As Memórias de Marnie
Último filme dos estúdios Ghibli, fundado pelos gênios da animação Hayao Miyazaki (A Viagem de Chihiro) e Isao Takahata (Túmulo dos Vagalumes). Assim foi anunciado As Memórias de Marnie que traz uma história emocionante e curiosa ainda que não seja tão genial quanto outras do mesmo estúdio.
Tudo gira em torno da garotinha Anna, órfã adotada por um casal desconhecido, mas que não consegue se adaptar ao mundo em que vive. Sempre sozinha e calada, rabiscando em seu caderno, ela é enviada pela mãe adotiva para passar um tempo com uns parentes que vivem em uma pequena ilha, em uma tentativa de recuperação. Lá ela conhece a jovem Marnie, mas a garotinha parece envolta em diversos mistérios. O que não impede o nascimento de uma bela amizade e de um amor que pode curar grandes feridas.
As animações japonesas costumam possuir diversas camadas e não se furtam a falar com as crianças sobre dor, abandono ou mesmo morte. É interessante como os temas são diluídos de uma maneira bela e acessível a todos como parte da vida. As questões emocionais de Anna são extremamente profundas. Ela se sente rejeitada, não pertencente ao mundo, sua vontade parece ser a de simplesmente sumir.
A grande mansão no pântano chama, então, a sua atenção, assim como a imagem da garotinha loira sendo penteada em seu quarto. Algo a atrai para aquele lugar, como um sentimento de pertencimento que ela nunca sentiu antes. Pelo menos em suas lembranças recentes.
A amizade que surge entre as duas é encantadora. Há uma sintonia de almas, mais do que simples garotas que começam a se tornar amigas, vide a diferença de relacionamento quando Anna conhece Sayaka. As duas se tornam boas amigas, cúmplices, mas não há a intensidade que existe entre Anna e Marnie.
E o mais interessante é viajar junto com Hiromasa Yonebayashi e os demais roteiristas em quem seria Marnie. Toda a sua aparição e interferência na vida de Anna parece mágica. Seria fruto da imaginação da garotinha solitária? E a forma como tudo vai ser revelado é bonita, sem ser piegas. Há uma pureza de sentimentos que nos passa verdade.
A animação possui um traço simples, econômico, com poucos movimentos e muita imagem estática, mas também é rica em detalhes quando se trata de cenários. Há paisagens belas e planos detalhes cuidadosos. Conseguimos embarcar nesse universo fictício de uma maneira intensa.
As Memórias de Marnie é, então, uma animação admirável, mas que não chega a ser surpreendente. Das cinco candidatas a melhor animação no Oscar desse ano, por exemplo, acaba sendo a mais fraca, mas não por desmérito dela, e sim, pela forte concorrência.
As Memórias de Marnie (Omoide no Mânî, 2015 / Japão)
Direção: Hiromasa Yonebayashi
Roteiro: Keiko Niwa, Masashi Ando, Hiromasa Yonebayashi, David Freedman
Duração: 103 min.
Tudo gira em torno da garotinha Anna, órfã adotada por um casal desconhecido, mas que não consegue se adaptar ao mundo em que vive. Sempre sozinha e calada, rabiscando em seu caderno, ela é enviada pela mãe adotiva para passar um tempo com uns parentes que vivem em uma pequena ilha, em uma tentativa de recuperação. Lá ela conhece a jovem Marnie, mas a garotinha parece envolta em diversos mistérios. O que não impede o nascimento de uma bela amizade e de um amor que pode curar grandes feridas.
As animações japonesas costumam possuir diversas camadas e não se furtam a falar com as crianças sobre dor, abandono ou mesmo morte. É interessante como os temas são diluídos de uma maneira bela e acessível a todos como parte da vida. As questões emocionais de Anna são extremamente profundas. Ela se sente rejeitada, não pertencente ao mundo, sua vontade parece ser a de simplesmente sumir.
A grande mansão no pântano chama, então, a sua atenção, assim como a imagem da garotinha loira sendo penteada em seu quarto. Algo a atrai para aquele lugar, como um sentimento de pertencimento que ela nunca sentiu antes. Pelo menos em suas lembranças recentes.
A amizade que surge entre as duas é encantadora. Há uma sintonia de almas, mais do que simples garotas que começam a se tornar amigas, vide a diferença de relacionamento quando Anna conhece Sayaka. As duas se tornam boas amigas, cúmplices, mas não há a intensidade que existe entre Anna e Marnie.
E o mais interessante é viajar junto com Hiromasa Yonebayashi e os demais roteiristas em quem seria Marnie. Toda a sua aparição e interferência na vida de Anna parece mágica. Seria fruto da imaginação da garotinha solitária? E a forma como tudo vai ser revelado é bonita, sem ser piegas. Há uma pureza de sentimentos que nos passa verdade.
A animação possui um traço simples, econômico, com poucos movimentos e muita imagem estática, mas também é rica em detalhes quando se trata de cenários. Há paisagens belas e planos detalhes cuidadosos. Conseguimos embarcar nesse universo fictício de uma maneira intensa.
As Memórias de Marnie é, então, uma animação admirável, mas que não chega a ser surpreendente. Das cinco candidatas a melhor animação no Oscar desse ano, por exemplo, acaba sendo a mais fraca, mas não por desmérito dela, e sim, pela forte concorrência.
As Memórias de Marnie (Omoide no Mânî, 2015 / Japão)
Direção: Hiromasa Yonebayashi
Roteiro: Keiko Niwa, Masashi Ando, Hiromasa Yonebayashi, David Freedman
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
As Memórias de Marnie
2016-02-22T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|critica|drama|Hiromasa Yonebayashi|infantil|oscar 2016|
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