Os Falsários
Com o dinheiro judeu bancando o Oscar é fácil apostar que filmes sobre o holocausto sempre irão figurar entre os vencedores. Mas, o vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro é de fato um bom filme. Não sei se o melhor, já que pessoalmente, gostei muito mais do inusitado Valsa com Bashir, mesmo assim merece ser visto.
A trama é baseada na história real da "Operação Bernhard". Uma ação do governo alemão, utilizando presos dos campos de concentração para falsificar dinheiro inglês e americano, na tentativa de desestabilizar os cofres inimigos e vencer a guerra. A verdade é que os alemães estavam com dificuldades financeiras e dinheiro falso os ajudaria também a comprar subsídios para luta.
Parece que o cinema alemão está tentando de toda forma limpar a imagem do nazismo de sua história, resgatando temas heróicos pouco conhecidos do resto do mundo. O primeiro passo foi Operação Valquíria, refilmado por Hollywood com Tom Cruise no papel principal. Agora, em Os Falsários, ele levanta a questão ética dos prisioneiros, que mesmo ameaçados pelo horror dos campos e o eminente fuzilamento, conseguem boicotar a operação, retardando a produção de dólar falso, ao se recusar a ajudar o nazismo a vencer a guerra. A questão é: o que vem primeiro, a própria sobrevivência ou a questão mundial? Que adianta sobreviver naquelas situação e manter o nazismo no poder?
Stefan Ruzowitzky consegue uma direção limpa, não mostrando apenas o horror dos campos de concentração como a questão ética, principalmente na figura do seu protagonista, o falsário Salomon Sorowitsch, vivido muito bem pelo ator Karl Markovics. Acostumado a pequenos golpes, Sally (como é conhecido) acaba preso pelo governo alemão e levado ao campo de concentração. Lá, começa a sobreviver pintando quadros de oficiais em troca de pequenas regalias. Ao ser transferido para Sachsenhausen, onde será o coordenador das falsificações, ele conhece outras histórias e começa a ser humanizado, mostrando valores éticos e códigos de honra próprios.
A direção peca um pouco, apenas na textura cinza, já comum e batida dos campos de concentração, assim como alguns momentos em que procura criar suspense e ação, como se quisesse inserir o filme no gênero de guerra. Porém, Os Falsários não é um filme de guerra, é um drama humano que tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. Não precisa ser mais do que isso. O roteiro com uma narrativa não linear no início e final, ajuda a criar um clima para a questão principal do filme, assim como construir uma empatia com o personagem Sally. Apenas um detalhe no final acaba tirando um pouco do brilho do mesmo.
Como os letreiros finais gostam de lembrar "A Operação Bernhard" imprimiu 134 milhões de libras, o equivalente a três vezes a reserva dos cofres britânicos, mas o retardamento da produção do dólar ajudou a enfraquecer a operação, ajudando no resultado da guerra. Fica a questão: é certo pôr em risco todo um ideal e bem estar mundial pela sobrevivência própria? O filme deixa que o espectador pense no que faria se estivesse no lugar desses prisioneiros. Difícil de imaginar, mesmo assim vale um exercício de consciência.
A trama é baseada na história real da "Operação Bernhard". Uma ação do governo alemão, utilizando presos dos campos de concentração para falsificar dinheiro inglês e americano, na tentativa de desestabilizar os cofres inimigos e vencer a guerra. A verdade é que os alemães estavam com dificuldades financeiras e dinheiro falso os ajudaria também a comprar subsídios para luta.
Parece que o cinema alemão está tentando de toda forma limpar a imagem do nazismo de sua história, resgatando temas heróicos pouco conhecidos do resto do mundo. O primeiro passo foi Operação Valquíria, refilmado por Hollywood com Tom Cruise no papel principal. Agora, em Os Falsários, ele levanta a questão ética dos prisioneiros, que mesmo ameaçados pelo horror dos campos e o eminente fuzilamento, conseguem boicotar a operação, retardando a produção de dólar falso, ao se recusar a ajudar o nazismo a vencer a guerra. A questão é: o que vem primeiro, a própria sobrevivência ou a questão mundial? Que adianta sobreviver naquelas situação e manter o nazismo no poder?
Stefan Ruzowitzky consegue uma direção limpa, não mostrando apenas o horror dos campos de concentração como a questão ética, principalmente na figura do seu protagonista, o falsário Salomon Sorowitsch, vivido muito bem pelo ator Karl Markovics. Acostumado a pequenos golpes, Sally (como é conhecido) acaba preso pelo governo alemão e levado ao campo de concentração. Lá, começa a sobreviver pintando quadros de oficiais em troca de pequenas regalias. Ao ser transferido para Sachsenhausen, onde será o coordenador das falsificações, ele conhece outras histórias e começa a ser humanizado, mostrando valores éticos e códigos de honra próprios.
A direção peca um pouco, apenas na textura cinza, já comum e batida dos campos de concentração, assim como alguns momentos em que procura criar suspense e ação, como se quisesse inserir o filme no gênero de guerra. Porém, Os Falsários não é um filme de guerra, é um drama humano que tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. Não precisa ser mais do que isso. O roteiro com uma narrativa não linear no início e final, ajuda a criar um clima para a questão principal do filme, assim como construir uma empatia com o personagem Sally. Apenas um detalhe no final acaba tirando um pouco do brilho do mesmo.
Como os letreiros finais gostam de lembrar "A Operação Bernhard" imprimiu 134 milhões de libras, o equivalente a três vezes a reserva dos cofres britânicos, mas o retardamento da produção do dólar ajudou a enfraquecer a operação, ajudando no resultado da guerra. Fica a questão: é certo pôr em risco todo um ideal e bem estar mundial pela sobrevivência própria? O filme deixa que o espectador pense no que faria se estivesse no lugar desses prisioneiros. Difícil de imaginar, mesmo assim vale um exercício de consciência.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Os Falsários
2009-06-24T19:27:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|Stefan Ruzowitzky|
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