Home
cinema baiano
cinema brasileiro
critica
documentario
filme brasileiro
negritude
panorama2025
A Bahia me fez assim
A Bahia me fez assim
Seis dias, seis músicas, diversos músicos e um desafio: realizar a cada dia uma releitura de uma música famosa baiana. A premissa do filme de Sérgio Machado chama a atenção pela inusitada experiência. Ver o processo criativo de músicos tão diversos em busca de uma nova roupagem para músicas já conhecidas, é instigante e nos envolve. E o resultado é melhor do que o esperado.
Começando pela junção de Larissa Luz e a banda ÀTTOOXXÁ revisitando o primeiro samba criado na Bahia. “Isto é bom”, gravado por Xisto Bahia pode ter um valor histórico, mas sua letra hoje é considerada politicamente incorreta. Boa parte da discussão, então, passa a ser não apenas o rearranjo da obra, mas a recomposição da própria letra.
O segundo dia traz o encontro de Rachel Reis, Afrocidade e Iuri Passos com a missão de repaginar “Camisa Listrada” de Assis Valente. Impressiona a maneira com os músicos reformulam o famoso samba trazendo traços de músicas pop contemporâneas. Uma das versões mais impressionantes.
Do encontro de Ilê Aiyê, o cantor Tinganá Santana e o clarinetista Ivan Sacerdote nasce uma versão inusitada de duas músicas de João Gilberto, “Bim-Bom” e “Obalalá”. Mas o mais inusitado e divertido é ver as Ganhadeiras de Itapuã construindo uma nova versão para a música “Como vovó dizia” de Raul Seixas.
Cabe aos dois grupos criados pelo maestro Letiéres Leite (Orkestra Rumpilezz e Coletivo Rumpilezzinho), recriar a música "Honra ao Rei" do próprio maestro. E um dos momentos mais tensos é a decisão de se iriam gravar com o solo de Letiéres ou não. Outra tensão aconteceu no encontro entre as cantoras Xênia França e Melly, na recriação da música “Sorrir e Cantar Como Bahia” dos Novos Baianos.
Independentemente das discussões e rusgas, Sérgio Machado nos coloca ali dentro do estúdio com os artistas e é uma experiência imersiva incrível poder ver tudo aquilo de perto. A maneira como vai se criando a expectativa para o resultado final também é bem construída. E claro, o auge é poder ver e ouvir cada versão como um clipe no próprio estúdio. São versões tão boas que fica a expectativa para o lançamento de um álbum comemorativo com elas.
Sérgio Machado vem mergulhando no universo musical baiano, após acompanhar a turnê da Neojibá com o documentário “Música que Transforma”, essa experiência com A Bahia me Fez Assim demonstra que esse é um universo que ainda pode ser bastante explorado. A Bahia sempre foi um celeiro musical incrível e a sensação que fica é de que ainda temos muito a mostrar e a surpreender o mundo.
Filme Visto no XX Panorama Internacional Coisa de Cinema.
A Bahia me fez assim (Brasil, 2025)
Direção: Sérgio Machado
Roteiro: Sérgio Machado
Com: Rachel Reis, Afrocidade, Iuri Passos, Larissa Luz, ÀTTOOXXÁ, Ganhadeiras de Itapuã, Yayá Muxima, Tiganá Santana, Ilê Aiyê, Ivan Sacerdote, Orkestra Rumpilezz, Coletivo Rumpilezzinho, Xênia França e Melly
Duração: 76 min.

Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Bahia me fez assim
2025-04-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
cinema baiano|cinema brasileiro|critica|documentario|filme brasileiro|negritude|panorama2025|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais lidos do site
-
Poucos filmes conseguem atravessar a barreira do drama para se tornar confissão. O Lutador (The Wrestler, 2008), de Darren Aronofsky , é u...
-
Poucos filmes carregam em seu DNA o peso de inaugurar, questionar e ao mesmo tempo mitificar um gênero cinematográfico nacional. O Cangacei...
-
Rever Johnny & June (Walk the Line) quase duas décadas após seu lançamento é como escutar uma velha canção de Johnny Cash em vinil: há...
-
Fitzcarraldo (1982) é uma obra que supera qualquer limite do cinema convencional, mergulhando o espectador em uma narrativa tão grandiosa q...
-
Vinte e cinco anos depois de seu lançamento, Matrix (1999) continua a ser um ponto de inflexão no cinema de ficção científica . Assistir a ...
-
Assistindo a Timbuktu (2014), de Abderrahmane Sissako , encontrei um filme que, logo na abertura, revela sua dicotomia: a beleza quase hip...
-
Poucos filmes conseguiram me incomodar tanto — e isso, acredite, é um elogio — quanto Instinto Materno (Pozitia Copilului, 2013), dirigido...
-
Uma catadora de material reciclado, com dois filhos, um marido violento e uma sociedade que não a protege. Este é o mote do novo filme de ...
-
Quando penso em Alguém Tem Que Ceder (Something’s Gotta Give, 2003), a imagem que me vem primeiro não é a de um beijo final ou de uma trilh...
-
Desde o primeiro instante em que a câmera nos apresenta Carlito Brigante já ferido no metrô , sabemos que estamos diante de uma fábula trág...