A Mostra de São Paulo sempre foi uma espécie de maratona cinéfila, o evento brasileiro de maior porte, com números significativos de filmes estrangeiros e Première de obras brasileiras. Ano passado foi totalmente on-line, mas esse ano bancou a decisão corajosa de ser híbrido. Como disse a diretora da Mostra, Renata Almeida, na coletiva para a imprensa, seria mais barato manter on-line, mas não podemos deixar morrer a principal experiência da cinefilia que é a exibição nas salas de cinema. Tanto que não teremos uma única sessão de abertura hoje, mas doze títulos com exibição simultânea pelas dez salas da cidade. Esse espírito de sonho é traduzido de maneira poética e bela no cartaz e vinheta oficial da Mostra com artes de Ziraldo.
Entre 21 de outubro e 03 de novembro serão oito salas de cinema da capital paulista exibindo 39 filmes nacionais e 225 filmes internacionais, entre diretores premiados e títulos vencedores de festivais tradicionais como Cannes. A palma de ouro desse ano, Titane de Julia Ducournau estará em exibição especial. Já Um Herói de Asghar Farhadi, que, no Festival de Cannes deste ano, ganhou o Grande Prêmio do Júri e o Prêmio François Chalais, conferido a filmes com valor afirmativos sobre a vida e o jornalismo estará na Mostra Perspectiva Internacional.
Outro destaque desta edição é a Première Mundial do novo filme de Laís Bodanzky “A Viagem de Pedro” que será ao ar livre no MASP. O filme conta a viagem que Dom Pedro fez em 1831 após seu irmão lhe usurpar o trono de Portugal e é estrelado por Cauã Reymond. “Estrear "A Viagem de Pedro" em uma tela grande no vão livre do Masp não poderia ser melhor presente nesse momento de pandemia. Por isso decidimos fazer essa sessão especial na Mostra de São Paulo, um dos poucos festivais do mundo em formato híbrido, com parte presencial. O lugar certo para o nosso "filme de cinema". Agradeço à Renata Almeida por este convite!”, afirma a diretora e roteirista Laís Bodanzky.
Ainda entre os destaques brasileiros têm “Marinheiro das montanhas”, de Karim Aïnouz, exibido no último festival de Cannes. O longa é todo narrado por Karim, que lê uma carta para a sua mãe, já falecida, transformada aqui em uma companheira imaginária de viagem. E o novo filme de Aly Muritiba, Deserto Particular que foi escolhido recentemente como nosso representante a uma vaga no Oscar de Filme Estrangeiro e que ganhou o prêmio do público na mostra Venice Days.
Todos esses destaques terão exibição apenas presenciais, sempre seguindo os protocolos de segurança. Mas o público que não puder ir a São Paulo continua tendo opções de conferir parte desses 264 filmes em três plataformas, o oficial da Mostra , o Itaú Play, do Itaú Cultural e o Sesc Digital , essas duas últimas com exibições gratuitas. Já os filmes da Mostra Play custarão R$ 12,00 cada filme. Mas há a possibilidade de pacotes como 5 ingressos (R$ 57,00), 10 ingressos (R$ 105,00) ou 15 ingressos (R$ 150,00).
Entre os filmes com exibição on-line destaque para A Noite Do Fogo (Noche De Fuego) de Tatiana Huezo que recebeu Menção Especial do Júri na mostra Un Certain Regard no último Festival de Cannes e também foi premiado no San Sebastián. O Belga Os Intranquilos de Joachim Lafosse que também competiu à Palma de Ouro em Cannes. E o Romeno Lua Azul (Blue Moon), de Alina Grigore que foi o grande vencedor do Festival de San Sebastián.
Destaque ainda para o brasileiro Urubus (Vultures), de Claudio Borrelli que foi escolhido como “Melhor Filme de Longa-Metragem Internacional” do Fabrique Du Cinéma. E a animação baiana Meu Tio José de Ducca Rios que foi selecionada para o Festival de Annecy deste ano.
Por fim, como a Mostra Play possui 131 títulos, deixo aqui uma pequena lista de sugestão de filmes que considero destaque. Além claro, de todos os títulos que estão no Itaú Play e Sesc Digital.
Pra não perder na Mostra Play:
- A Noite Do Fogo (Noche De Fuego), de Tatiana Huezo (México, Alemanha, Brasil, Catar)
- A Felicidade Das Coisas, de Thais Fujinaga (Brasil)
- Brighton 4th, de Levan Koguashvili (Geórgia, Rússia, Bulgária, Mônaco, EUA)
- Já Que Ninguém Me Tira Pra Dançar, de Ana Maria Magalhães / BRASIL
- Lua Azul (Blue Moon), de Alina Grigore (Romênia)
- Murina, de Antoneta Alamat Kusijanovic (Croácia, Brasil, EUA, Eslovênia)
- Os Intranquilos (The Restless), de Joachim Lafosse (Bélgica, Luxemburgo, França)
- Sr. Bachmann E Seus Alunos (Mr Bachmann And His Class) , de Maria Speth (Alemanha)
- Tempo Ruy, de Adilson Mendes (Brasil)
- Urubus (Vultures), de Claudio Borrelli (Brasil)
- Ziraldo - Uma Obra que Pede Socorro, de Guga Dannemann (Brasil)
