O Zelador Animal
Uma praia paradisíaca, um casal em um cavalo, uma garrafa na areia, um bilhete, um pedido de casamento. A descrição poderia ser de qualquer filme romântico da década de 50, mas é apenas o tropeço inicial de uma comédia nem um pouco original, mas de fácil acesso ao público. É Kevin James mais uma vez no papel de um cara desengonçado que precisa de conselhos para conquistar uma garota. Só que agora, em vez de Hitch, ele terá que ouvir macacos, leões, elefantes e um gorila, seu melhor amigo.
Griffin Keyes é o zelador de um zoológico e ama o que faz. Os animais também estão felizes com seus cuidados e preocupação diária. Lá ele tem amigos esquisitos e a companhia de Kate, a bela veterinária vivida por Rosario Dawson, que ajuda no cuidado com os animais. O problema é que ele nunca esqueceu o fora que levou de sua namorada Stephanie, interpretada por Leslie Bibb, que não aceitou casar-se com ele por causa do emprego que exercia. Agora, Griffin precisa mostra seu valor para a garota e vai contar com a ajuda de todos os animais do zoológico que, para seu espanto, conseguem falar normalmente. É importante deixar isso claro, Griffin não é uma espécie de Dr. Dolittle, os animais no filme simplesmente falam igual aos humanos. A questão é que eles preferiram ficar de boca fechada até então.
O roteiro a cinco mãos, isso já é mau sinal, tem inúmeras falhas que mesmo as crianças podem se cansar. A começar, porque os bichos vão querer ajudar seu protetor a ficar com uma mulher que o que longe dali? A lógica deveria ser o contrário, não? Por mais que Stephanie estivesse apaixonada, ela declarou diversas vezes que queria um outro Griffin, não aquele zelador. Os bichos em suas "dicas" amorosas acabam transformando o homem que amam em algo completamente diferente, e assim, distante deles. Isso é tão claro que a óbvia resolução do filme acontece de uma forma tão simples e rápida que já estava ali, na cara de todos. Mas, enfim, isso pode ser uma grande piada dos cinco roteiristas e do diretor Frank Coraci, demonstrando que apesar de falar e aparentemente raciocinar, os animais não são mesmo os seres mais inteligentes do planeta.
Esse argumento é outro problema. É difícil acompanhar bichinhos em live action falando e se portando como seres humanos de uma forma tão natural. Em determinada cena com o gorila Bernie e o zelador Shane fiquei esperando sinceramente que ele desse uma de Caesar de Planeta dos Macacos: A Origem e gritasse "não". Essa sensação só demonstra o quão esquisito é os animais falarem e raciocinarem tão bem, e simplesmente tenham preferido ficar quietos em suas jaulas aceitando o que os humanos lhes dão. Como premissa infantil, no entanto, funciona em muitos momentos. Tem piadas, confusões geradas pelos bichinhos, mas que em determinado momento cansam. As situações são exageradas, repetitivas, caricatas e em alguns trechos quase absurdas como um gorila fazendo sucesso em um bar. Ainda assim, a sequência de sua saída para "curtir" a noite na cidade, rende boas cenas.
O filme é dublado por nomes famosos como Adam Sandler, Nick Nolte, Cher, Sylvester Stallone, e Jon Favreau, mas a ditadura das cópias dubladas que se instalou no país não nos permitiram conferi-las nem mesmo na cabine de imprensa, prejudicando ainda mais a fruição do filme, já que as vozes dubladas tornavam os personagens ainda mais caricatos e tolos. Principalmente a personagem de Leslie Bibb, que é obviamente uma imbecil em todas as cenas em que aparece e chega a irritar, e isso é bom para a história, mas a voz de Rosario Dawson também não fica das melhores. Destaque negativo ainda para a caricata performance do dublador do macaco Donald.
A direção não traz grandes destaques, apenas a cena do casamento do irmão de Griffin que tem um bom jogo de câmeras, na disputa criada, principalmente na cena dos laços que é bem ensaiada e traz uma dinâmica interessante para a trama. Sem contar que deixa ainda mais claro o óbvio do início do filme. Aliás, toda a parte final do casamento é muito boa. Já as cenas de Griffin na concessionária são tolas, como boa parte da trama. Mas, é nesse cenário que tem uma das poucas surpresas, ainda que não muito grande, da história. Vale ainda ressaltar todo o clichê da parte final. Em uma correria tão sem sentido como o restante do filme.
O Zelador Animal, pelo nome, pelo trailer, pela sinopse, já nos avisa a que veio. Não posso dizer que fui desavisada ao cinema. É daqueles filmes bobos americanos, com muito clichê, repetição de situações e muita confusão. As crianças pequenas vão se divertir com as piadas, é verdade, ainda mais com o apelo visual de bichinhos falantes. Mas, não deve mesmo passar disso.
