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Um Porto Seguro
Um Porto Seguro
Já virou clichê dizer isso, mas das obras de Nicholas Sparks adaptadas para o cinema parece que só Diário de uma Paixão parece uma obra realmente boa. Os demais são apenas repetições de clichês em busca de emoção fácil. E Um Porto Seguro, abusa de todos eles.
A trama começa de maneira instigante, vemos Katie correndo no meio da noite, ensanguentada, com uma faca na mão. Sua jornada de fuga e obsessão de um policial por encontrá-la deixa a plateia presa a tela e curiosa em relação ao sentido e resultado de tudo aquilo. Mas, depois tudo parece se acalmar em um falso porto seguro. E a história se torna mais do mesmo.
Katie vai parar em uma cidadezinha litorânea e lá conhece Alex, um jovem viúvo com dois filhos, o emburrado Josh e a doce Lexie. A moça começa a se envolver com a família ao mesmo tempo que faz amizade com a solitária Jo, sua vizinha que está sempre lhe dando conselhos sobre como agir nessa nova vida.
Paralelo à nova vida de Katie, acompanhamos a obsessão do policial que procura pistas de sua fugitiva, inclusive espalhando cartazes de "procurada" por todo o país. E esse acaba sendo um dos primeiros pontos fracos do roteiro. Mais do que medo por ela ser pega, as cenas nos dão a certeza de que algo não está normal naquela caçada já matando uma das surpresas da trama. A outra surpresa é tão óbvia que nem chega a ser uma revelação, quando finalmente fica explícita.
Maquiada de reviravoltas surpreendentes, a trama de Porto Seguro não passa do uso de estratégias melosas para emocionar a todo custo. É bobo e não esconde que é assim. Seu objetivo enquanto filme é muito claro e nem mesmo nos dá subsídios para analisar algo mais profundamente.
Mesmo suas estratégias de suspense são over. E acabam nos tirando da história para observar o quão exagerado é tudo aquilo, tanto que o clímax da trama nos parece uma sucessão de absurdos pouco críveis. A ameaça nunca chega a parecer real a ponto de nos importarmos com os personagens.
Os personagens também parecem todos rasos demais, não há camadas em suas personalidades. Quem é bom é bom, quem é mau é mau e louco. Mesmo Jo, que poderia ter mais nuanças, acaba sendo quase irreal em todo o seu planejamento e desprendimento.
Um Porto Seguro é daqueles filmes que só funcionam com um tipo específico de público. Foi feito para eles, sem tanto cuidado com uma riqueza maior em sua trama ou mesmo construção da obra. É feito para emoções fáceis de quem quer se emocionar a todo custo.
Um Porto Seguro (Safe Haven, 2013 / EUA)
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: Dana Stevens, Gage Lansky
Com: Julianne Hough, Josh Duhamel, Cobie Smulders, David Lyons
Duração: 115 min.
A trama começa de maneira instigante, vemos Katie correndo no meio da noite, ensanguentada, com uma faca na mão. Sua jornada de fuga e obsessão de um policial por encontrá-la deixa a plateia presa a tela e curiosa em relação ao sentido e resultado de tudo aquilo. Mas, depois tudo parece se acalmar em um falso porto seguro. E a história se torna mais do mesmo.
Katie vai parar em uma cidadezinha litorânea e lá conhece Alex, um jovem viúvo com dois filhos, o emburrado Josh e a doce Lexie. A moça começa a se envolver com a família ao mesmo tempo que faz amizade com a solitária Jo, sua vizinha que está sempre lhe dando conselhos sobre como agir nessa nova vida.
Paralelo à nova vida de Katie, acompanhamos a obsessão do policial que procura pistas de sua fugitiva, inclusive espalhando cartazes de "procurada" por todo o país. E esse acaba sendo um dos primeiros pontos fracos do roteiro. Mais do que medo por ela ser pega, as cenas nos dão a certeza de que algo não está normal naquela caçada já matando uma das surpresas da trama. A outra surpresa é tão óbvia que nem chega a ser uma revelação, quando finalmente fica explícita.
Maquiada de reviravoltas surpreendentes, a trama de Porto Seguro não passa do uso de estratégias melosas para emocionar a todo custo. É bobo e não esconde que é assim. Seu objetivo enquanto filme é muito claro e nem mesmo nos dá subsídios para analisar algo mais profundamente.
Mesmo suas estratégias de suspense são over. E acabam nos tirando da história para observar o quão exagerado é tudo aquilo, tanto que o clímax da trama nos parece uma sucessão de absurdos pouco críveis. A ameaça nunca chega a parecer real a ponto de nos importarmos com os personagens.
Os personagens também parecem todos rasos demais, não há camadas em suas personalidades. Quem é bom é bom, quem é mau é mau e louco. Mesmo Jo, que poderia ter mais nuanças, acaba sendo quase irreal em todo o seu planejamento e desprendimento.
Um Porto Seguro é daqueles filmes que só funcionam com um tipo específico de público. Foi feito para eles, sem tanto cuidado com uma riqueza maior em sua trama ou mesmo construção da obra. É feito para emoções fáceis de quem quer se emocionar a todo custo.
Um Porto Seguro (Safe Haven, 2013 / EUA)
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: Dana Stevens, Gage Lansky
Com: Julianne Hough, Josh Duhamel, Cobie Smulders, David Lyons
Duração: 115 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um Porto Seguro
2015-05-18T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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