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Top Gun: Ases Indomáveis
Top Gun: Ases Indomáveis
Com continuação confirmada para 2019, Top Gun é daquelas memórias afetivas difíceis de se analisar. Filme de maior sucesso de Tony Scott, ainda que longe de ser o melhor, a obra foi um fenômeno dos anos 80, tendo, inclusive, desdobramentos transmidiáticos como jogo de videogame. Ditou também moda com os óculos estilo aviador e a trilha sonora foi das mais tocadas na época, fazendo sucesso ainda hoje.
O filme foi um marco na carreira de Tom Cruise, consagrado como galã e popstar. O ator vinha de obras como A Lenda e Negócio Arriscado e teve aqui seu primeiro blockbuster. Não por acaso ele aceitou retornar ao papel mais de trinta anos depois, ainda que a alcunha de galã tenha prejudicado seu início de carreira, algo que só começou a mudar com Nascido a 4 de julho.
Analisando tecnicamente, Top Gun traz um roteiro simples que não parece justificar a sua legião de fãs. Um garoto, filho de um piloto de caça, que sonha em ser o melhor piloto da América, vai para a reconhecida escola de Miramar, apaixona-se pela instrutora, disputa o título de melhor com um colega (Val Kilmer), tem um trauma que quase o faz desistir e tem o seu desfecho previsível. Mas não é isso que faz o filme ser o sucesso que foi.
Primeiro, ainda que simples, a história acaba nos envolvendo pelos velhos gatilhos de superação. As personagens também fogem do estereótipo, trazendo camadas que instigam exatamente por não serem modelos conhecidos. Maverick, personagem de Tom Cruise, é bonito, talentoso, encantador, mas tem um ego inflado e é irresponsável, algo que marca sua trajetória. Já a personagem de Kelly McGillis está longe de ser a mocinha indefesa, mais velha, mais experiente e hierarquicamente superior a ele. Uma quebra no padrão de casais de Hollywood. Por fim, o antagonista vivido por Val Kilmer não é um vilão. É até menos prepotente que o herói, construindo uma disputa mais rica.
Além disso, Tony Scott sabe construir bem os efeitos pretendidos da obra, que brinca com as emoções do público. Há uma aura heróica e divertida naqueles caças no ar, uma boa dosagem de adrenalina em cada voo, com planos e movimentos de câmera que impressionam não apenas para época, mas até hoje surtem efeito. A câmera em primeira pessoa, mostrando o alvo e o tiro, nos coloca no cockpit dando a sensação de fazer parte daquilo, deixando tudo mais emocionante.
O filme dosa bem a aventura com o romance. Ainda que o desenho de som pareça over em alguns ponto, muito marcado a ponto de roubar a atenção da cena, há uma construção em escala da emoção que culmina com a música tema Take my breath away. A curva do romance que começa com a paquera no bar, quase assédio com a cena do banheiro, culmina com o beijo na estrada, que pode parecer precipitado, mas convence pelo jogo sedutor e química do casal.
Uma questão que hoje geraria polêmica é que a obra acaba por ser uma propaganda das forças armadas, lidando com a guerra como se fosse uma grande aventura. Na época, o ator Matthew Modine recusou o papel principal por já o considerá-lo militarista demais. Feito durante a Guerra Fria, sem apresentar muito bem o cenário onde se passa, acaba soando ainda mais estranho nos dias de hoje, após tantas guerras tolas ou ameaças dos Estados Unidos ao redor do mundo. Mas parece haver também uma ingenuidade na abordagem. Principalmente porque quase toda a narrativa se passa em treinamentos. Vira mesmo um grande videogame. Apenas a batalha final é real e quase cai de paraquedas na trama.
O fato é que, independente disso, Top Gun: Ases Indomáveis marcou uma geração e continua funcionando ainda hoje, por mais que o encanto tenha se quebrado. Uma aventura bem feita, com cenas memoráveis e personagens empáticos. Resta saber o que vem de continuação a essa história tanto tempo depois.
Top Gun: Ases Indomáveis (Top Gun, 1986 / EUA)
Direção: Tony Scott
Roteiro: Jim Cash, Jack Epps Jr.
Com: Tom Cruise, Tim Robbins, Kelly McGillis, Val Kilmer, Anthony Edwards, Meg Ryan
Duração: 110 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Top Gun: Ases Indomáveis
2018-08-13T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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