Home
Adrien Brody
aventura
Bill Murray
comedia
critica
Edward Norton
Jason Schwartzman
Jeff Goldblum
Jude Law
oscar 2015
Owen Wilson
Ralph Fiennes
Tilda Swinton
Tony Revolori
Wes Anderson
Willem Dafoe
O Grande Hotel Budapeste
O Grande Hotel Budapeste
Certa vez, descrevi o estilo de Wes Anderson como "meio nonsense, excêntrico, com uma estética retrô, cores vivas e uma eterna ironia ingênua em sua visão de mundo". Em Grande Hotel Budapeste, este é mais do que o estilo do diretor, é o mundo não mais existente de seu protagonista.
M. Gustave é o lendário concierge do Grande Hotel Budapeste, localizado na fictícia República de Zubrowka. Interpretado por Ralph Fiennes, este homem sensível nos traz um frescor de uma época perdida, onde a poesia e a humanidade eram maiores que a ganância e a guerra. Mas, esse mundo não existe mais, a não ser nas atitudes de Gustave e na tentativa de manter o Hotel em ordem. O problema é que a dona do local é assassinada e em seu testamento deixava para ele um valioso quadro renascentista e sua família não gosta da decisão, acusando-o do assassinato. Ao lado do fiel Zero Moustafa, ele tentará provar sua inocência, enquanto ainda acredita nesse mundo inexistente.
Na verdade, o parágrafo acima é apenas parte da sinopse, pois o roteiro de Wes Anderson e Hugo Guinness vai além de uma história linear bem contata. Misturando épocas, estilos e a técnica da história dentro da história que está dentro da história. Temos uma análise mais ampla daquilo que iremos assistir, iniciando com o autor da trama apresentando suas memórias sobre o hotel e de quando ele esteve por lá conversando com o dono do local, o misterioso Mr. Moustafa. Através do encontro e conversa de ambos, vamos conhecer a verdadeira história, quando este senhor era apenas Zero, o mensageiro do hotel, treinado por Gustave.
Apesar de histórias dentro da outra, em nenhum momento o roteiro é confuso. Pelo contrário, tudo flui de maneira bastante harmônica, principalmente pela técnica de guiar o público através da narrativa direta. Tom Wilkinson, o narrador principal, inicia se apresentando e resumindo a história que iremos assistir olhando diretamente para a câmera. Sua representação mais jovem, vivida por Jude Law também fala constantemente olhando para a câmera, nos conduzindo no decorrer da história. Quando passamos para a década de trinta, o narrador personagem some, acompanhando apenas a encenação.
Entra o mundo maravilhoso de Wes Anderson, ou melhor, de M. Gustave, onde uma ironia cênica nos conduz em críticas contundentes à natureza humana. O hotel é uma espécie de elo perdido em meio a um mundo de guerra iminente. As cores do hotel, principalmente do elevador. Os figurinos dos hóspedes, a rotina local, o perfume obrigatório, os discursos de Gustave e a poesia. Cada coisa traz um toque especial àquele mundo. As poesias e visão, inclusive, são inspiradas na obra de Stefan Zweig escritor e poeta judeu que veio morrer no Brasil em meio à Segunda Guerra Mundial.
A vida e a atmosfera do filme se completam com as ótimas interpretações do elenco. Aliás, que elenco estelar, com participações mais do que especiais como a de Bill Murray, parceiro do diretor. Todos estão muito bem em seus personagens, mas não há como não destacar Willem Dafoe como um psicopata que persegue Gustave a mando da família da morta. E o próprio Ralph Fiennes como o concierge. Ambos em proporções distintas acabam atingindo uma veia cômica incrível diante da construção insólita das situações que representam. A cena do mosteiro, por exemplo, é sensacional. Outro destaque vai para o jovem Tony Revolori, que faz um incrível Zero.
A mirabolante trama do quadro roubado, do testamento perdido e do possível assassinato ganha dimensões maiores com passagens pela prisão, perseguição nas ruas e diversas reviravoltas que vão além do esperado. E isso é o que mais fascina em O Grande Hotel Budapeste. Depois de tudo, Wes Anderson ainda nos surpreende.
O Grande Hotel Budapeste é um filme homenagem. Um resgate de uma Belle Époque perdida em um mundo imaginário e cheio de surpresas que nos envolve e diverte. E até mesmo emociona e faz pensar.
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, 2014 / EUA / Alemanha)
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson e Hugo Guinness
Com: Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Jude Law, Mathieu Amalric, Willem Dafoe, Owen Wilson, Edward Norton, Tilda Swinton, Adrien Brody, Jeff Goldblum, Jason Schwartzman, Bill Murray
Duração: 100 min.
