Amy
Há uma certa tendência a canonizar pessoas mortas. Esquecemos os problemas e lembramos apenas dos bons feitos. Esse não parece ter sido o comportamento da mídia em relação à cantora Amy Winehouse. Foram tantos escândalos por uso de drogas e excesso de álcool que sua morte prematura também girou em torno desse tema. Asif Kapadia vem aqui fazer um justo resgate da menina incrivelmente talentosa que havia por trás desse circo.
Amy, o documentário, utiliza de uma mistura de vídeos caseiros e da imprensa para recriar os passos de Amy Winehouse. Uma garota simples, ingênua, dona de uma potente e diferente voz, que amava o jazz e só queria se expressar através da música. O sucesso estrondoso que obteve em seu segundo álbum acabou modificando sua vida para sempre. Cercada por paparazzis e pela pressão da fama, ela acabou se perdendo, fazendo escolhas erradas que acabaram nesse triste final.
Apesar de não apontar diretamente culpados, Asif Kapadia dá pistas de todos os lados. Primeiro no estilo da própria cantora, que só queria ser uma intérprete do jazz, ritmo mais intimista, para poucos, que não precisa encarar multidões do show business todos os dias. Fica muito claro o quanto isso assustada e incomodava Amy. Também, quem não se incomodaria com a quantidades de flashes que tinha que enfrentar a cada saída de casa?
Mostra também as pessoas que a cercavam. O desequilíbrio emocional após a separação dos pais e a maneira como o pai sempre forçava sua exposição pública. Assim como o namorado e posteriormente marido que lhe apresentou as drogas e acabou ajudando na derrocada da moça, enquanto suas amigas de infância se incomodavam com suas novas escolhas.
Ou seja, ainda que busque montar um quebra-cabeças com as imagens e os depoimentos de todos os lados, inclusive do pai, do empresário e do ex-marido, Asif Kapadia nos faz caminhar por essa tese da pobre menina rica que foi sufocada pelo excesso de fama e por um mundo altamente competitivo que a assustava. É difícil tentar entender as escolhas erradas que as pessoas fazem. Mas, também é incômodo perceber a quantidade de piadas que a mídia fez com o estado emocional e físico da cantora.
O documentário Amy, vem mostrar, então, o outro lado de tudo isso. O drama que era e não a comédia que era feita da vida de Amy Winehouse. Mas, acima de tudo, vem mostrar que essa frágil moça que se entregou às drogas e deixou de cumprir compromissos, era dona de um talento único que merecia uma administração melhor. Mesmo que ficasse ali, restrita à sua comunidade. Uma estrela que merece o reconhecimento de seu talento.
Há momentos emocionantes que ressaltam isso como um vídeo caseiro dela cantando para a família, ou a cena em que grava um dueto com Tony Bennett, um dos seus ídolos. Uma estrela que foi muito além de "Rehab", sua música mais popular.
No geral, Amy é um documentário tradicional. Asif Kapadia utiliza muito o mesmo recurso que utilizou em Senna de depoimentos com voz over e imagens de preenchimento, mas aqui, não se torna tão fluido e criativo como no anterior. Ainda que funcione bem para resgatar a história de uma cantora e compositora que teve o seu talento ofuscado pelos escândalos que acabou provocando durante sua curta passagem pela Terra. Fiquemos com aquela linda voz em nossa mente.
Amy (Amy, 2015 / Reino Unido)
Direção: Asif Kapadia
Roteiro: Asif Kapadia
Com: Amy Winehouse, Mitch Winehouse, Mark Ronson
Duração: 128 min.
Amy, o documentário, utiliza de uma mistura de vídeos caseiros e da imprensa para recriar os passos de Amy Winehouse. Uma garota simples, ingênua, dona de uma potente e diferente voz, que amava o jazz e só queria se expressar através da música. O sucesso estrondoso que obteve em seu segundo álbum acabou modificando sua vida para sempre. Cercada por paparazzis e pela pressão da fama, ela acabou se perdendo, fazendo escolhas erradas que acabaram nesse triste final.
