
É interessante como Stephen King mistura o comum com o extraordinário de uma forma tão fluida. E o roteirista Raynold Gideon consegue desenvolver bem essa aventura nos apresentando os personagens e dosando seus entraves particulares, com a motivação maior daquela trama específica.
Gordie, Chris, Teddy e Vern são quatro amigos bem diferentes, cada um com seus problemas e particularidades. Conseguimos ver isso desde a cena na casa na árvore. Claro que a voz over do narrador ajuda, mas as reações e atitudes dos quatro também falam muito. Principalmente dos dois protagonistas, Gordie vivido por Wil Wheaton e Chris, vivido por River Phoenix. Cada um em sua própria rejeição familiar consegue sobreviver e desejar algo além. Apesar de Chris saber que não tem um futuro muito promissor, enquanto que seu amigo Gordie tem chances de ser alguém, basta não acreditar nas bobagens que o pai fala, sempre o comparando com o irmão morto.


Há perigos na estrada. Alguns reais, outros imaginários. Há tensão no caminho, principalmente envolvendo trens. Há descobertas e momentos compartilhados. A forma como eles vão cuidando um dos outros e se auto-gerindo é por si só uma grande aventura. Não por acaso, Chris e Gordie acabam se aproximando mais, trocando confidências e desabafando em momentos-chave emocionantes.

Conta Comigo é uma grande fábula. Um filme símbolo de gerações que nos dá o tempo inteiro um tom reflexivo. Não por acaso é construído com um narrador que está no futuro rememorando acontecimentos marcantes de sua vida. Ele tem uma função importante na forma de contar aquela história, que não nos deixa perder o foco. E isso acaba nos deixando a dúvida se o escritor que ouvimos é de fato Gordie, ou ele e seus amigos são apenas frutos de sua imaginação. Mas, isso também não faz muita diferença.
Conta Comigo (Stand by Me, 1986, EUA)
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Raynold Gideon
Com: Wil Wheaton, River Phoenix, Jerry O'Connell, Corey Feldman e Kiefer Sutherland
Duração: 89 min.