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Robert Zemeckis
A Travessia
A Travessia
Agosto de 1974, as Torres Gêmeas do World Trade Center nem tinham sido inauguradas ao público ainda e um francês ligou-as com uma corda e resolveu atravessá-las. Uma loucura, mas que o filme de Robert Zemeckis torna mais do que justificável, torna-a nosso sonho também.
A história fantástica já correu o mundo e virou até um documentário. O que Robert Zemeckis e Christopher Browne fazem é humanizar esse equilibrista auto-didata, tornando-o mais próximo de nós e criando uma empatia e uma cumplicidade que nos faça compreender seu sonho e torcer por ele. Mesmo que para isso, utilize a fórmula mais batida que conhecemos, a narração em primeira pessoa e o flashback.
O próprio Joseph Gordon-Levitt que interpreta o protagonista, aparece na tocha da Estátua da Liberdade estilizada nos contando sua história. Vemos, então, cenas da França, de sua infância, do começo como artista de rua, do circo de Papa Rudy, interpretado por Ben Kingsley, o romance com a artista Annie Allix, interpretada por Charlotte Le Bon e o surgimento do sonho.
Apesar de burocrática, essa parte inicial é fundamental para a virada em Nova York. Sem ela, seria apenas a apreciação de uma peripécia extravagante explorada em todos os nossos sentidos. É visível a mudança da dinâmica quando o plano começa a ser posto em prática. A equipe que se forma, a maneira divertida como tudo vai sendo conseguido, o jogo do absurdo. Mas, como fomos preparados, estamos também emocionalmente envolvidos e tudo funciona melhor.
Quando chega o momento chave da travessia, então. Tudo se mistura. O 3D e os efeitos especiais são extremamente bem feitos, é possível ter vertigem olhando para a tela. O ritmo e os ângulos da câmera também nos trazem o máximo de realismo e tensão ali. Para quem tem medo de altura, a angústia pode ser elevada. E tudo isso é maximizado porque estamos de fato ali com ele naquela corda. Nos importamos com seu sonho e com sua vida. E somos capazes de compreender o feito.
Joseph Gordon-Levitt, de lente de contato para se aproximar do original, está muito bem como Philippe Petit. Ele consegue nos passar carisma e o poder de persuasão que a personagem carrega em si. Fica crível a maneira como ele convence todos a ajudá-lo em algo tão absurdo à primeira vista.
O filme acerta ainda em não pesar a mão na emoção em relação ao objeto a ser superado, objeto esse que todos sabemos não está mais lá desde 2001. Provavelmente para os americanos, nova iorquinos em especial, ver as torres ali em pé de maneira tão realista e quase palpável na tela deve ter um impacto. Mas, o filme não põe a mão na ferida deixando tudo mais sutil.
No final das contas, o filme é um grande acerto de Robert Zemeckis que conta uma história por si só já fantástica com efeitos especiais impressionantes e buscando humanizar o seu herói para que juntos possamos fazer essa difícil travessia.
A Travessia (The Walk, 2015 / EUA)
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Robert Zemeckis, Christopher Browne
Com: Joseph Gordon-Levitt, Charlotte Le Bon, Ben Kingsley, Guillaume Baillargeon
Duração: 123 min.
A história fantástica já correu o mundo e virou até um documentário. O que Robert Zemeckis e Christopher Browne fazem é humanizar esse equilibrista auto-didata, tornando-o mais próximo de nós e criando uma empatia e uma cumplicidade que nos faça compreender seu sonho e torcer por ele. Mesmo que para isso, utilize a fórmula mais batida que conhecemos, a narração em primeira pessoa e o flashback.
O próprio Joseph Gordon-Levitt que interpreta o protagonista, aparece na tocha da Estátua da Liberdade estilizada nos contando sua história. Vemos, então, cenas da França, de sua infância, do começo como artista de rua, do circo de Papa Rudy, interpretado por Ben Kingsley, o romance com a artista Annie Allix, interpretada por Charlotte Le Bon e o surgimento do sonho.
Apesar de burocrática, essa parte inicial é fundamental para a virada em Nova York. Sem ela, seria apenas a apreciação de uma peripécia extravagante explorada em todos os nossos sentidos. É visível a mudança da dinâmica quando o plano começa a ser posto em prática. A equipe que se forma, a maneira divertida como tudo vai sendo conseguido, o jogo do absurdo. Mas, como fomos preparados, estamos também emocionalmente envolvidos e tudo funciona melhor.
Quando chega o momento chave da travessia, então. Tudo se mistura. O 3D e os efeitos especiais são extremamente bem feitos, é possível ter vertigem olhando para a tela. O ritmo e os ângulos da câmera também nos trazem o máximo de realismo e tensão ali. Para quem tem medo de altura, a angústia pode ser elevada. E tudo isso é maximizado porque estamos de fato ali com ele naquela corda. Nos importamos com seu sonho e com sua vida. E somos capazes de compreender o feito.
Joseph Gordon-Levitt, de lente de contato para se aproximar do original, está muito bem como Philippe Petit. Ele consegue nos passar carisma e o poder de persuasão que a personagem carrega em si. Fica crível a maneira como ele convence todos a ajudá-lo em algo tão absurdo à primeira vista.
O filme acerta ainda em não pesar a mão na emoção em relação ao objeto a ser superado, objeto esse que todos sabemos não está mais lá desde 2001. Provavelmente para os americanos, nova iorquinos em especial, ver as torres ali em pé de maneira tão realista e quase palpável na tela deve ter um impacto. Mas, o filme não põe a mão na ferida deixando tudo mais sutil.
No final das contas, o filme é um grande acerto de Robert Zemeckis que conta uma história por si só já fantástica com efeitos especiais impressionantes e buscando humanizar o seu herói para que juntos possamos fazer essa difícil travessia.
A Travessia (The Walk, 2015 / EUA)
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Robert Zemeckis, Christopher Browne
Com: Joseph Gordon-Levitt, Charlotte Le Bon, Ben Kingsley, Guillaume Baillargeon
Duração: 123 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Travessia
2015-10-14T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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