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Hachiko - Sempre ao seu lado

Richard Gere em Sempre ao seu ladoEm 1924, uma família japonesa ganhou um cachorrinho da raça Akita. O chefe da família, o professor Hidesaburō Ueno, adotou o cão como um filho e uma relação profunda de amizade nasceu entre eles. Todos os dias, Hachiko, que vem do nome oito (Hachi) em japonês, o número da sorte, acompanhava seu dono até a estação de trem e ia buscá-lo às cinco da tarde até que ... (tem na sinopse do filme, mas não leiam, é mais gostoso vê-lo sem saber) Essa não é apenas mais uma simples história de cachorro fiel. É uma história real que inspirou dois bons filmes.

Em 1987, o diretor Seijirô Kôyama fez um longa extremamente fiel a história real: Hachiko Monogatari. É interessante vê-lo e comparar com a versão americana que aqui ganhou o nome de Sempre ao seu lado, estrelado por Richard Gere. Deixo para que vocês vejam e compreendam melhor porque o Japão se emocionou com a atitude de Hachiko transformando-o em um símbolo de lealdade ao país e construindo uma estátua em sua homenagem na estação de Shibuya, onde ele ficou fielmente esperando seu dono por mais de nove anos.

Hachiko MonogatariO filme japonês é de época, retratando os anos pré-guerra de uma cultura extremamente diferente da nossa. Ainda assim, os valores de amizade, lealdade e compaixão são universais e Hachiko conquista em seus pequenos gestos. Há no filme uma linguagem típica dos anos 80, com um humor besteirol em diversas cenas e uma teatralidade puxando para comédia. Mesmo quando o filme tem a sua virada e transforma-se em um melodrama intenso, ainda existem algumas poucas cenas de humor. O sofrimento de Hachiko dói na alma e deixa uma sensação amarga, mesmo com a solução final.

Já o filme americano é uma homenagem ao cão, ser amado pelo cinema de Hollywood, que, quase sagrado, não morre nem mesmo nas piores catastrófes. Adaptado para Nova York, a história ganha alguns detalhes da cultura ocidental, como a tentativa de brincar com a bola, o incidente com o gambá ou o acolhimento ao cão mesmo após a virada do filme. Há também, o velho truque da narrativa futura. Começamos a narrativa na sala de aula do neto do professor Parker Wilson contando a história de seu avô e o cachorro Hachiko. No mais, a mesma trajetória de um dono e seu fiel cão. Com a diferença básica de um final mais aconchegante.

Na técnica também há algumas diferenças gritantes, principalmente na trilha sonora. Enquanto o filme americano é comedido, com temas tristes e emocionantes, o japonês coloca umas músicas estranhas aos nossos ouvidos ocidentais, mas que dão uma sensação de filme de comédia, que fica estranho nas cenas de sofrimento. Os planos também são mais pobres no primeiro filme e a montagem mais crua. Em contra-partida, o filme americano peca ao inventar uma câmera subjetiva de Hachiko, em preto e branco (afinal, a ciência diz que cachorro enxerga assim). Sinceramente, achei-a meio sem sentido no conjunto. Richard Gere está muito bem no papel do professor Wilson. Já Joan Allen não consegue se livrar da visão de antipática de outros filmes. Ela é a única que não queria aceitar Hachiko. Enquanto que no filme japonês é a filha do professor a grande "vilã", se é que podemos chamar assim.

O verdadeiro Hachiko e sua escultura em bronze

Independente da época, da cultura ou do elenco, no entanto, o grande mérito dos filmes é Hachiko e o que ele representa. Amei ver os dois, mesmo que o cão japonês fosse mais quieto e o americano mais agitado. Ambos me emocionaram, me deixaram com um nó na garganta e me fizeram lembrar e sentir saudades do meu cachorrinho Toby, falecido há dez anos, mas que até hoje me traz boas lembranças.


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