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Prometheus
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Perguntas que sempre assolaram a humanidade e que respostas só são possíveis através da fé. A ciência tentou, mas até hoje não conseguiu uma fórmula perfeita para comprovar qualquer teoria. E é em busca dessa prova que os cientistas Elizabeth Shaw e Charlie Holloway convencem uma companhia a investir em uma viagem intergaláctica. O resultado não deixa de ser interessante, mas poderia ser muito melhor.
Uma nave parte da Terra com dezessete tripulantes e uma missão secreta. Após uma viagem de dois anos, chegam a um planeta desconhecido onde possivelmente é a localização de nossos criadores. Pelo menos é essa a crença de Elizabeth e Charlie, interpretados por Noomi Rapace e Logan Marshall-Green. Na nave, além dos peões necessários, cada um em sua especialidade (piloto, geólogo, etc), temos uma representante da companhia que financia o projeto, vivida por Charlize Theron e um robô, interpretado por Michael Fassbender. Porém, na exploração do planeta e do que seriam esses engenheiros, há uma descoberta perigosa para a raça humana.
Prometheus pode não ser um marco na ficção científica do cinema mundial, mas traz elementos interessantes para a ampliação de algumas teorias e da própria série iniciada pelo mesmo Ridley Scott em 1979. O diretor demonstra ainda, que tem fôlego para reconstruir seus próprios mitos e efeitos de imersão do público. Toda a projeção é sombria, forte, intensa, com uma iminente sensação de perigo constante. O problema é que, de Ridley Scott, sempre esperamos mais e a filosofia do filme não se desenvolve tanto quanto prometia.
O prólogo já possui um impacto intenso. O início da vida na Terra, o jogo genético evolutivo em uma sequência bela e assustadora. A fotografia trabalha a escolha do local, as cataratas, a força da água, a forma como a câmera se aproxima do ser e o mergulho. Como se nós mesmos estivéssemos mergulhando junto com ele para imergir no filme que começava. As explicações iniciais das escavações também são rápidas e funcionais, para começar de fato, a jornada na nave Prometheus.
A própria explicação do nome, justificando que Prometheus queria dividir os conhecimentos dos deuses com os homens, é um ponto de partida interessante. Uma boa ficção científica questiona valores e discute a sociedade em que vive com ares futuristas. Parece que estávamos carentes de filosofias e tramas mais embasadas em uma época em que o visual e os efeitos dominam as telas de cinema em roteiros rasos. Este, por si só, já é um ponto positivo do filme.
Mas, esta é apenas uma camada estratégica do roteiro que foca muito mais na criação de efeitos de suspense que qualquer outra coisa. A própria explicação que Elizabeth Shaw busca perde força diante do medo. "Pouco importa", diria o robô David, porque, como ela mesmo aprendeu, o que importa é o que você escolhe acreditar. Então, Ridley Scott foca sua câmera em construir a tensão daquela expedição, os perigos que enfrenta, a vulnerabilidade de seus componentes. E mais do que a origem da humanidade, ficamos curiosos com a origem de outra raça conhecida, pelo menos nos cinemas, perdendo a força do promissor argumento.
As cenas dentro da caverna são construídas com a tensão necessária. As descobertas que vão sendo feitas aos poucos, a revelação do "ninho" das criaturas, o recurso para perceber o que aconteceu no passado e a forma como vão sendo encurralados. Tudo é bem planejado. Há cena de agonias profundas, como uma protagonizada por Noomi Rapace em determinada máquina e outras intensas como uma certa escolha perto do clímax.
O elenco cumpre seu papel, com Noomi Rapace comprovando com sua primeira protagonista em Hollywood que não era apenas uma promessa sueca, já que em Sherlock Holmes sua participação não disse muito. Michael Fassbender e Charlize Theron também consegue dar um construção fria necessária para seus personagens, enquanto Guy Pearce consegue uma ótima composição física para o moribundo que interpreta.
Com referências e ligações bem pensadas e arquitetadas, Prometheus se torna mais do que um prequel de uma famosa série. Ele expande o universo daquela história, nos dando outras perspectivas e tramas a serem exploradas. Abre espaço até mesmo para continuações. Não explica o universo, não nos traz uma inovação cinematográfica, nem mesmo se torna uma referência com um roteiro bem elaborado, mas nos oferece uma trama consistente e bem produzida que satisfaz, apesar de dar a sensação de que poderia ser muito melhor.
