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Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
Baseado na série de quadrinhos francesa, Valerian e Laureline, de Jean-Claude Mézières e Pierre Christin, o novo filme de Luc Besson é esteticamente impressionante. CGI, efeitos especiais e até o 3D nos fazem imergir em um mundo fantástico, repleto de alienígenas no espaço e planetas distantes. Tem até uma realidade virtual instigante em determinado momento. A história, no entanto, é oca e cansativa, entre clichês, repetições e outras bobagens.
Existe uma trama aparente e uma trama por trás, uma parece não fazer sentido, a outra é óbvia e também cheia de incongruências. O fato é que o casal de policiais espaciais Valerian e Laureline, vividos por Dane DeHaan e Cara Delevingne, tem como missão resgatar uma criatura capaz de reproduzir qualquer coisa que coma em quantidade. Após isso, eles devem proteger a criatura e o comandante dos humanos na cidade Alpha em uma operação secreta, porém, uma turma de alienígenas desconhecida irá tumultuar os planos dos agentes.
E aí que começa esse jogo de "esconder" a verdadeira trama, quando ela parece óbvia. Afinal, já fomos apresentados a esses alienígenas em seu planeta natal, pacífico, belo, harmônico, um verdadeiro paraíso. E também já vimos que o comandante tem um deles como prisioneiro e o tortura em busca de algo. Enquanto isso, nos computadores locais, as informações sobre esse planeta são guardados como informações secretas. Não é tão difícil juntar dois e dois para saber o resultado.
Com quase duas horas e vinte minutos, ainda que com um ritmo ágil imposto pela já conhecida direção de Luc Besson, a trama parece se arrastar. São muitas peripécias repetitivas e desnecessárias de fugas e correria que parecem perder o sentido em determinado momento, principalmente quando eles chegam em Alpha. Correria para tentar salvar o comandante, correrias para tentar salvar Valerian, correria para tentar salvar Laureline. E no meio de tudo isso, algumas inserções curiosas, quase esquetes independentes, como os três patos antropomórficos que estão sempre querendo vender informação. Ou um show à parte de Rihanna como uma curiosa transmorfa que acaba indo do nada a lugar nenhum.
O casal vivido por Dane DeHaan e Cara Delevingne não tem carisma e química suficiente para segurar o jogo de parceria e tensão amorosa. Soa falso, não há profundidade, nem nas piadas, nem nas emoções. Não conseguem sustentar a empatia do público que pode ficar mais preocupado com o estranho povo azul que com o casal. Se não bastasse ainda tem a velha construção patriarcal que coloca pouquíssimas mulheres com algum destaque. Na verdade, apenas Laureline efetivamente, e ela é subordinada a Valerian, ao capitão e ao comandante. Mesmo nas raças alienígenas, uma sequências de cumprimentos que vai formando a "Cidade dos Mil Planetas" deixa claro a supremacia masculina no comando.
Ainda assim, é possível perceber as marcas de Luc Besson, deixando claro que Valerian e a Cidade dos Mil Planetas não é um blockbuster sem alma. A questão da busca pela paz entre humanos e alienígenas é curiosa. Assim como uma certa mensagem de perdão e amor que o filme acaba construindo que ajudam a refletir sobre a nossa humanidade e o egocentrismo de nos acharmos os seres mais evoluídos do universo. Há elementos que não fazem dessa uma viagem vazia, como uma boa ficção científica deve ser, ajudando a refletir sobre nossa própria época.
Um filme com altos e baixos, mas que, como já foi dito, impressiona visualmente. Até mesmo o 3D, sempre motivo de reclamações, funciona aqui, ampliando a profundidade de uma maneira que nos deixa mais imersos no cenário, criando efeitos estéticos. Poderia ser menor, no entanto, pelo menos meia hora menos ou até mais que isso. De qualquer maneira, tem seu charme não deixando de ser uma boa aventura no espaço.
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, 2017 / EUA)
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Com: Dane DeHaan, Cara Delevingne, Clive Owen, Rihanna
Duração: 137 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
2017-08-10T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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