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Joel

Joel - filme

Joel, dirigido por Carlos Sorín em 2018, é uma obra cinematográfica que mergulha nas complexidades emocionais e nas interações humanas de uma história de adoção. Localizado na pitoresca cidade de Tolhuin, na Patagônia argentina, o filme retrata com maestria as nuances da vida interiorana e os desafios enfrentados por um casal ao se tornarem pais de um filho adotivo. Com uma abordagem delicada e realista, Sorín nos leva a uma jornada profunda, explorando os conflitos internos dos personagens e questionando a natureza da maternidade e da paternidade.

Joel - filme
Carlos Sorín, conhecido por sua habilidade em retratar o interior austral argentino com um ritmo tranquilo e autêntico, mais uma vez nos presenteia com uma narrativa envolvente e cativante em Joel. O diretor, com uma carreira consolidada, nos leva a refletir sobre a jornada de adoção de um casal que se vê diante de um desafio inesperado: o garoto Joel, de oito ou nove anos, em vez dos quatro ou cinco anos que eles haviam solicitado. O garoto Joel busca um lugar de pertencimento em um mundo que o rejeitou, ao mesmo tempo em que o casal enfrenta seus próprios medos e inseguranças.

O roteiro nos conduz à vida cotidiana do casal protagonista, interpretado por Diego Gentile e Victoria Almeida. A adaptação ao papel de pais e a construção de uma família com Joel, um filho adotivo que não pertence a ninguém, se tornam o centro da trama. Ao longo de seis meses, testemunhamos a jornada desses três personagens em sua tentativa de se tornarem uma família. Sorín habilmente captura a torpeza e a improvisação que acompanham a paternidade e a maternidade, explorando as complexidades emocionais e os desafios de uma adoção tardia. Em uma cena particularmente notável, Sorín utiliza atores não profissionais do próprio local, trazendo uma autenticidade palpável às vozes de protesto comprimidas em uma sala de aula durante uma reunião de pais. Essa fusão entre atores profissionais e não profissionais confere uma textura genuína à narrativa, adicionando camadas de realismo e profundidade à experiência do espectador.

Joel - filme
O diretor nos envolve na vida da pequena comunidade de Tolhuin, destacando a reação dos moradores diante dessa nova família em seu meio. Desde o início, somos imersos em um cenário deslumbrante, onde a paisagem nevada da comunidade serve como metáfora para as camadas de emoções que estão prestes a se desdobrar. Através da lente da câmera, acompanhamos a protagonista em sua caminhada solitária, enquanto seus passos na neve ecoam, em uma sensação de suspense e mistério. Sorín brinca com nossas expectativas, sugerindo momentaneamente que o filme possa seguir os padrões de um thriller, apenas para revelar que ele está interessado em explorar algo muito mais profundo, questões mais amplas relacionadas à identidade, à conexão humana e ao significado da família. Através de diálogos sutis e gestos simples, o diretor consegue transmitir as complexidades emocionais desses personagens, criando uma empatia imediata com o público.

Joel é um filme que exige paciência e sensibilidade do espectador, mas recompensa aqueles que se entregam à sua narrativa delicada. Carlos Sorín mais uma vez demonstra sua maestria em retratar as complexidades da condição humana, explorando temas universais. Sua abordagem autêntica e profundamente tocante oferece um olhar íntimo sobre a adoção e as conexões humanas que transcendem os laços sanguíneos. Um filme que mergulha nas profundezas da adoção, uma experiência cinematográfica que nos convida a refletir sobre a importância do amor, da aceitação e da busca por um lugar que possamos chamar de lar e sobre os vínculos que nos definem como família.


Joel (Joel - 1918, Argentina) 
Direção: Carlos Sorín 
Roteiro: Carlos Sorín 
Com: Victoria Almeida, Diego Gentile, Joel Noguera 
Duração: 99 min.

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