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Mulheres e o Oscar

Lina Wertmüller, Jane Campion, Sofia Coppola e Kathryn Bigelow
Lina Wertmüller, Jane Campion, Sofia Coppola e Kathryn Bigelow

Ano passado, duas polêmicas movimentaram a lista de indicações ao Oscar: a ausência de profissionais negros nas principais categorias. E a ausência de mulheres em categorias que não fossem "atriz". Reclamações justas diante de possíveis concorrentes, como Ava DuVernay por Selma. Esse ano parece que a Academia entendeu o recado e olhou com mais cuidado para a diversidade. Porém, um tabu continua: cadê as mulheres na categoria de Melhor Direção?

Ava DuVernay
Ava DuVernay
Desde que o Oscar foi criado, apenas quatro mulheres foram indicadas à categoria mais cobiçada da premiação. As "heroínas" foram Lina Wertmüller (1977), Jane Campion (1994), Sofia Coppola (2004) e Kathryn Bigelow (2010), única vencedora. Ou seja, em 88 anos de prêmio, os membros da academia consideraram apenas quatro mulheres dignas de uma nomeação, isso não preenche nem o números de indicados por ano, quanto mais dizer que representa as mulheres cineastas.

Ainda que saibamos que o Oscar é um prêmio que envolve muito lobby e não representa indiscutivelmente a qualidade cinematográfica, ele influencia. É o prêmio mais popular e gera repercussões diversas, inclusive de bilheterias e lembranças posteriores. Basta pensar em quantas mulheres diretoras você consegue citar de cabeça. Ou quantos filmes nas listas dos melhores de todos os tempos foram dirigidos por mulheres. Tudo está relacionado. Por isso, é tão importante a representatividade.

Maren Ade - Toni Erdmann
Maren Ade
E para não existir a possibilidade de alguém levantar a questão de que não existem talentos femininos na função, só mais dois dados. Duas mulheres diretoras estão concorrendo esse ano, a própria Ava DuVernay e Maren Ade. Só que a primeira é por um documentário, por sinal muito bom, 13ª Emenda. E a segunda, por um filme de língua estrangeira, Toni Erdmann, que está na lista de apostas como um dos favoritos, junto com O Apartamento.

A situação é tão complexa que, ao analisarmos uma das funções mais importantes na colaboração da direção, que é a fotografia, até hoje não tem uma única indicação para uma mulher. Já a montagem, outra de grande importância para o ritmo do filme, é um pouco mais democrática, ainda que majoritariamente preenchida por homens.

Barbara McLean
Barbara McLean
A primeira montadora a ganhar o Oscar foi Anne Bauchens, mas o maior destaque das primeiras décadas foi mesmo Barbara McLean, com sete indicações e uma vitória por Wilson (1944). Atualmente o maior nome seria Thelma Shoonmaker, com sete indicações e três estatuetas por O Aviador, Os Infiltrados e Touro Indomável. E destaco ainda a eterna parceira de Quentin Tarantino, Sally Menke, falecida em 2010. O próprio cineasta declarou que ela era a responsável por freá-lo, melhorando seus filmes. A montadora foi indicada duas vezes por Bastardos Inglórios e Pulp Fiction, mas não levou nenhum, infelizmente. E, este ano, Joi McMillon quebra um tabu, sendo a primeira mulher negra a ser indicada a melhor montagem, por seu trabalho em Moonlight.

A Academia tentou melhorar no quesito representatividade, o que é bom. Mas em relação às mulheres ainda há muito chão pela frente. Pelo menos, as questões já estão sendo levantadas, atrizes cobram melhores cachês, equiparados aos dos homens, diretoras buscam reconhecimento, e críticas de cinema também se organizam para ficarem atentas a essas questões. Por isso, deixo como dica final, a lista dos dez melhores filmes de 2016 dirigidos por mulheres, feita pelo Elviras - Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema, do qual faço parte.

1) Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert
2) Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas
3) Cinco graças, de Deniz Gamze Ergüven
4) Mate-me por favor, de Anita Rocha da Silveira
5) O que está por vir, de Mia Hansen-løve
6) Campo grande, de Sandra Kogut
7) Marias, de Joana Mariani
8) Meu rei, de Maïwenn
9) Como eu era antes de você, de Thea Sharrock
10) A intrometida, de Lorene Scafaria

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