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Curtindo a Vida Adoidado
Curtindo a Vida Adoidado
Quem nunca sonhou em um dia sem compromissos? Talvez esse seja o maior sucesso de Curtindo a Vida Adoidado, filme que se tornou uma espécie de símbolo dos anos 80. A extravagância de Ferris Bueller nos assusta e encanta. Além de ser uma obra divertida e bem produzida.
John Hughes é um diretor marcante de filmes para adolescentes. Além de Curtindo a Vida Adoidado, são dele obras como Clube dos Cinco, Mulher Nota Mil e Gatinhas e Gatões. Isso sem falar nos mais de quarenta roteiros que escreveu, como Esqueceram de Mim, A Garota de Rosa-Shocking, Férias Frustradas e tantos outros. Ou seja, ele sabe o que faz. Ou pelo menos, nos acostumamos a seu estilo.
Ferris Bueller é um anti-herói apaixonante. Ele possui um carisma e uma facilidade para convencer a todos, inclusive o público, de suas artimanhas. A diferença é que, enquanto ele engana a todos, somos seus cúmplices. Literalmente, já que o roteiro de Hughes quebra a quarta parede e faz a personagem conversar diretamente para a câmera, explicando suas teorias.
"A vida é muito curta. Você precisa parar para aproveitá-la ou ela passa." É o que Ferris nos ensina. Isso é a sua justificativa para faltar aula, enganar seus pais, burlar leis, convencer seu amigo a fazer o mesmo e ainda arrastar sua namorada, fingindo que sua avó faleceu. Ele nos faz comprar a ideia que são mentiras inofensivas com uma ótima justificativa. E quem é que não torce por ele em sua corrida final para que tudo dê certo?
Como uma boa comédia, o filme exagera em diversos pontos. Inclusive na empatia de Ferris e que, de repente, é conhecido por todos e já está até como notícia no jornal. Sendo que estamos no mesmo dia em que ele ficou doente e disse que talvez precise de um rim. Mas, em vez de sair da narrativa com esses exageros, damos risada e embarcamos em gags bobas como os presentes que chegam à sua casa ou a arrecadação na escola.
Um ponto que talvez não funcione tão bem é o inspetor Rooney. Arqui-inimigo de Ferris que quer a todo custo desmascará-lo. Sua investida na casa do aluno, no entanto, soa exagerada e quase inverossímil. Não soa como uma alegoria, como no caso dos professores na escola, todos cansativos com aulas chatas. Ou mesmo sua dinâmica com a secretária na diretoria. De qualquer maneira, ele também tem bons momentos.
Curtindo a Vida Adoidado traz ainda cenas marcantes como a famosa dança de Twist and Shout, ou a corrida de Ferrari pelas ruas de Chicago. Aliás, esse filme é responsável por gerações desconfiarem e não gostarem de entregar seus carros a manobristas. Mesmo sem ter o famoso carro italiano nas mãos.
Daqueles filmes que marcaram uma geração, continua funcionando mesmo hoje. Sendo referência inclusive para Deadpool na divertida cena pós-créditos. Mesmo hoje, 30 anos depois, ainda é possível se divertir e se inspirar no dia de folga de Ferris Bueller.
Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off, 1986 / EUA)
Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
Com: Matthew Broderick, Alan Ruck, Mia Sara, Jennifer Grey, Cindy Pickett, Jeffrey Jones, Lyman Ward
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Curtindo a Vida Adoidado
2016-07-13T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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