
O filme trata de violência, possibilidades de proteção e limites da justiça com as próprias mãos. Retratando a violência e consequências dos carteis de drogas no México, ele acompanha a formação de dois grupos de justiceiros, um no México e outro nos Estados Unidos. Focando muito mais no primeiro que no segundo, vamos acompanhando a jornada do Dr. Mireles, que une uma grande quantidade de mexicanos em sua armada no combate ao crime. E claro, que isso também traz consequências.

É instigante também que Matthew Heineman consegue estar com sua câmera em tantos momentos importantes, tendo acesso a situações sigilosas e flagrando ações complexas, de todos os lados. Provavelmente fruto de um trabalho longo de acompanhamento dos grupos e muito material bruto para analisar e construir sua história.

Da mesma forma que mostra que combater violência com violência pode parecer um mal necessário, acaba gerando o efeito inverso, tornando os combatentes iguais aos que combatem. A população é que acaba sofrendo as consequências sem direito a escolhas. Além disso, mostra que nada é tão simples e que pré-julgamentos só nos faz repetir informações que chegam até nós, já filtradas por interesses de determinados grupos.
É interessante que o filme joga as informações na tela, sem julgamentos e também sem procurar soluções definitivas. Pelo contrário, nos mostra que esse é um problema que está distante de ser resolvido, porque tem muitas variáveis e muitos interesses conflitantes. Algo que é mesmo cíclico e que por mais que tentemos desatar o nó, acabamos retornando ao ponto inicial. Um filme, sem dúvidas, impactante.
Cartel Land (Cartel Land, 2015 / México / EUA)
Direção: Matthew Heineman
Roteiro: Matthew Heineman
Duração: 100 min.