O Zelador Animal (Zookeeper: 2011 / Estados Unidos)
Direção: Frank Coraci
Roteiro: Kevin James, Rock Reuben, Jay Scherick, David Ronn e Nick Bakay
Com: Kevin James, Marcelo Adnet, Rosario Dawson, Nick Nolte.
Duração: 104 min.
Griffin Keyes é o zelador de um zoológico e ama o que faz. Os animais também estão felizes com seus cuidados e preocupação diária. Lá ele tem amigos esquisitos e a companhia de Kate, a bela veterinária vivida por Rosario Dawson, que ajuda no cuidado com os animais. O problema é que ele nunca esqueceu o fora que levou de sua namorada Stephanie, interpretada por Leslie Bibb, que não aceitou casar-se com ele por causa do emprego que exercia. Agora, Griffin precisa mostra seu valor para a garota e vai contar com a ajuda de todos os animais do zoológico que, para seu espanto, conseguem falar normalmente. É importante deixar isso claro, Griffin não é uma espécie de Dr. Dolittle, os animais no filme simplesmente falam igual aos humanos. A questão é que eles preferiram ficar de boca fechada até então.
O roteiro a cinco mãos, isso já é mau sinal, tem inúmeras falhas que mesmo as crianças podem se cansar. A começar, porque os bichos vão querer ajudar seu protetor a ficar com uma mulher que o que longe dali? A lógica deveria ser o contrário, não? Por mais que Stephanie estivesse apaixonada, ela declarou diversas vezes que queria um outro Griffin, não aquele zelador. Os bichos em suas "dicas" amorosas acabam transformando o homem que amam em algo completamente diferente, e assim, distante deles. Isso é tão claro que a óbvia resolução do filme acontece de uma forma tão simples e rápida que já estava ali, na cara de todos. Mas, enfim, isso pode ser uma grande piada dos cinco roteiristas e do diretor Frank Coraci, demonstrando que apesar de falar e aparentemente raciocinar, os animais não são mesmo os seres mais inteligentes do planeta.
Esse argumento é outro problema. É difícil acompanhar bichinhos em live action falando e se portando como seres humanos de uma forma tão natural. Em determinada cena com o gorila Bernie e o zelador Shane fiquei esperando sinceramente que ele desse uma de Caesar de Planeta dos Macacos: A Origem e gritasse "não". Essa sensação só demonstra o quão esquisito é os animais falarem e raciocinarem tão bem, e simplesmente tenham preferido ficar quietos em suas jaulas aceitando o que os humanos lhes dão. Como premissa infantil, no entanto, funciona em muitos momentos. Tem piadas, confusões geradas pelos bichinhos, mas que em determinado momento cansam. As situações são exageradas, repetitivas, caricatas e em alguns trechos quase absurdas como um gorila fazendo sucesso em um bar. Ainda assim, a sequência de sua saída para "curtir" a noite na cidade, rende boas cenas.
O filme é dublado por nomes famosos como Adam Sandler, Nick Nolte, Cher, Sylvester Stallone, e Jon Favreau, mas a ditadura das cópias dubladas que se instalou no país não nos permitiram conferi-las nem mesmo na cabine de imprensa, prejudicando ainda mais a fruição do filme, já que as vozes dubladas tornavam os personagens ainda mais caricatos e tolos. Principalmente a personagem de Leslie Bibb, que é obviamente uma imbecil em todas as cenas em que aparece e chega a irritar, e isso é bom para a história, mas a voz de Rosario Dawson também não fica das melhores. Destaque negativo ainda para a caricata performance do dublador do macaco Donald.
A direção não traz grandes destaques, apenas a cena do casamento do irmão de Griffin que tem um bom jogo de câmeras, na disputa criada, principalmente na cena dos laços que é bem ensaiada e traz uma dinâmica interessante para a trama. Sem contar que deixa ainda mais claro o óbvio do início do filme. Aliás, toda a parte final do casamento é muito boa. Já as cenas de Griffin na concessionária são tolas, como boa parte da trama. Mas, é nesse cenário que tem uma das poucas surpresas, ainda que não muito grande, da história. Vale ainda ressaltar todo o clichê da parte final. Em uma correria tão sem sentido como o restante do filme.
O Zelador Animal, pelo nome, pelo trailer, pela sinopse, já nos avisa a que veio. Não posso dizer que fui desavisada ao cinema. É daqueles filmes bobos americanos, com muito clichê, repetição de situações e muita confusão. As crianças pequenas vão se divertir com as piadas, é verdade, ainda mais com o apelo visual de bichinhos falantes. Mas, não deve mesmo passar disso.
O Zelador Animal (Zookeeper: 2011 / Estados Unidos)
Direção: Frank Coraci
Roteiro: Kevin James, Rock Reuben, Jay Scherick, David Ronn e Nick Bakay
Com: Kevin James, Marcelo Adnet, Rosario Dawson, Nick Nolte.
Duração: 104 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Zelador Animal
2011-10-08T09:23:00-03:00
Amanda Aouad
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