M. Gustave é o lendário concierge do Grande Hotel Budapeste, localizado na fictícia República de Zubrowka. Interpretado por Ralph Fiennes, este homem sensível nos traz um frescor de uma época perdida, onde a poesia e a humanidade eram maiores que a ganância e a guerra. Mas, esse mundo não existe mais, a não ser nas atitudes de Gustave e na tentativa de manter o Hotel em ordem. O problema é que a dona do local é assassinada e em seu testamento deixava para ele um valioso quadro renascentista e sua família não gosta da decisão, acusando-o do assassinato. Ao lado do fiel Zero Moustafa, ele tentará provar sua inocência, enquanto ainda acredita nesse mundo inexistente.
Na verdade, o parágrafo acima é apenas parte da sinopse, pois o roteiro de Wes Anderson e Hugo Guinness vai além de uma história linear bem contata. Misturando épocas, estilos e a técnica da história dentro da história que está dentro da história. Temos uma análise mais ampla daquilo que iremos assistir, iniciando com o autor da trama apresentando suas memórias sobre o hotel e de quando ele esteve por lá conversando com o dono do local, o misterioso Mr. Moustafa. Através do encontro e conversa de ambos, vamos conhecer a verdadeira história, quando este senhor era apenas Zero, o mensageiro do hotel, treinado por Gustave.
Apesar de histórias dentro da outra, em nenhum momento o roteiro é confuso. Pelo contrário, tudo flui de maneira bastante harmônica, principalmente pela técnica de guiar o público através da narrativa direta. Tom Wilkinson, o narrador principal, inicia se apresentando e resumindo a história que iremos assistir olhando diretamente para a câmera. Sua representação mais jovem, vivida por Jude Law também fala constantemente olhando para a câmera, nos conduzindo no decorrer da história. Quando passamos para a década de trinta, o narrador personagem some, acompanhando apenas a encenação.
Entra o mundo maravilhoso de Wes Anderson, ou melhor, de M. Gustave, onde uma ironia cênica nos conduz em críticas contundentes à natureza humana. O hotel é uma espécie de elo perdido em meio a um mundo de guerra iminente. As cores do hotel, principalmente do elevador. Os figurinos dos hóspedes, a rotina local, o perfume obrigatório, os discursos de Gustave e a poesia. Cada coisa traz um toque especial àquele mundo. As poesias e visão, inclusive, são inspiradas na obra de Stefan Zweig escritor e poeta judeu que veio morrer no Brasil em meio à Segunda Guerra Mundial.
A vida e a atmosfera do filme se completam com as ótimas interpretações do elenco. Aliás, que elenco estelar, com participações mais do que especiais como a de Bill Murray, parceiro do diretor. Todos estão muito bem em seus personagens, mas não há como não destacar Willem Dafoe como um psicopata que persegue Gustave a mando da família da morta. E o próprio Ralph Fiennes como o concierge. Ambos em proporções distintas acabam atingindo uma veia cômica incrível diante da construção insólita das situações que representam. A cena do mosteiro, por exemplo, é sensacional. Outro destaque vai para o jovem Tony Revolori, que faz um incrível Zero.
A mirabolante trama do quadro roubado, do testamento perdido e do possível assassinato ganha dimensões maiores com passagens pela prisão, perseguição nas ruas e diversas reviravoltas que vão além do esperado. E isso é o que mais fascina em O Grande Hotel Budapeste. Depois de tudo, Wes Anderson ainda nos surpreende.
O Grande Hotel Budapeste é um filme homenagem. Um resgate de uma Belle Époque perdida em um mundo imaginário e cheio de surpresas que nos envolve e diverte. E até mesmo emociona e faz pensar.
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, 2014 / EUA / Alemanha)
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson e Hugo Guinness
Com: Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Jude Law, Mathieu Amalric, Willem Dafoe, Owen Wilson, Edward Norton, Tilda Swinton, Adrien Brody, Jeff Goldblum, Jason Schwartzman, Bill Murray
Duração: 100 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Grande Hotel Budapeste
2014-07-02T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Adrien Brody|aventura|Bill Murray|comedia|critica|Edward Norton|Jason Schwartzman|Jeff Goldblum|Jude Law|oscar 2015|Owen Wilson|Ralph Fiennes|Tilda Swinton|Tony Revolori|Wes Anderson|Willem Dafoe|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
mais populares do blog
-
Pier Paolo Pasolini , um mestre da provocação e da subversão, apresenta em Teorema (1968) uma obra que desafia não apenas a moralidade burg...
-
Em um cenário gótico banhado em melancolia, O Corvo (1994) emerge como uma obra singular no universo cinematográfico. Dirigido por Alex Pro...
-
Matador de Aluguel (1989), dirigido por Rowdy Herrington , é um filme de ação dos anos 80 . Uma explosão de adrenalina, pancadaria e tensão...
-
Einstein e a Bomba é um documentário que vem causando alvoroço desde seu lançamento pela Netflix em parceria com a BBC . Nesta obra, diri...
-
Quando a produção de As Marvels foi anunciada, tive alguns receios. Não por desconfiar da capacidade das protagonistas femininas, mas sim p...