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Viagem à Lua de Júpiter
Viagem à Lua de Júpiter
Europa One é uma nave com uma missão audaciosa, levar seis astronautas à Europa, uma das luas de Júpiter, para investigar a existência de vida alienígena por lá. Esse filme de Sebastián Cordero que não chegou aos cinemas brasileiros, mas agora pode ser conferido em home vídeo, traz como questão mais interessante a tentativa de simular a realidade ao máximo, com formato documental e explicações científicas.
A estrutura do roteiro de Philip Gelatt simula um documentário. Podemos lembrar logo do desastroso Apollo 18, mas Viagem à Lua de Júpiter, nome quase literal escolhido pela distribuidora brasileira, consegue ser mais feliz em suas escolhas. Primeiro, ela economiza efeitos especiais construindo quase tudo dentro da própria nave. Não esperem aventuras espaciais, grandes explosões ou coisas do gênero. Depois, ela baseia toda a sua tensão na expectativa do resultado da missão. Afinal, as imagens retornaram, será que os astronautas, ou pelo menos alguns deles também?
O gancho principal da estrutura do roteiro vem de um acontecimento na própria nave. A princípio, a missão tem suas imagens e comunicação direta com a Terra, em uma espécie de reality show no espaço. Mas, após seis meses, eles perdem contato com o planeta. As câmeras continuam gravando, mas nada mais é transmitido à Nasa. Como vamos acompanhando depoimentos e imagens montadas em uma maneira que nos dá o ponto de vista de pós-missão, imaginamos que, de alguma maneira, as câmeras retornam à Terra.
Nesse suspense há algumas estratégias de roteiro que se tornam interessantes. A condução não é linear. Até por ser um resumo pós-ocorrência, as questões vão sendo levantadas em ordem, solta pelos depoimentos. Temos depoimentos de cientistas dentro e fora da missão. Principalmente da idealizadora do projeto e de uma das pilotos da nave. Com isso, algumas surpresas são antecipadas como a morte de um dos tripulantes, que é lamentada antes de vermos as imagens do que aconteceu. A surpresa se torna o como isso acontece.
Temos também a rotina da nave sendo apresentada de uma maneira realista, sem muitas peripécias para demonstrar o ritmo arrastado da rotina espacial. Os momentos de observação são os mais explorados, mesmo quando pousam na lua Europa, é sempre uma busca científica com uma estrutura crível. Isso não deixa de ser interessante, pois nos faz sentir que realmente estamos ali, acompanhando imagens reais de astronautas em uma missão inédita.
O grande motor do filme é mesmo a curiosidade natural do ser humano com o espaço e outros planetas. Parece mesmo ilógico que, em um universo tão vasto, apenas o planeta Terra tenha vida. Da mesma maneira, é intrigante que o ser humano só tenha conseguido viajar por sua própria órbita e seja tão complicado vagar pelo resto da via láctea. Embarcar para Júpiter parece mesmo ficção científica, mas nos dá a sensação de que um dia chegaremos lá. É como as grandes navegações. O povo da Europa achava ficção chegar à América, ou mesmo que existisse vida por aqui.
De qualquer maneira, o maior mérito de Viagem à Lua de Júpiter é nos dar essa simulação tão próxima do real. É possível mesmo imaginar tudo aquilo. E há surpresas e reviravoltas interessantes, com poucos recursos e muita imaginação. Um filme, no mínimo, curioso.
Viagem à Lua de Júpiter (Europa Report, 2013)
Direção: Sebastián Cordero
Roteiro: Philip Gelatt
Com: Sharlto Copley, Michael Nyqvist, Christian Camargo
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Viagem à Lua de Júpiter
2016-07-04T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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