Tempos de paz
Daniel Filho ainda é visto como um homem de televisão, não é para menos. Sua carreira se confunde com a da Rede Globo de Telecomunicações, onde ajudou a criar o tal "padrão Globo de Qualidade". Desde que saiu para montar sua produtora de cinema, tem feito filmes populares, com atores "globais" e um certo vício televisivo. Mas, não se pode deixar de reconhecer um esforço para criar uma indústria cinematográfica no país. Como ele mesmo falou em entrevista para o JB todos os seus filmes se pagaram. E ele assinou o maior sucesso de bilheteria da retomada do cinema nacional: Se eu fosse você 2. É um fenômeno que não deve passar em branco.
Agora, Daniel se prepara para estrear em maio o seu filme mais autoral. Tempos de Paz é baseado na peça Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil, que ganhou Prêmio Shell de melhor autor, atores e iluminação. É um filme denso, com uma mensagem forte e focada em apenas dois personagens. Daniel chegou a compará-lo aos filmes de Bergman e sua tensão psicológica. Se ele conseguir metade da magia dos filmes do aclamado diretor, o cinema nacional agradece.
A mensagem do filme, segundo o autor é: qual a função da arte num mundo tão conturbado quanto o nosso? A história conta o encontro entre um torturador do governo Vargas com um ex-ator polonês confundido com um nazista. Tudo se passa em 18 de abril de 1945. Os combates já cessavam na Europa, mas o Brasil ainda se encontrava tecnicamente em guerra. O embate se desenrola na sala de imigração do Porto do Rio de Janeiro. A peça retrata um período crítico e fala de maniqueísmo e de luta pela vida.
Tony Ramos e Dan Stulbach são dois grandes atores, fizeram a peça e agora levarão a história para as telas. Mesmo marcados pela televisão é fato que podem fazer um grande trabalho, já que o estilo é propício. Como Daniel Filho irá levar este embate para as telas é algo que deixa uma curiosidade e uma torcida para que bons filmes possam ser feitos no país e, nem por isso, amarguem bilheterias insignificantes.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Tempos de paz
2009-03-13T09:51:00-03:00
Amanda Aouad
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