Apesar de não apontar diretamente culpados, Asif Kapadia dá pistas de todos os lados. Primeiro no estilo da própria cantora, que só queria ser uma intérprete do jazz, ritmo mais intimista, para poucos, que não precisa encarar multidões do show business todos os dias. Fica muito claro o quanto isso assustada e incomodava Amy. Também, quem não se incomodaria com a quantidades de flashes que tinha que enfrentar a cada saída de casa?
Mostra também as pessoas que a cercavam. O desequilíbrio emocional após a separação dos pais e a maneira como o pai sempre forçava sua exposição pública. Assim como o namorado e posteriormente marido que lhe apresentou as drogas e acabou ajudando na derrocada da moça, enquanto suas amigas de infância se incomodavam com suas novas escolhas.
Ou seja, ainda que busque montar um quebra-cabeças com as imagens e os depoimentos de todos os lados, inclusive do pai, do empresário e do ex-marido, Asif Kapadia nos faz caminhar por essa tese da pobre menina rica que foi sufocada pelo excesso de fama e por um mundo altamente competitivo que a assustava. É difícil tentar entender as escolhas erradas que as pessoas fazem. Mas, também é incômodo perceber a quantidade de piadas que a mídia fez com o estado emocional e físico da cantora.
O documentário Amy, vem mostrar, então, o outro lado de tudo isso. O drama que era e não a comédia que era feita da vida de Amy Winehouse. Mas, acima de tudo, vem mostrar que essa frágil moça que se entregou às drogas e deixou de cumprir compromissos, era dona de um talento único que merecia uma administração melhor. Mesmo que ficasse ali, restrita à sua comunidade. Uma estrela que merece o reconhecimento de seu talento.
Há momentos emocionantes que ressaltam isso como um vídeo caseiro dela cantando para a família, ou a cena em que grava um dueto com Tony Bennett, um dos seus ídolos. Uma estrela que foi muito além de "Rehab", sua música mais popular.
No geral, Amy é um documentário tradicional. Asif Kapadia utiliza muito o mesmo recurso que utilizou em Senna de depoimentos com voz over e imagens de preenchimento, mas aqui, não se torna tão fluido e criativo como no anterior. Ainda que funcione bem para resgatar a história de uma cantora e compositora que teve o seu talento ofuscado pelos escândalos que acabou provocando durante sua curta passagem pela Terra. Fiquemos com aquela linda voz em nossa mente.
Amy (Amy, 2015 / Reino Unido)
Direção: Asif Kapadia
Roteiro: Asif Kapadia
Com: Amy Winehouse, Mitch Winehouse, Mark Ronson
Duração: 128 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Amy
2016-02-21T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Asif Kapadia|critica|documentario|oscar 2016|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
Muitos filmes eróticos já foram realizados. Fantasias sexuais, jogo entre dominação e dominado, assédios ou simplesmente a descoberta do pr...
-
O dia de hoje marca 133 anos do nascimento de John Ronald Reuel Tolkien e resolvi fazer uma pequena homenagem, me debruçando sobre sua vid...
-
Tem uma propaganda em que a Dove demonstra como o padrão de beleza feminino é construído pelo mercado publicitário . Uma jovem com um rost...
-
Brazil , dirigido por Terry Gilliam em 1985, é uma obra que supera todos os rótulos que a enquadrariam como apenas uma distopia . Seu mundo...
-
A premissa de Quanto Vale? (2020), dirigido por Sara Colangelo , não é apenas provocativa, mas quase cruel em sua simplicidade: como determ...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Encarar o seu primeiro longa-metragem não é fácil, ainda mais quando esse projeto carrega tamanha carga emocional de uma obra sobre sua mãe....
-
Agora Seremos Felizes (1944), ou Meet Me in St. Louis , de Vincente Minnelli , é um dos marcos do cinema americano da década de 1940 e exe...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...