Prometheus (Prometheus, 2012)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Jon Spaihts e Damon Lindelof
Com: Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Logan Marshall-Green e Guy Pearce
Duração: 124 min.
Uma nave parte da Terra com dezessete tripulantes e uma missão secreta. Após uma viagem de dois anos, chegam a um planeta desconhecido onde possivelmente é a localização de nossos criadores. Pelo menos é essa a crença de Elizabeth e Charlie, interpretados por Noomi Rapace e Logan Marshall-Green. Na nave, além dos peões necessários, cada um em sua especialidade (piloto, geólogo, etc), temos uma representante da companhia que financia o projeto, vivida por Charlize Theron e um robô, interpretado por Michael Fassbender. Porém, na exploração do planeta e do que seriam esses engenheiros, há uma descoberta perigosa para a raça humana.
Prometheus pode não ser um marco na ficção científica do cinema mundial, mas traz elementos interessantes para a ampliação de algumas teorias e da própria série iniciada pelo mesmo Ridley Scott em 1979. O diretor demonstra ainda, que tem fôlego para reconstruir seus próprios mitos e efeitos de imersão do público. Toda a projeção é sombria, forte, intensa, com uma iminente sensação de perigo constante. O problema é que, de Ridley Scott, sempre esperamos mais e a filosofia do filme não se desenvolve tanto quanto prometia.
O prólogo já possui um impacto intenso. O início da vida na Terra, o jogo genético evolutivo em uma sequência bela e assustadora. A fotografia trabalha a escolha do local, as cataratas, a força da água, a forma como a câmera se aproxima do ser e o mergulho. Como se nós mesmos estivéssemos mergulhando junto com ele para imergir no filme que começava. As explicações iniciais das escavações também são rápidas e funcionais, para começar de fato, a jornada na nave Prometheus.
A própria explicação do nome, justificando que Prometheus queria dividir os conhecimentos dos deuses com os homens, é um ponto de partida interessante. Uma boa ficção científica questiona valores e discute a sociedade em que vive com ares futuristas. Parece que estávamos carentes de filosofias e tramas mais embasadas em uma época em que o visual e os efeitos dominam as telas de cinema em roteiros rasos. Este, por si só, já é um ponto positivo do filme.
Mas, esta é apenas uma camada estratégica do roteiro que foca muito mais na criação de efeitos de suspense que qualquer outra coisa. A própria explicação que Elizabeth Shaw busca perde força diante do medo. "Pouco importa", diria o robô David, porque, como ela mesmo aprendeu, o que importa é o que você escolhe acreditar. Então, Ridley Scott foca sua câmera em construir a tensão daquela expedição, os perigos que enfrenta, a vulnerabilidade de seus componentes. E mais do que a origem da humanidade, ficamos curiosos com a origem de outra raça conhecida, pelo menos nos cinemas, perdendo a força do promissor argumento.
As cenas dentro da caverna são construídas com a tensão necessária. As descobertas que vão sendo feitas aos poucos, a revelação do "ninho" das criaturas, o recurso para perceber o que aconteceu no passado e a forma como vão sendo encurralados. Tudo é bem planejado. Há cena de agonias profundas, como uma protagonizada por Noomi Rapace em determinada máquina e outras intensas como uma certa escolha perto do clímax.
O elenco cumpre seu papel, com Noomi Rapace comprovando com sua primeira protagonista em Hollywood que não era apenas uma promessa sueca, já que em Sherlock Holmes sua participação não disse muito. Michael Fassbender e Charlize Theron também consegue dar um construção fria necessária para seus personagens, enquanto Guy Pearce consegue uma ótima composição física para o moribundo que interpreta.
Com referências e ligações bem pensadas e arquitetadas, Prometheus se torna mais do que um prequel de uma famosa série. Ele expande o universo daquela história, nos dando outras perspectivas e tramas a serem exploradas. Abre espaço até mesmo para continuações. Não explica o universo, não nos traz uma inovação cinematográfica, nem mesmo se torna uma referência com um roteiro bem elaborado, mas nos oferece uma trama consistente e bem produzida que satisfaz, apesar de dar a sensação de que poderia ser muito melhor.
Prometheus (Prometheus, 2012)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Jon Spaihts e Damon Lindelof
Com: Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Logan Marshall-Green e Guy Pearce
Duração: 124 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Prometheus
2012-06-15T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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