
Duração: 119 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
2015-01-26T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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